EU CONFESSO QUE CAIO
Todos os dias descubro o quão cheio de mim mesmo eu sou.
Nego o “si-mesmo”, mas o eu-mesmo se disfarça de outras coisas.
O meu “eu-mesmo”, que é o si-mesmo estrebuchante…, aparece muito como síndrome do eu-real, porém, cheio de cansaços, especialmente com a burrice ou a impropriedade.
Meu eu-mesmo pode irritar-se até pelo que não viu…, costuma se exaurir pelo que seja burro ou impróprio, ou excessivamente distraído, ou cansativo, ao chato, ou previsivelmente evitável, ou sem propósito…
Meu eu-mesmo abomina os espontaneismos atropelantes perpetrados contra a minha alma… Fica exaurido com o descuido que fere, com a ingenuidade que afirma o que não sabe, com as certezas simplificantes e sem necessidade, com as complexidades igualmente desnecessárias. Desfalece ante acontecimentos pequenos feitos imensos; ou o oposto: fatos imensos feitos pequenos…
Pouca coisa mais ofende o meu eu-mesmo do que memória seletiva; quando o mal fica horrível para sempre, mesmo que tenha havido bons momentos; ou o oposto: longos e constantes mal vivencias esquecidas pela fantasia de episódios supostamente bons…
Graças a Deus identifico o meu “si-mesmo” no seu disfarce de “eu-mesmo”, pois, caso não o fizesse, morreria cansado e irritado; e pior: achando que a culpa era dos outros.
Graças também a Deus pela Luz que ilumina a escuridade e que nada mais é do que a verdade que liberta pelo patenteamento da realidade interior.
Nele é que faço esta confissão de desejo de ser apenas eu, Nele, e nada mais,
Caio
16 de abril de 2009
Copacabana
RJ