EU SOU ADÃO. VOCÊ NÃO É?

 

 

 

   

EU SOU ADÃO. VOCÊ NÃO É?

 

 

 

Todo homem é pecador. Sim! O promiscuo assim como o fiel e monógamo; o santo assim como o profano; o eunuco assim como o dono do harém; o monge assim como ateu; o gnóstico assim como a agnóstico; o bom pai assim como o pai mau; o humilde assim como o arrogante; o pagão assim como o crente.

 

É o que Paulo diz. Para ele tanto os homens e mulheres dos bacanais romanos, assim como os judeus que eram guias de cegos e mestres de crianças, tanto quanto os bons gentios, que buscavam viver conforme a luz que tinham [Romanos 1:16 a 2: 16], todos haviam pecado, e, igualmente, careciam da glória de Deus como luz da vida.

 

Sim! Todos pecaram. Em suas bocas há peçonha. Sob suas línguas há veneno. Não há quem, do ponto de vista de Deus, faça o bem. Sim! Não há nenhum sequer.

 

Este é o testemunho de Paulo acerca do homem. Não dá para chamar isto de antropologia, cientificamente falando, embora, tal descrição possa ser chamada de algo como Uma Psicanálise Antropológica Espiritual, tendo como referencia a ciência da alma, e não a da antropologia convencional, que trata de questões de natureza mais fenomenológica e relacionada à produção cultural humana. 

 

A partir da Psicanálise Antropológica Espiritual de Paulo, até as nossas virtudes têm vaidades. Sim! Nossas solidariedades carregam expectativas, nossa melhor generosidade faz ainda contabilidade inconsciente, nossas verdades ainda carregam nossos auto-enganos, nossas certezas que não procedem da revelação são todas meras presunções, nossas almas carecem de leis para a obediência como dever, e nossa melhor intercessão ainda carrega o desejo de ser também ouvida por nossa causa como intercessores.

 

O homem, todo homem, é pecador, porque na melhor hipótese, ama apenas os que o amam.

 

O homem é pecador porque não reconhece o seu limite, e a maior prova disso são as certezas humanas acerca do que o homem mesmo define como certo ou errado.

 

Sim! Mesmo quando toda a bondade que de mim possa brotar se manifesta, ainda assim sou pecador.

 

Sou pecador porque o pecado habita em mim!

 

E habita as minhas entranhas e todos os meus processos mentais, emocionais e afetivos.

 

Sou doente. E, por isto, tudo o que de mim procede, por melhor que seja, carrega traços de doença. 

 

Não sou pecador porque sou ambíguo, mas sou ambíguo porque sou pecador.

 

À semelhança de uma planta, o homem entorta-se até quando procura a luz para sobreviver.

 

Sou pessimista? Ah! Não creio que o seja. Afinal, vivo para dizer que apesar de tudo Deus ama o mundo, ama o homem, e que, loucamente, Ele crê no que a Sua Palavra pode fazer em todo aquele que nela crê.

 

A diferenciação que se tem que fazer é uma só:

 

A Terra, o planeta, o Universo, continuam gloriosos, apesar do homem. O mundo, porém, que uma categoria apenas pertinente ao homem, é uma droga, e, sem dúvida, jaz no maligno.

 

Para entender melhor o que eu disse acima, leia:

 

A CRIAÇÃO DO TEMPO



DEUS, O HOMEM E O TEMPO…(I-II)



A MORTE, O TEMPO E A VIDA



A NOÇÃO DE TEMPO E O PROBLEMA HERMENÊUTICO



A TERRA, O TEMPO, A CONSCIÊNCIA E A HISTÓRIA

 

 

Ora, existe o pecado e existem os pecados. O pecado é de natureza essencial. Já os pecados são a produção decorrente do que habita nossa essência distorcida e aviltada pela doença primal, nossa esquizofrenia básica, nosso ser em estado de morte em “delitos e pecados”.

 

É Jesus quem dá testemunho do que digo!

 

Afinal, em que humanidade a ressurreição de um morto [Lázaro] poderia deflagrar a crucificação do ressuscitador senão num mundo mal?

 

Por isto, repito com Paulo:

 

Porque vos entreguei aquilo que recebi: que Cristo pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, e ressuscitou para a nossa justificação.

 

O que não for assim pode ter verniz cristão, mas já não é a Palavra do Evangelho da Graça, a qual só inicia em nós com nossa admissão de necessidade essencial de Deus, em razão de nossa condição que veio a se tornar pós-original, que o pecado que hoje [desde há muito] habita em nós e em nossos filhos. Afinal, se a aliança da Graça é para nós e para os nossos filhos, é porque tantos nós quanto eles carecem da mesma coisa: Graça de Deus sobre a nossa condição humana.

 

 

 

Nele, que é o salvador de todos os homens, pois todos, em todas as idades, sexos, etnias, nações e eras, pecaram, e, igualmente, carecem da glória de Deus,

 

 

Caio

 

11 de agosto de 2008

Lago Norte

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