Estou devendo o dízimo e estou me dando mal
—–Original Message—–
From: Estou devendo o dízimo e estou me dando mal
Sent: sexta-feira, 26 de setembro de 2003
To: [email protected]
Subject: Estou com a mente confusa demais
Mensagem:
Caro Caio,
Desculpe incomodá-lo mais uma vez, mas por favor me oriente.
Há muito tempo tomei nojo de igreja por motivos que não convém explicitá-los.
Cansei de religião. Perdi a vontade ir para a igreja.
Sou convertido há 6 anos, casado há cinco anos, tenho 24 anos e desde que comecei a trabalhar e receber salário, sempre fui dizimista fiel.
Porém, muita vezes deixei de realizar meus sonhos e me privei de muita coisa, em prol da entrega do dízimo. Trabalho em uma multinacional e tenho um bom salário, e sei que foi e é, pela graça de Deus, que tenho este trabalho.
Antes até achava que era pelo fato de ser dizimista que consegui este bom emprego, mas depois que a graça alcançou meu coração, reconheci que foi por pura vontade de Deus.
Mês passado comprei um carro e o orçamento deste mês “apertou”.
Tive que trancar meu curso de inglês, e inglês é fundamental na minha carreira profissional.
Pela primeira vez desde que me converti, não tenho condições de dar o dízimo; ou melhor tenho condições, mas se eu assim fizer, vou ficar devendo a outros, e temo que isto vire uma bola de neve em função dos juros.
Confesso que me sinto num beco sem saída. Não consigo dormir direito. Penso nesse caso dia e noite e chego a ficar com dor de cabeça. Sonho com coisas desconexas.
Tive três sonhos seguidos: Da primeira vez sonhei que fazia amor com a minha esposa na sala, mas minha esposa estava cega. Da segunda vez, sonhei que pegava um ônibus, mas passava do ponto de onde deveria soltar; e ontem sonhei que Deus falava comigo, mas não consegui entender o que Deus dizia.
Acordei desesperado.
Tá tudo confuso e embaçado.
Já pensei em me desfazer do carro para afrouxar o orçamento, mas não sei se é a melhor opção, pois o esforço foi grande para conquistá-lo.
Sempre sonhei com um carro, e agora que consegui, parece que vou ter que perdê-lo.
Li vários dos seus artigos sobre o dízimo e concordo plenamente com cada um deles. Também creio com a mente que dízimo não é obrigação, mas o meu coração tá doendo porque este mês não vou conseguir dar o dízimo.
Se eu contribuir com o que puder, o orçamento é viável, mas seu eu dizimar vou ficar no vermelho.
Sinto medo, minha mente tá confusa, e sinto uma dor de cabeça terrível em função disto.
Por favor, tão somente me oriente.
Desculpe incomodá-lo.
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Meu amigo: Paz e Boa Vontade!
Meu amigo, querido: dar é um privilégio da gratidão, fruto de uma consciência cheia de reconhecimento e de alegria.
Deus ama a quem dá com alegria.
O “dizimo” não uma prestação, uma mensalidade celestial pra gente ter garantia de bons negócios.
Leia aqui no Site o texto “São Malaquias e o Dinheiro dos Crentes”.
O princípio bíblico é o da Gratidão.
Graça gera gratidão e alegria.
Você prosperou porque Deus abriu portas e você entrou. Mas não foi uma “aquisição” de nada.
Graça é sempre favor imerecido.
O que está acontecendo a você não tem nada a ver com sua “divida mensal com o dízimo”, mas sim com sua falta de alegria e de gratidão.
Você mesmo confessou que está passando por um tempo “seco” em sua alma.
É essa falta de alegria e de gratidão é aquilo que destrói o “ambiência positiva” em volta de nós.
Tudo muda antes e sempre dentro de nós.
O Salmo 84 diz que aquele que anda na alegria do Senhor “vai indo de força em força” e transforma “lugares áridos em mananciais de bênçãos”; assim é que ele cava “poços do deserto”, e também de “bênçãos os cobrem e enchem as primeiras chuvas”.
No livro de Números a gente vê aquele episódio no qual Deus manda Moisés reunir o povo e cantar, isso quando faltou água.
Eles cantaram—Brota, ó poço…—e a água veio.
O que estou dizendo com isso?
Que há um poder nas palavras?
Que cânticos são mágicos?
Claro que não!
O que estou dizendo é que a gratidão e a alegria em Deus abrem poços no deserto.
Apenas isto!
Se eu fosse você iria até a causa desse falta de alegria e gratidão. Aí é que reside o problema.
Veja do que é que você anda de saco cheio. Pode ser que seja de você mesmo. Seja honesto e vá fundo, diante de Deus.
Eu também re-ordenaria minhas prioridades.
Será que esse carro estava na hora?
Muitas vezes a gente não faz as contas direito e põe a culpa em Deus.
Deus não é o seu contador.
E não deu ordens para você comprar um carro.
O importante na vida é a gente saber que Deus “deixa”.
Mas nós temos que saber que nós é que “fazemos” as coisas. Deus não é office-boy de ninguém, nem o CEO da companhia que você trabalha.
O que está faltando, portanto, é alegria.
Deus ama a quem dá com alegria, não com constrangimento.
Então, não “pague” mais o dízimo. Ao contrario, devolva, como culto de gratidão, aquilo que você recebe de Graça.
E isso não tem que ser como uma “mensalidade”.
Deus não põe o nome de ninguém no SPC celestial.
E mais: não misture as cobranças da “igreja” com mandamentos de Deus.
A “igreja” cobra o dizimo porque ela precisa do dinheiro.
No Salmo 50 Deus diz: Eu sou o dono de tudo!
Então, dê com gratidão, não como obrigação.
Como obrigação, é melhor não dar nada.
Afinal, sem amor, nada disso lhe aproveitará!
Agora vamos aos três sonhos.
Bem, você falou em “seus sonhos” e como adiou a muitos deles na vida. Depois concluiu que o “carro era um sonho” realizado.
Então, vem e me conta três sonhos. Leia-os:
Da primeira vez sonhei que fazia amor com a minha esposa na sala, mas minha esposa estava cega. Da segunda vez, sonhei que pegava um ônibus, mas passava do ponto de onde deveria soltar; e ontem sonhei que Deus falava comigo, mas não consegui entender o que Deus dizia.
Ora, em todos eles você está lidando com questões de “percepção”: amor, mas sem visão; transporte, mas fora do ponto; voz, mas não consegue entender.
Portanto, é claro: você está lidando com a periferia das coisas, não com a essência delas. E, me parece que isso descreve bem seu atual estado. Você sonha com o que não tem valor. Sua falta de alegria e gratidão é uma reclamação de sua alma por valores, percepções e profundidade!
Volte-se para o que tem valor!
Carro, meu amigo, o ladrão rouba. Mas na Graça você tem um tesouro nos céus!
Um beijão,
Caio