—– Original Message —–
From: EU TRAÍ O MEU MARIDO!
Sent: Monday, February 09, 2009 4:25 PM
Subject: Problemas…
Caro Caio,
Vc deve receber mil e-mails diariamente, porque nós somos sedentos de palavra que nos acalente, e porque somos complicados por natureza; sei lá…
Deixa eu ir direto ao assunto…
Há nove anos sou casada e conheci meu esposo numa Igreja evangélica. O período de namoro foi bastante conturbado, e, naquele momento, antes do casamento, eu sabia que estava entrando numa relação complicada; mas eu o amava; na verdade, ainda o amo.
Naquele tempo eu pensava que com minhas orações e com minha busca a Deus, as coisas iriam melhorar.
Ele, meu esposo, na época namorado, também buscava muito ao Senhor; e isso me dava estímulo para prosseguir, pois via que quando algum problema surgia, ele buscava conselho e buscava a Deus; então, prossegui com aquela história.
Nós casamos; e o começo foi muito bom, embora com problemas como qualquer casal normal…mas ele me procurava para ajudá-lo em suas questões. Depois de uns anos de casados ele saiu da Igreja e desviou-se da fé, conseqüência de um suposto entendimento científico e crítico/racional.
O pior é que essa nova posição dele trouxe conseqüências para o casamento. Ele negava a tudo que se relacionava com a Igreja e dentro desse pacote estava eu. Quis sair de casa, aproveitar a vida, me deixou por várias vezes, me traiu…
Pisou com vontade, mas sempre se arrependia e eu sempre o perdoava; embora sempre eu é quem tomasse a decisão de colocarmos um ponto final na história.
Comecei a fazer terapia e ainda estou nela, pois, o assunto é o mesmo: meu casamento.
Eu realmente não entendo o que acontece. Quando ele me confessou a traição foi como se o mundo caísse sobre minha cabeça, mas mesmo assim eu queria perdoar, eu queria reconstruir o meu casamento; mas não consegui.
Qualquer oportunidade de jogar… e eu jogava na cara dele.
Eu não saí da Igreja, mas passei por fases na vida cristã após esses ocorridos.
Primeiro, briguei com Deus; depois, me tornei indiferente a Ele; depois fingia que podia tudo sozinha; comecei a me achar auto suficiente… E, nesses anos todos, fomos de idas e voltas, eu e meu marido; tentando consertar o que não tinha mais conserto.
Brigas e mais brigas e voltas e separação… Foi assim, ou melhor, está sendo assim…
Então ele foi para outra cidade trabalhar.
Entendi que o casamento estava querendo melhorar e tentei ir para onde ele estava, mas ele não quis que eu fosse.
Brigou feio comigo para eu não ir.
Hoje eu sei que ele tem algum problema de fundo emocional…
Mas, meu Deus! Como amo esse rapaz!
Ele aprontou tantas comigo que não entendo porque quero ainda ficar com ele.
No fim do ano passado, eu decidi acabar tudo, não agüentava mais…
Então conheci um rapaz que era um sedutor de primeira. Eu recebia flores todos os dias, chocolates, cartões amorosos, e-mails…
Ele é viúvo.
Comecei a me envolver de um tanto que dois meses depois ele conseguiu me levar para a cama.
Nesse espaço de tempo eu não estava mais com meu esposo.
Mas me arrependi profundamente e já pedi perdão ao Senhor, mas eu não estou me perdoando!
Voltei a procurar meu esposo pra gente tentar de novo e sei hoje que tudo o que eu jogava na cara dele eu também sou capaz de fazer; e isso me fez entender o perdão.
Mas eu me pego pensando se eu não deveria contar ao meu esposo o que ocorreu, como lealdade a ele, ou se devo guardar comigo. Queria ser verdadeira com ele assim como um dia ele foi comigo, mas eu não fui capaz de entender…
Temo também porque diante de Deus eu pequei; pois, não era isso que Ele tinha e nem queria comigo. Mas isso me trouxe um crescimento espiritual muito profundo, pois reconheço hoje que sou pecadora e que careço da Graça de Deus.
Deixei o rapaz; ele continuou a me procurar, queria um relacionamento sério, mas não era o que Deus tinha para minha vida.
Fico pensando se Deus vai permitir que um dia eu me case de verdade. Por ter pecado, penso, às vezes, que terei que ficar sozinha pra sempre…
Mas fui muito judiada pelo meu marido… Sei que isso não justifica o que fiz. Serviu sim para eu saber o que sinto e que o que de fato quero é a reconstrução do meu casamento, mas ainda não sei se meu marido quer; ele ainda não tem essa resposta.
Obrigada Caio, obrigada por tudo!
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Resposta:
Querida amiga: Graça e Paz!
Obrigado pela confiança. Peço a Deus que me dê sabedoria.
Assumo, pela ausência total de referencia a eles, que vocês não têm filhos. Estou correto?
Ora, sendo assim, sem filhos, em geral, ao ver problemas e problemas, sendo as pessoas jovens, sempre tendo a seguir um principio universal de Paulo: “Pois o que quero é evitar sofrimentos…” — enunciado por ele no contexto do casamento, e, mais adiante, ao aconselhar um hipotético casal existindo em estado de guerra, e, no caso, sugerindo que melhor que a conjugalidade em guerra, é a separação; posto que, diz ele: “Deus vos tem chamado à paz!”
No entanto, apenas sentindo seu coração de mulher e a energia de sua carta, senti que existe em você muito amor por ele; e também senti que não é obsessão, nem fixação, mas carinho, amor, muita vontade de fazer bem a ale; e, com ele, a você também.
Achei louvável a sua coragem de romper sem titubeio com o sedutor, o viúvo, sem ter ainda garantia alguma da parte de seu marido; pois, assim fazendo, você mostra que seu amor é seu; e não dependente do dele.
Ora, é isto que faz a diferença entre meninos e meninas e homens e mulheres.
Vi, no entanto, que apesar de afirmar no inicio que sabia que estava perdoado, o resto de sua carta é a de uma pessoa que não se perdoou; e mais: que, no fundo, acha que também não foi perdoado por Deus.
O espírito da absolvição pela barganha com a culpa está presente em você.
Por isto você está disposta até mesmo a ficar sozinha para o resto da vida como punição.
Ou, então, sente que deve contar ao seu marido, não apenas por uma questão de lealdade, mas, também, em razão da absolvição pela punição que a confissão trará.
Posso apenas dizer o que sinto. Nada além disso. Afinal, é apenas isto que posso fazer quando não existe mandamento. E, neste caso, não há um mandamento do amor que mande que, pelo amor à culpa, a pessoa se destrua.
Portanto, o que sinto é que se você contar a ele, possivelmente ele não suporte. Pois, se ele está na dúvida, tal confissão seria uma pá de cal.
Afinal, se você, antes de fazer algo semelhante ao que ele fez muitas vezes a você, não conseguia perdoá-lo — sendo que você sempre soube que o amava —, o que esperar dele, que foi massacrado pelas suas acusações justamente acerca disso?
Além disso, se apenas você e o cara sabem disso, e se ele está quieto, não vejo porque, tendo você se arrependido tão profundamente, ter que vir a contar ao marido, sendo que ele nada sabe, e que terá nisto apenas uma provocação, uma facada informada quando a ferida já está para sarar…
O que você precisa é se perdoar. O Senhor já perdoou você. Por que você não aceita o perdão que veio Dele, e o faz a sua paz?
Sossegue o coração; e, pela primeira vez na vida, ame com bom senso e com maturidade. Dê a você e a ele a chance de terem ainda uma vida tranqüila.
Entretanto, se não houver paz, deixe-o e siga; posto que a Palavra nos diga que um casal em guerra nunca seja vontade de Deus.
É infinitamente melhor se separar com dignidade e paz do que viver em guerra e indignidade conjugal.
Estarei orando por você no dia de hoje.
Não deixe que a culpa seja jamais o motor de qualquer decisão em sua vida.
Sem amor toda decisão é apenas uma escolha, nada além disso.
Receba meu carinho e meu estimulo para que você leia o site e entre para assistir a Vem e Vê TV.
Nele, que perdoa as nossas iniqüidades e sara as nossas enfermidades,
Caio
9 de fevereiro de 2009
Copacabana
RJ