Como já disse, todos  nós sabemos que o tesouro de Deus habita nos vasos de barro de nossa presente  condição humana. No entanto, também já afirmei a vocês que até mesmo o processo  de enfraquecimento de nossos corpos e as constatações de nossa própria  relatividade, contribuem para a expansão do poder de Deus, conforme nossa  consciência, em fé, acerca do modo como a Graça de Deus opera em nós neste mundo  caído.
Por isso é que sabemos que os “vasos de barro” podem até se  esboroar, mas o Oleiro é poderoso para o refazer para a Sua própria  Glória.
Além de vasos fracos, porém habitados por grande tesouro, somos  também peregrinos, o faz com que no tempo presente caminhemos como quem “arma  tendas”, sempre mudando e conhecendo novos chãos da vida, coerentemente como o  fato de que habitamos um “tabernáculo perecível”.
Nossa “casa  terrestre”—ou seja: este nosso tabernáculo contingencial—, pode até mesmo se  desfizer e se desgastar com o tempo e com as lutas da existência presente. Nós,  no entanto, sabemos que temos de Deus um Edifício que nos aguarda, uma Casa não  feita por mãos humanas e nem presa às contingências do tempo; porém, eterna, nos  céus.
Caminhamos no deserto. Vivemos os desconfortos das desestabilidades  da existência. Mas tudo isto é passageiro. Afinal, todos nós somos peregrinos  sobre a terra. 
Habitando este “tabernáculo temporário”, todos nós  gememos, desejando muito ser revestidos da nossa Habitação Definitiva e  Plenificada, que é do Céu.
Ora, isto tudo será nosso se formos vestidos  com a justiça que vem de Cristo, e que é a única vestimenta que não se desgasta  durante o tempo dessa travessia no deserto. 
Nenhum de nós tem que se  enganar. Todos nós sabemos como é doída essa travessia pelo deserto da terra!  
Por isso é que nós gememos oprimidos enquanto vivemos neste  “tabernáculo” temporário. Isto não porque queiramos ser “despidos” do que já é  nosso, e que também nos cobre o ser com esperança e justiça, mas sim porque  almejamos ardentemente ser revestidos com o que pleno, para que a presente  condição mortal seja absorvida pela Vida que é.
Ora, foi Deus quem  preparou tudo isto para nós. E para que não desfalecêssemos no caminho da  peregrinação, Ele mesmo nos deu o penhor do Espírito Santo como segurança da  Promessa que nos foi feita e garantida. 
Assim, habitados pelo Espírito  em nossa presente fraqueza, temos a certeza de que a jornada será completada por  nós, se andarmos pela fé em Cristo.
Por isso é que temos sempre bom  ânimo, sabendo que, enquanto estamos presentes neste corpo terrestre—preso às  contingências da Queda, do tempo e do espaço—, estamos sensorialmente “ausentes”  do Senhor. Por isso é que andamos por fé, e não pelo que vemos.
Mas  enquanto estivermos vivendo as limitações do que não é permanente, temos que ter  sempre bom ânimo, mesmo que permanentemente desejemos a libertação deste corpo  mortal, para que possamos estar “presentes” em plenitude com o  Senhor.
Esta é também a razão de nos esforçarmos tanto para sermos  agradáveis a Deus, não importa se ainda presos as contingências do tempo ou se à  caminho de sermos completamente absorvidos por Ele e por aquilo que Ele nos  preparou como Definitivo. 
Há também algo, meus irmãos, que desejo que  todos nós fiquemos sabendo. 
Ninguém deixará de ser levado perante o  Tribunal de Cristo, pois é necessário que todos nós sejamos manifestos na plena  consciência da verdade, para que cada um receba o que fez por meio do corpo,  segundo o que praticou, o bem ou o mal.
Esta é a razão de estarmos sempre  buscando persuadir os homens acerca do que é bom—e também de como viver com  Graça a vida no presente corpo de morte. 
A experiência de existir neste  corpo mortal é o que nos dá a chance de, pela fraqueza, ficarmos conhecendo a  nós mesmos.
Deus nos conhece. 
Nós é precisamos nos conhecer a nós  mesmos. 
Sei que tenho sido “manifesto” diante de Deus no que sou, e não  temo minha auto-revelação justamente porque conheço o temor do Senhor.  
Quanto mais eu me “manifestar” agora, na Graça, menos terei que ser  “manifesto” depois, perante o Tribunal de Cristo.
O Tribunal de Cristo  “manifestará” tudo aquilo que pela presunção da auto-justificação, nós não  assumirmos como verdade e como necessidade da Graça de Deus em nós, no Dia  Chamado Hoje.
Dizendo isto não estou “recomendando” a mim mesmo como  referência para ninguém. O que faço é tentar dar ocasião a vocês de verem como  uma “vida aberta” e sem “aparências”—mas que se veste da justiça que vem da fé—é  de fato a única realidade que dignamente nos veste aos olhos de  Deus.
Assim é que me exponho e me desvisto de minhas próprias justiças, a  fim de que vocês tenham ocasião de se gloriar na verdade, e também para que  vocês tenham “resposta” para dar àqueles que se gloriam na aparência, e não no  coração.
Alguns acham que estou louco. Mas se enlouquecemos, é para Deus  que e por Deus que enlouquecemos. E se conservamos o juízo, é para vocês que o  fazemos.
E talvez alguém me pergunte: Por que isto?
Ora, é que o  amor de Cristo nos constrange!
Afinal, nossa lógica existencial é  simples, e é dela que vem a fonte de nosso amor. Porque julgamos assim: se um  morreu por todos, logo todos morreram!
Ora, Ele morreu por todos, para  que os que vivem não vivam mais para si mesmos e nem para as aparências do  auto-engano, mas sim para Aquele que por eles morreu e ressuscitou, a fim de  propiciar-lhes uma existência sem medo e na verdade.
Essa é a razão de  não andarmos nos jactando nos feitos da carne e nem nas aparências enganosas de  pseudo-virtudes. 
De fato, as impressões da carne e suas seduções de  auto-justificação, e seus virtuosismos, já não nos dizem nada. 
Ora, até  mesmo a Jesus não conhecemos mais segundo a carne. Houve um tempo em que eu  assim o conheci—como um personagem histórico ou uma informação—, mas esse já há  muito tempo não é o caso. E se um dia assim conheci a Cristo, já não o conheço  desse modo. 
É somente essa experiência de conhecer a Jesus em fé, no  Espírito, e em nosso próprio espírito, aquilo que de fato faz nascer em nós uma  nova criação existencial. 
Por isso é que se alguém está em Cristo, é  nova criatura. Por essa mesma razão é que se pode ter certeza de que as coisas  velhas e antigas já passaram, porque, em Cristo, tudo se fez e se faz  novo.
E quanto a isto não há nenhuma virtude nossa em operação.  
Afinal, todas as coisas provêm de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo  por Cristo e em Cristo.
A maravilha é que além de nos reconciliar com Ele  mesmo em Cristo, Deus ainda nos confiou o ministério da reconciliação.  
Assim, não somos apenas reconciliados, porém portadores da Boa Nova que diz  que Deus estava em Cristo reconciliando consigo mesmo o mundo, não imputando aos  homens as suas transgressões!
Sim, por Sua Graça Ele nos deu o privilégio  de anunciarmos a Palavra da Reconciliação. De sorte que somos embaixadores por  Cristo, como se Deus por nós falasse com todos os homens e os convidasse para  receber, conscientemente e em fé, todos os benefícios da Cruz de Cristo e de Sua  Ressurreição em favor de todos, especialmente dos que crêem. 
Por isto é  que imploramos que vocês se reconciliem com Deus por meio de Cristo. E quando  assim falo, não pretendo fazer com que vocês pensem que o conhecimento histórico  da Vida de Jesus seja o que salva. O que de fato desejo é que vocês se  apropriem, com pela confiança, de algo muito mais profundo. E esta verdade é  simples, porém, uma vez crida, nos dá a garantia de que nossa vida está  definitivamente reconciliada com Deus.
Então, que todos saibam a Palavra  da Verdade que Liberta: 
Aquele que não conheceu pecado, Deus o fez  pecado por nós; para que nele fôssemos feitos justiça de Deus!
Quem assim  crê, mesmo que conhecendo as fraquezas e dores do tempo presente, poderá até  gemer de ansiedade pelo que é Definitivo. Mas jamais o fará com medo e desanimo.  Afinal, para tal pessoa, os sofrimentos e contingências do tempo presente—com  todas as suas relatividades—, não são para comparar com a eterna glória que está  reservada e garantida para todo aquele que  crê.
Nele,
Caio
Em afinidade de fé com o irmão  Paulo
Escrito em: 01/10/2003  
 
								 
								