FUI BUSCAR ACONSELHAMENTO E ME APAIXONEI… I e II
—– Original Message —– From: FUI BUSCAR ACONSELHAMENTO E ME APAIXONEI… ELE É PASTOR! To: [email protected] Sent: Thursday, December 29, 2005 9:52 AM Subject: Projeção? Fuga? Ai, que vergonha do Pai… Amado Pr Caio Fábio… É com respeito e admiração que lhe escrevo… Pelas leituras que já fiz na seção Cartas, sei que provavelmente o que tenho sentido pode ser o que o senhor chama de “projeção” ou o que eu mesma imagino possa ser uma “fuga psicológica”… Mas não quero negar o que sinto pois preciso lidar com isto para não contribuir ainda mais com as mazelas de minha alma… São tantas as mazelas que não sei se nesta vida ainda terei tempo de lidar com todas elas e ter uma vida emocional completamente saudável… O que me alegra, entretanto, é que hoje, com quase 40 anos, tenho um pouco mais de percepção do que permiti que outros fizessem comigo e as conseqüências disto… E, aprendi também que não posso (e não quero) negar o que sinto… Com quase 40 anos, sou uma mulher bonita, reconhecida profissionalmente e consciente de que quase 20 anos de minha vida sobrevivi (ao invés de viver) dentro de um casamento desastroso… Pr… Faz pouco que consegui aceitar e até promover uma separação… Mas, por motivos alheios à nossa vontade, por outras questões envolvendo familiares, não nos foi possível efetivar esta separação… Então, continuo sobrevivendo, e creio que ele também… Sempre me entreguei de corpo e alma ao meu esposo. Sei o que é ser “degustada” e “degustar”… Nunca houve entre nós restrições ou inibições sexuais… Atingimos juntos orgasmos de corpo e alma… houve amor, não tenho dúvida disto… Mas, apesar de toda esta cumplicidade, ele sempre adulterou… Ele mesmo afirma não encontrar justificativas para seus “affairs” a não ser pelo seu ímpeto de conquistador… E eu sempre soube… Mas, por resistência de ambos não demos um basta no casamento… acho que por dependência emocional, sei lá… nem quero justificar, se é que tem justificativa… Contudo, o inevitável aconteceu… Fui me machucando, magoando, consumindo e NUNCA aceitei esta condição de traída apesar de não “pular fora do barco”… Há algum tempo, comecei a compartilhar minhas mágoas e decepções com um pastor e, aconteceu… Apaixone-me por ele… Esta noite sonhei que ele me beijava os lábios… Que sonho delicioso e que desejo que fosse real… Sinto-me mal, envergonhada, não consigo nem elevar meus olhos para os montes e gritar por socorro ao Pai… Miserável mulher que sou… Mas como negar minha natureza e meu sentimento? Não vou fazer isto, vou encarar e tentar lidar com isto… Só não sei como… Por isto lhe escrevo… Neste momento sinto meu corpo, minha alma sendo embalados por uma paixão deliciosa… Mesmo na impossibilidade de expor a ambos o que sinto, não tenho vontade de fugir desta paixão que me estimula a viver neste momento… Não sou nenhuma criança tola e sei que o pastor, enquanto homem, também se sente atraído por mim mas por “n” questões jamais sequer falaríamos abertamente sobre isto… Nos últimos dias, fui à igreja simplesmente para vê-lo e isto tem causado em mim sentimentos contraditórios além de muita confusão no âmbito espiritual… Estou com vergonha do Pai… Mas não vou fugir do meu “pecado”… Como milhares, peço-lhe, responda-me… Nele, de quem não posso me esconder, pois ELE já me achou… Fortíssimo abraço!!! ____________________________________ Resposta: Minha querida amiga: Graça e Paz! Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura! Somente às vezes não…! Mas na maior parte das vezes, fura…! Um português amigo e bem humorado, diria: “Pronto! Ela zangou-se!” Sim, o que está havendo é que você simplesmente cansou… Cansou de ser fiel, de amar, de esperar, de sofrer, de ser traída sistematicamente, de não se sentir “bastante” para ele… Cansou de dar tudo e não chegar nunca a atender a demanda dela, de crer sempre outra vez e nunca ver a promessa cumprida… Cansou de se sentir não-vista e propriamente querida, enquanto há um mundo de olhares e desejos cobiçosos a você dirigidos… E, sobretudo, está cansada de ver que o tempo passa, e nada muda em seu favor… Não tenho dúvida de que você já amou o seu marido. Afinal, pelo próprio “affair” emocional e afetivo com o pastor, fica claro que seu negócio não é sexo, mas amor, carinho, afetividade, desejo e exclusividade; conforme o sonho e o desejo sadio de qualquer mulher que ainda não se entregou às doenças desta Era. Depois de anos de espera fiel e esperançosa, o coração cansa. E, quando isto acontece, infelizmente, caso não haja uma mudança profunda de comportamento no de seu marido, tornando-se ele fiel a você e dando-se a você como você merece; não vejo como seu casamento possa ser lugar de vida e não de “sobrevivência”. Assim, ainda há chances… Mas seu marido teria que desejar o mesmo; e não apenas de ‘palavras’, mas de atos e de verdade. Do contrário, o amor já adoeceu pelas mágoas resultantes das muitas traições, tristezas, decepções, e pela perda total de sua admiração por ele…—; não havendo, portanto, onde se possa “pegar” para que se inicie um novo e restaurador processo de cura afetiva e da confiança. Ora, quando esse estado se instala, surge o espaço para a paixão pela paixão e namoro do amor pelo amor! Assim, essa “paixão” pelo pastor, é projeção sim, de sua carência e de sua tristeza por ser desprezada de modo irônico, quando há tantos homens que desejariam amar você, segundo você percebe. O pastor pode até ser legal e desejável como homem. Porém, antes de tudo isto, você já o conhecia, e nunca antes sentiu nada por ele. Esses “amores” que nascem na carência são quase sempre falsificações e engano do coração necessitado de amor e afeto. De fato, eu creio em paixão. Creio que ela pode ser boa e desejável, quando é correspondida, e quando o objeto do amor está também disposto a não apenas sentir a “paixão do momento”; mas também viver para fazer manutenção da paixão a fim de que ela se torne amor. E isto só acontece com muito respeito, carinho, confiança e dignidade; do contrário, toda paixão morre… e não vira amor…, mas quase sempre mágoa. Paixão vem do grego pathos, e caracterizava um estado de “loucura”. Daí o “patológico”, que é algo originalmente vinculado ao sentir “louco”, ser aquilo que suspende a razão, o bom senso, bem como quase todo “sentido de realidade”. A palavra “patético” define um ser sob o efeito de “pathos”; ou seja: da loucura da paixão. Portanto, quando a carência se manifesta como desejo e paixão que são fruto da mágoa de não se ter sido amada por quem se amava, o estado que se cria é patético e patológico. De fato, quando a paixão não nasce do “nada”… ou apenas do encontro que chega como “assombro”… e como incontrolável “enfatuamento”…, eu quase sempre dela desconfio. Creio sim nas paixões fulminantes e ignorantes, e que não foram movidas por raivas, mágoas ou tristezas. Também creio naquelas que chegam como relâmpago… Todavia, essas paixões que resultam de um aconselhamento com um pastor compreensivo, e a quem se procurou para falar de uma dor da natureza da sua, e que foi bem tratada, e ouviu o pastor dizer: “Que homem louco! Eu jamais deixaria uma mulher como você ficar assim!” Ou ainda: “Uma mulher como você todo homem quer!” Ou mesmo: “A vida é louca! Como uma mulher como você não é totalmente aproveitada?” —; nessas paixões eu raramente creio. Isto sem falar que ele também pode ter insinuado suas próprias carências pessoais, o que teria deixado você com mais “fome” ainda… Enfim, sinceramente, o que sinto daqui é uma mulher que está acordando para si mesma e que não agüenta mais ser humilhada pelo homem que ama; e que, cansada de tanta traição, se permite, agora, até inconscientemente, sentir coisas que antes não eram sentidas pelo fato do coração ainda estar lacrado pelo amor e pala esperança; porém, agora que tudo isto está em total estado de desvanecencia, sua alma cansada diz pra você mesma: “Uma mulher linda e capaz como você, não pode viver em tal estado. Há homens que desejariam você; e só você!” E se sua alma não diz isso a você com tais palavras, no entanto, sei que suas amigas de trabalho e suas conselheiras femininas, especialmente as infelizes, dão a você o conselho de sempre: “Se vocês não vão se separar… adianta o seu lado!… Com tanto cara querendo você? Que dor é essa? Vá à luta menina!” Assim, aí está você, apaixonada por um homem que é lindo no púlpito, que diz palavras “sábias”, que é tratável e interessante, e que entende você… Mas que não existe; pois é uma “projeção” de suas carências e frustrações… Sim, sua “paixão” é por uma imagem, um holograma, e é fruto dessa “transferência” de desejos e de energias frustradas, só que concentradas num objeto único: o pastor. Digo “objeto único” porque, muitas vezes, em tais situações, a pessoa fica aberta para muitos objetos de desejo; pois, as projeções e transferências, se não são feitas por alguém que deseja amor, mas apenas sexo, não se fixam num objeto só; e, assim, nasce o espaço para a manifestação da libido como promiscuidade; ou seja: com abundancia de parceiros; o que, graça a Deus, não é o seu caso. Porém, minha amiga, isto é ainda parte do surto! Sim, porque leve o pastor para casa, durma ao lado dele, acorde com ele de mau-humor, veja-o fora do circo das aparências religiosas, etc…—, e, provavelmente, você descobrirá outras coisas, quem sabe não as mesmas de seu marido, mas igualmente importunantes; e isto sem contar com o fato de que o único “cenário” que esse cara teria a oferecer, caso também viesse a confirmar o desejo apaixonado dele por você, seria um “affair”… sempre “affair”… seja amoroso e sexual; ou apenas sexual…; porém apenas um “affair”. E, sinceramente, pelo tom de sua carta e de sua aflição, não creio que você queira apenas um “affair” sem futuro e com um terrível potencial para a tragédia. O que está acontecendo, só se resolve com, de duas, uma decisão: ou você se separa, fica só, arruma a vida, e, depois, só depois, abre os olhos e vê a existência à sua volta em relação a possíveis parceiros, visando uma união — o que me parece ser o seu desejo; ou, então, você não se separa, continua nesses estado de casamento zumbificado, porém, mais cedo ou mais tarde, seja com o pastor ou com um outro alguém, você acabará por também trair e se entregar a um homem; o qual, certamente, não irá ser o homem de sua vida, mas apenas um macho querendo comer bem e fartamente uma loba carente. Assim, calma! O que está acontecendo dificilmente é paixão-amor, mas apenas paixão-paixão, filha da carência e do desejo, irmã gêmea da necessidade da alma ser amada… etc… Porém, não realizará nada em você além de mais dor e mais dor… E é de dor que você está fugindo; não é? E tem mais: se você e o pastor confessarem seus desejos mútuos, o bicho vai pegar… e vocês vão se enroscar… e isto pode ser trágico para a sua alma, que, além de traída pelo marido, depois de um tempo de muito gozo e degustação com o pastor, vai experimentar também a falta de apetite dele quanto a assumir você e uma vida de verdade, fora das sombras dos motéis e dos encontros apressados e fortuitos…! E isto, minha querida, seria trágico para a sua alma, possivelmente projetando você para um abismo de decepção e de auto-estima aniquilada; ou, quem sabe, abismando você nas terras baixas e insalubres da depressão. Você sabe muito bem que eu sou contra casamentos que não casam e que não unem pela confiança, pelo amor e pela fidelidade. Portanto, me explique melhor quais foram os impedimentos à sua separação; e por que você acha que seu marido está sofrendo também… Isto porque ou vocês se ajeitam ou se separaram. Do contrário, teremos mais uma vitima na praça: uma mulher que ama e amou, se deu, se entregou, e foi sistematicamente traída…; mas que, agora, na idade da loba, resolveu partir contra a sua própria natureza, para um outro mundo…; que se oferece como tentação de um “affair”, de um amor de sombras, de uma paixão de beco, de um desejo de animais aflitos e apressados…; mas que, mais cedo ou mais tarde, dará as suas “bandeiras”…; e, assim, aparecerá para os outros… sejam os de sua casa, sejam os da casa dele… E, aí, então, vem a massacre do escândalo! Entretanto, mesmo que o “affair” nunca apareça, o mal que fará à sua alma pode ser muito grave e profundo; e, para mim, tudo isto tem a ver com segurança e baixa auto-estima. Sobretudo não faça violência ao curso de sua natureza; afinal, se seu negócio fosse ter “affair”, o que não lhe teriam faltado todos esses anos de “trabalho fora”, profissionalmente falando, seriam pretendentes; e, nesse caso, você já seria desgraçadamente experiente na arte dos casos extra-conjugais. Receba meu carinho e minhas orações! Nele, em Quem somos sempre um permanente flagrante, Caio _______________________________________________________ —– Original Message —– From: To: [email protected] Sent: Tuesday, January 03, 2006 9:20 AM Subject: Re: Projeção? Fuga? Ai, que vergonha do Pai… Amado Pr Caio… Obrigada por me responder! Sua resposta me fez desviar ao menos um pouco a atenção do meu “objeto único” de paixão. Esta noite tive insônia. Estava ansiosa pelo amanhecer do dia para eu poder chegar ao meu escritório para lhe escrever novamente. Naquele dia em que lhe escrevi, logo após o almoço, recebi um chamado do Pastor para um “atendimento pastoral”. Não pensei duas vezes… Burlei meus compromissos e fui. Quando cheguei em seu gabinete pastoral, ele se levantou e veio ao meu encontro. Estendeu-me a mão e em apenas um gesto puxou-me para junto de si. Nossos corpos colaram, nossos lábios estiveram muito próximos… O desejo era latente porém pulsante… Vivi a possibilidade de receber o delicioso beijo com o qual havia sonhado, mas não quis. Pois é… Eu resisti e me esquivei. Ficamos desconcertados, pois, mesmo sem palavras, tudo estava dito… Por alguns minutos, conversamos sobre outros assuntos e quando fiz menção de ir embora, novamente ele se levantou e o abraço foi ainda mais vigoroso e aquele beijo quase aconteceu… Não aconteceu porque, mesmo eu estando “apaixonada”, não perdi a consciência; e lhe afirmo: fui eu quem resistiu… “O bicho não pegou porque fugi!” Quero lhe dizer que o senhor está certo quando disse que tive várias oportunidades de casos extra-conjugais. Temos dois filhos adolescentes, lindos, atléticos, mais altos do que eu, e as pessoas dizem que pareço ser a irmã mais velha… Quando jovem, era manequim e modelo e, sem falsa modéstia ou hipocrisia, tenho os atributos da mulher brasileira que tanto instigam os machos de plantão. No mais, sou mestra na minha área de atuação e estou partindo para o doutorado. Trabalho cotidianamente com muitos homens, subordinados ou não, que não se cansam de me lisonjear sempre com segundas ou terceiras intenções. Contudo, quero afirmar que procuro não salientar minha beleza e fujo da sensualidade e que não uso minha posição profissional para atrair ninguém. Sempre fui reservada e discreta. Conheci a cerca de 10 anos o Mestre dos mestres; e ELE me tem ensinado os verdadeiros valores da vida. “Como quero que me façam, devo fazer também…” Sempre quis a fidelidade e foi isto que plantei… Não me apego à minha aparência ou posição social, mas quis crescer e muito no meu caráter, na minha dignidade, no conhecimento da Graça… Meu tesouro não está no que as traças corroem… Nossa sociedade tem muita dificuldade para entender isto e já nem tento mais me explicar. Sim, ouvi de muitas pessoas os mais variados conselhos no sentido de que deveria “chutar o balde”, “jogar a toalha” e viver… Não tenho inteligência emocional o suficiente para saber o que é viver assim e nem quero ter. Uma amiga comentou que sou “virgem” pelo fato de só ter conhecido meu esposo sexualmente falando… Pode? Que disparate… Não tive necessidade de conhecer outro pois ele sempre me completou, sempre me deixou saciada… Convivo com pessoas que não se constrangem em aumentar o número de suas experiências e não entendem minha opção de continuar “virgem”… Amado Pastor Caio, como lhe disse, lutei por muitos anos para que o casamento não acabasse… Mas vi meu amor adoecendo… Sim, sinto-o na fase terminal e não consegui mais disfarçar meu cansaço, meu desânimo, minha desesperança, minha dor… Houve muitas tentativas de reconciliação, de recomeço… Todas frustradas. Cansei mesmo… Meu esposo é um compulsivo sexual e não admite isto, ao mesmo tempo em que não abre mão de mim. Consegui depois de muito choro e muita dor perceber que não sou culpada de sua impulsão e nem de não ser o “bastante” para ele… Pobre homem… Foi se diluindo, perdendo-se. Um menino se achando poderoso… Então, percebi que minha alma estava morrendo, optei pela amputação, acionei o divórcio. Quis ouvir o chamado à paz… Quis deixá-lo livre para levar a vida do jeito que quisesse. Meus pais, meus filhos, meus irmãos, meus sogros, todos os conhecedores da situação me apoiaram. Mas, ele não aceitou… Não consigo muito bem entender a razão, ele afirma que me ama e que não vive sem mim… Não entendo isto… Na audiência obtivemos então um prazo de 90 dias para repensarmos… Foi aí que tudo se complicou. Dentro de mim eu já estava divorciada… E ele sabe disto… Por isto sofre… Ele tem tentado me buscar, mas de formas erradas e eu não tenho a menor vontade de apontar-lhe o caminho… Como ironia do destino, nesse prazo, um familiar adoeceu gravemente e ele nos pediu para que desconsiderássemos a separação e que retomássemos nossa família… Houve entre nós um pacto silencioso… Por amor e respeito, decidi arquivar a demanda do divórcio… Hoje, bem cedinho, chorei… Chorei como tenho chorado a meses… Não faço mais amor com meu esposo, apenas sexo… Sinto orgasmo de corpo, mas não de alma; e isto não me basta… Sei o que é atingir a plenitude e quero senti-la novamente… Apaixonei-me pelo pastor, pois ele foi o primeiro homem a quem olhei nos olhos e erroneamente achei que pelo fato de ser pastor talvez me desejasse de forma diferente, de forma plena… Engano meu, senti naquele abraço que ele é só mais um homem, igual aos que refutei a vida toda… mais um caçador em alerta para abater uma presa indefesa… posso ser uma presa, mas não indefesa… Sei quem sou, sei o que quero e o que não quero… o fato de ter cobiçado o “homem da próxima” me fez experimentar um gosto amargo de me sentir adúltera… Graças a Deus que resisti ao beijo, se assim não fosse não imagino como estaria hoje… Fiz o exercício de imaginar o pastor deitado ao meu lado, no lugar em que estava meu esposo… Repudiei esta idéia e ligeiro procurei o aconchego dos braços daquele que sempre embalou os meus impulsos apaixonados, meu esposo… Queria retomar o amor que sentia… Mas não vejo no momento nenhuma possibilidade… Parece que meus cântaros secaram e não sei mais onde fica a fonte… Estranha a sensação, nunca achei que chegaria aqui… Mas cheguei, e quero crescer com isto tudo, quero continuar moldando meu caráter e quero ter uma vida da qual não tenha de que me envergonhar… Quero ser encontrada pelo Pai como inculpável e irrepreensível e sei que conseguirei, não me entregarei a homem algum, não conseguirei violentar minha natureza… Sim, Pastor Caio, o senhor também tem razão quando diz que estou acordando para a vida… Descobri que tenho direito a uma vida em abundância e é esta vida que procuro… Não preciso me contentar com pouco quando sei que posso ter mais… Sinto-me de mão atadas agora… Havia pensado em recomeçar sozinha, em me livrar das amarguras de uma vida de traições, em viver… Não é o momento… Não dá para ser… Consegue captar a extensão da minha angústia? Mas vou me acalmar, vou acomodar minhas células em ebulição e deixar a Vida me levar… Esta Vida vai me apontar o Caminho e eu quero viver na Verdade… Obrigada por me permitir expor a alma… Nele, em quem quero continuar sendo um permanente flagrante, ________________________________________________________ Resposta: Minha querida amiga: Graça e Paz! Conforme vi à distância, você é quem eu imaginei que era; e sua “paixão”, graças a Deus, foi por você entendida como “pathos”, como a loucura do coração; pois, em seu caso, mais claro fica ainda que sua paixão não lhe será loucura; e mais ainda: creio que já deve estar em franco processo de apaziguamento pela certeza que você adquiriu de que o pastor é só mais um homem querendo “pegar” você. Infelizmente, mas é assim. Também não lhe será possível permanecer nesta situação por muito tempo. Portanto, sugiro-lhe duas coisas: 1. Converse mais uma vez com seu marido e lhe diga que se ele desejar ter alguma chance, duas coisas precisam ser tentadas: a) ele precisa entrar numa terapia junto com você; b) ele tem que tomar o compromisso de parar com essa “galinhagem de menino” e assumir o compromisso de não trair mais; dando-se, agora, por inteiro; pois, do contrário, você não vai ficar com ele. 2. Dê um prazo para esse tempo de espera em razão do pedido do parente moribundo. Sim, porque você não é mulher de faraó e não tem que se sepultar na espera da morte de alguém. É a pior motivação possível. Pois, depois de um tempo, se nada der certo, você pode até desejar que a pessoa moribunda se vá pra você poder ficar logo livre. E esta não é uma boa motivação. Sinto que se seu marido ficasse “curado” dessas bobagens dele, vocês ainda teriam a chance de poder se “re-encontrar”. Sim, porque onde já houve…, pode voltar a haver. O problema é quando nunca houve nada… Nesse caso, nunca vi haver uma saída boa de re-encontro; posto que se nunca houve amor e desejo, é quase impossível que passe a haver. Mas no seu caso é diferente. O que está havendo é que você está magoada com toda razão; e não aceita mais ser essa “esposa” de garanhão, e com toda razão também. Portanto, tente dar mais uma chance nas bases propostas acima. E, também, com prazos interiores definidos por você e somente para você mesma. Porém, se não houver iniciativa dele em nenhuma direção; ou se houver, mas apenas por obrigação; você não deve mais perder seu tempo, e nem investir em alguém que não quer cura, mas apenas deixar tudo como está, posto que para ele é muito confortável. Imagine: uma esposa linda, que topava tudo com ele, que tinha prazer nele, que o perdoava de suas traições, e que insistia nele o tempo todo… Sim, ele deve ter chagado a se gabar disso junto aos amigos… No entanto, agora, ele está vendo que ou se cura ou perde você. E é bom para ele que seja assim. Pois, de outra forma, caso você fique com ele do jeito que ele esteve até aqui, quem vai ficar profundamente doente é você; sem falar que aquela “carência” que já se desviou em parte do pastor, acabará por se manifestar por outro; e, assim, sem querer, você ficará na posição de quem trai…; sendo que a situação é historicamente uma outra. A situação dos homens está terrível. E a das mulheres está em flagrante estado de degradação. Veja aonde chegamos: Você é acusada de “virgem” porque só se deu ao seu marido! Este o mundo do fim, porque é o fim do mundo! O que crescerá daqui para frente será a inafetividade e o espírito da sexualidade perversa semelhante ao do mundo romano, cada vez mais entregue às orgias e às surubas; sem qualquer diferença entre estar ou não comprometida com alguém; pois, daqui pra frente, a maioria só terá compromisso com o tesão da hora e com a oportunidade de fazer… Você tem o direito de buscar alegria, paz e felicidade. No entanto, não busque isto em-si. Antes, busque paz; pois da paz é que decorrem todas as demais coisas. Pense no que lhe disse e me escreva outra vez! Com toda reverencia pela sua alma, lhe digo que fiquei feliz por saber que você é mulher de verdade e não uma fêmea no cio. Por isto, desejo a você o que há de melhor; e peço a Deus que abrace você em Seu amor, mostrando-lhe o caminho da vida, conforme sua oração. Nele, em Quem a alma só tem êxtase se houver amor, Caio