Fiz o que me disse: terminei com meu pastor!

—–Original Message—–

From: Fiz o que me disse: terminei com meu pastor!

Sent: domingo, 31 de agosto de 2003

To: [email protected]

Subject: Preciso de mais ajuda!!!!

 

Mensagem:

Olá Rev. tudo bem?

Não sei se o sr. se lembra de mim. Alguns meses atrás, lhe mandei alguns e-mails contando um pouco da minha história, e pedindo alguns conselhos… Na verdade foi no começo do ano… Sobre o divórcio, lembra? Falei que eu me envolvi com um homem casado, meu Líder pastoral, eu era secretária dele…Lembra?

Bem, o que acontece agora é que fiz o sr. me aconselhou… Nos distanciamos… Sei que se realmente ele se divorciar, eu não sou o Motivo. Não agüentaria essa responsabilidade…

Por isso, e também por outros motivos—principalmente porque em minha consciência estava “errado”—rompi o relacionamento… Mas tá muito difícil, porque estou passando por grandes conflitos…. Reconheço meu erro de ter me envolvido com ele, por ser casado, ter uma filha, ser meu líder… Sei de tudo isso, reconheço que errei… Mas eu o amo de verdade, e sei também que o que ele sente por mim é muito forte.

Porém, me condeno muito por isso… Tenho muito medo que alguém descubra o que aconteceu… Se for para ficarmos juntos um dia, quero que seja correto, limpo… Mas não dá pra apagar a forma que começou, entende? Lembro que o sr. me disse que foi opção sua de contar para as pessoas sua situação… Eu não sei o que eu faço… Às vezes, tenho vontade de contar pra algumas pessoas, pro meu outro pastor, sei lá… Confessar… pra tirar este peso, ou mais ainda por medo que descubram.

Algumas pessoas desconfiam, mas nunca chegaram me confrontando abertamente, só “jogam”, pra ver se eu falo algo, e ficam me pressionando dizendo: “Olha, cuidado, nada fica oculto, uma hora todas as coisas serão reveladas, descobertas; por isso, se você faz algo errado, é melhor que confesse… E eu me sinto pressionada…

Mas ao mesmo tempo, sei quanto tudo isso seria difícil, porque infelizmente, a igreja (de um modo geral) não está preparada pra lidar com este tipo de situação… É muito mais fácil me excluírem, me darem milhares de disciplinas, e não se importarem em me ajudar… Não sei o que eu faço… Ninguém sabe. Só eu, ele e você…

Preciso de ajuda. Por favor, me ajude… Você acha que eu realmente preciso falar pra alguém? Se, sim, pra quem? Como?

Também penso que se realmente um dia ele se divorciar, e um dia ficarmos juntos (acho que essa possibilidade é muito remota, mas…), não quero viver mentindo acerca de como começamos nosso relacionamento…

SOCORRO!!! Preciso de ajuda, e não posso contar com NINGUÉM Absolutamente ninguém…

Estou me sentindo MUITO perdida, não sei o que fazer… Queria sumir, mas sei que não adiantaria…

Você (desculpe a intimidade, é que me sinto à vontade de lhe chamar assim) é uma das únicas pessoas que talvez possam me entender; é minha única esperança de uma palavra que possa me ajudar, sem me condenar… Condenação eu já tenho feito sozinha. Não preciso de mais ninguém pra me condenar, preciso desesperadamente que alguém me ajude….

Obrigada por poder falar!!!!

Deus te abençoe MUITO mesmo!!!!

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Resposta:

Minha querida amiga em Cristo:

O Sangue de Jesus está sobre você! Seu pecado já está perdoado!

O que você está agora sentindo são duas outras coisas:

1. Neurose culposa da religião. Você está se sentindo culpada por não ter contado para os carniceiros. Eles voam sobre o seu cadáver e você se culpa por não se oferecer para ser comida.

2. A culpa de amá-lo. Mesmo que vocês não estejam mais juntos, mas, você sabe que vocês não estão separados na alma. Quanto a isto, não há nada que você possa fazer a respeito. Quando “pega”, só Deus tira. Portanto, descanse Nele também.

Você fez a coisa certa: terminou e não contou! Muita gente pode achar estranho essa minha certeza. Explicarei, mais uma vez, a razão dela. Você não tem que “contar”, você tem que confessar a Quem já sabe. Leia o Salmo 32. Aqui no site há uma versão dele em Devocionais.

Os dizem que você deve contar não têm nenhuma preocupação com sua alma diante de Deus—e muito menos, conhecimento da Palavra. O que eles querem é se “masturbar” com sua história. São quase todos uns voyeurs! Se pudessem pediriam para “ver”. Pagariam qualquer coisa por um “flagrante”.

Eles são os mesmos que na presença de Jesus estavam com a pedra não, esperando para atirá-la na pecadora. São filhos da mesma genealogia.

O que “será revelado” é o que ainda não foi “lavado”! Você mostrou com obras o fruto de sua consciência, e foi pro sacrifício, conforme o entendimento que recebeu. E fico feliz em poder ter sido, de algum modo, útil a você nisso.

Sempre que você encontrar alguém na “igreja” com essa vontade de ouvir “confissões”, ou mesmo provocando-as, saiba: trata-se de um ser doente, e que deseja ter a satisfação de se pensar melhor que o próximo apenas pelas manifestações das exterioridades de alguns “pecados famosos”.

Pobres doentes! Nem vêem o quão mórbido e adoecido e o desejo deles!

Quando eu disse que “eu mesmo contei”—, já o fiz por ter eu mesmo confessado a Quem participou de tudo. Nossas vidas acontecem em permanente flagrante aos olhos de Deus. E quando decidi contar, eu mesmo estava transgredindo aquilo que eu havia aconselhado centenas—talvez milhares de vezes no curso de trinta anos de ministério—a não fazerem. Pergunte nas igrejas onde fui pastor se algum dia eu levei ao Conselho da igreja o “caso” de qualquer pessoa que tenha me procurado pedindo ajuda.

Eu sempre tratei com as pessoas, e elas sempre souberam que podiam confiar. Quando, todavia, chegou a “minha hora”, eu fiz diferente. Você pergunta o por quê? Bem, é que Deus me mandou contar. E não foi com um sentimentozinho de culpa… Aliás, não foi nem por culpa—eu já me sabia perdoado—, mas foi em razão de algo maior: Deus falou comigo em sonhos de novembro de 97 a abril de 98 que eu precisava contar, não para o mundo—mas se necessário fosse, também para o mundo—o que me estava acontecendo.

Portanto, não faça do que eu fiz a regra; sou a exceção. E por que sou a exceção? Bem, todo mundo já deveria saber o porquê.

Pela misericórdia de Deus eu sobrevivi. Estou aqui. Falando com você e com milhares. E sei que o que me aconteceu arrancou milhares de máscaras de hipocrisias.

No entanto, Aquele que me mandou “contar” foi o mesmo que já havia me perdoado. Apanhei dos homens embora já estivesse perdoado por Deus. A surra da “igreja” é sempre atrasadíssima. Por isso é que ela não tem essa prerrogativa de exercer esse papel adoecido de exercer juízo.

Além disso, você não está só. Você não se relacionou com um boneco inflável. É um homem, pastor, casado, tem filhos, etc… Numa hora dessas o moralismo e o legalismo mandam contar; Jesus, todavia, manda todo mundo pra casa com a consciência pesada, menos a pecadora, a quem falou: “Nem eu te condeno; vai e não peques mais!”

O legalismo apanha pedras, acende a fogueira, faz a dança dos vampiros. O amor cobre multidão de pecados. Infelizmente, como você mesma sabe, esse tipo de coisa é instrumento de poder nas mãos dos “vampiros” da religião. Já atendi muitas mulheres que ouviram de alguns com quem foram se aconselhar, em palavras deles mesmos, o seguinte: “Vai ter que ‘dar’ pra mim também!”— e quando o caminho não é esse, muitos ficam olhando a mulher com “cobiça”, e outros não hesitarão em entregá-la às pedradas.

E quando alguém “se confessa” com a mulher do pastor, ou com uma amiga-irmã? Na maioria das vezes é melhor pegar um megafone e contar a história no meio da torcida do Flamengo: será mais discreto ainda.

Pode ser que se a “jogada” em curso for interessante, a multidão diga: “Agora não! Baixa aí! Tá atrapalhando a visão do jogo!”

Mas na “igreja”? Meu Deus! Histórias como a sua são a Revista Playboy dos “crentes”! Eles passarão dias e dias olhando as imagens nos porões adoecidos de suas mentes taradas!

Se alguém puder me desmentir, estou aceitando convites para debater o assunto!

É um desafio? Sim! é um desafio!

O problema é que todo mundo sabe que é assim. Centenas e centenas de pastores e esposas de pastor sabem que estou falando a verdade. Ouvi suas histórias durante anos, e a maioria está ainda casada sem nem saber que por trás houve um carinha, que aconselhou calma, que pediu prudência, que estimulou o renascimento do amor–onde um dia houve amor—e que nunca contou nada pra ninguém.

Uma das minhas dores—entre milhares, sem exagero—foi ver muitos desses pastores, antes ajudados, levantarem-se com pedras na mão quando eu virei “a bola da vez”.

Eu confessei e fui perdoado. E contei a fim de sair do casamento, no que, então, me concernia.

Eu só não sabia era que Deus tinha outros planos. Ele queria transformar minha catástrofe numa mensagem. Uma mensagem sobre a doença dessa “igreja” de purpurina, que está mais pra urina que pra púrpura.

Hoje, continuo dizendo a mesma coisa que sempre disse. E tenho razões de amor e misericórdia para fazer como fiz com você: aconselhar o término, por você mesma; e aguardar na Graça de Deus os encaminhamentos… Mas sem entregar a cabeça de João Batista na Bandeja de Salomé na dança tarada da Corte do Rei Herodes.

Não fique ansiosa. Não transforme isso em neurose. O Sangue de Jesus já purificou você. Esse papo já nem existe mais. Está tudo consumado.

Toda vez que bater uma vontade de falar com alguém, me escreva. Você sabe que aqui não tem “sujeira”. É conversa de homem. É encontro de gente. E não sinto nenhum tipo de excitação ao saber de tantas histórias. Nunca sofri desse mal.

Por mim, ninguém deveria precisar ter nada disso pra contar; e, se tivesse, deveria poder confiar num irmão, como “um menino confia em outro menino”. Mas a “igreja” não tem a pureza das crianças. Infelizmente, na maioria das vezes, é feita de almas velhas e enfermas, e que transformam a dor do próximo num acontecimento sexualmente mórbido, que os leva ao cume invertido—portanto, ao abismo—de um prazer que só dá em gente tarada por não conhecer a alegria do prazer.

Filhinhos meus, não pequeis; se todavia, alguém pecar, tendes advogado junto ao Pai; Jesus Cristo, o justo. Ele é a propiciação de nossos pecados; e não somente dos nossos próprios, mas ainda do mundo inteiro! (João). Tiago mandou confessarmos os nossos pecados uns aos outros para sermos curados. Mas se ele estivesse Hoje, aqui, possivelmente dissesse o que estou dizendo: “Se houver um ‘outro’ confiável, confesse; se não houver, fique falando apenas com o Advogado; do contrário, ao invés de curado, você será esmagado!”

 

Um beijão,

 

Caio