EXISTENCIALIDADE NA GRAÇA

EXISTENCIALIDADE NA GRAÇA

 

A gratidão é a medicina para todo o ser, e nada pode fazer melhor ao coração.

A gratidão é filha da Graça. Da Graça que é recebida como arbítrio do Amor.

O encontro da consciência humana com a Graça como arbítrio do amor de Deus, gera uma visão de sentido em todas as coisas. Gera, portanto, uma existencialidade não-nauseada. Ao contrario, feliz, bem-aventurada.

Assim, se Jean Paul Sartre se existencializou na náusea, eu posso, em Cristo, me existencializar na gratidão e no contentamento, visto que o mesmo principio existencial que tira o significado, gerando a náusea, é também o mesmo pelo qual o Espírito age gerando a gratidão, e todos os frutos do contentamento.

E que princípio é este?

Kierkegaard deu nome ao buraco. Jean Paul Sartre o encheu de náusea. E peço a Jesus que encha o meu de gratidão e contentamento.

O princípio é a fé em virtude do absurdo. A fé foi substituída por “momento-em-si” ou “ato de vontade” e criou a náusea. A náusea, todavia, foi tocada pelo arbítrio do amor de Deus, e mergulhou em gratidão, e isto em relação a tudo, a ponto de saber conhecer o paradoxo de lutar para que a vida melhore, ao mesmo tempo em que sabe que tudo é como tudo tem que ser. Pois se há muito que se pode mudar, não há nada que se possa fazer. Embora Jesus espere nos encontrar lutando em todo bom combate. Desse modo, muda tudo o que tem que mudar, e não muda nada que não vai mudar, mas nós mudamos no processo, e, mais adiante, olhamos para trás na jornada, e vemos que tudo foi como tinha que ter sido, pois, você mesmo não pode mais imaginar como poderia ter ficado tão bom se não tivesse sido tão doído.

No Caminho alguns dos que você ama se vão…mas sempre ficam em você.

Outros desaparecem. Outros não sentem que devam aparecer.

Há os que nos magoaram, mas que não quiseram ficar nem com perdão. Há os que reconquistamos. Há os que nos conquistam. Há os que nos fazem sua missão. Há aqueles que são nossas missões. Há os que nos alentam. Há os que nos levam a extremos. Há os que nos incendeiam, e há os que nos esfriam. Há os que nos aborrecem, e há aqueles aos quais nós aborrecemos. Há os que estão junto mesmo estando distantes. Há os que estão tão próximos, e tão distantes!

No Caminho há todos os tipos de dias. Dos mais tenebrosos aos mais leves e radiantes. Há também todos os sentimentos. E há a hora para cada um deles. E todos permanecem, porém transformados em outros sentimentos, nunca menos essenciais.

Mas quando se está no Caminho, em todas as coisas há um novo olhar. Assim, as mesmas coisas viram outras coisas, não nelas mesmas, mas para nós. A certeza do arbítrio do Amor de Deus é o que nos dá esse novo olhar.

É a fé que lhe dá esse novo modo de olhar…

Isto porque se a fé é em virtude do absurdo, então, nada há mais absurdo do que ter paz e contentamento no mundo. Sem fé o absurdo é a virtude, e a nause de Sartre é o vômito coerente com um mundo visto sem fé.

A fé é realidade existêncial em-si. Já o “ato de vontade” de Sartre é uma ação existêncial sem fé, porém com fé no ato da vontade sem fé.

Ora, somente pela fé a existencialidade produz o “bom animo” do qual Jesus falou. E só pode tê-lo quem crê que Jesus venceu o mundo.

Esta é a vitória que vence o mundo, a fé em Jesus, Deus conosco, Deus em nós, esperança humana existencializada como Graça e Glória.

Agora, celebre com gratidão a sua vida, cada pessoa, cada encontro, cada dor, cada carinho, cada amor, cada perda, cada equivoco, cada desperdício, cada engano, cada susto, cada amigo, cada inimigo, por cada nascido e por cada sepultado.

Celebre com gratidão esse caldo de Graça e Amor de Deus que é a vida, apesar de todos os temperos que nela se jogam, bem apimentados, que é pra ficar bem gostoso.

Isto será o início da gratidão!


Caio