Quanto a ti, ó filho do homem, os filhos do teu povo falam de ti junto aos muros e nas portas das casas; fala um com o outro, cada um a seu irmão, dizendo: Vinde, peço-vos, e ouvi qual é a palavra que procede do Senhor.
Ele vem a ti, como o povo costuma vir, e se assentam diante de ti como meu povo, e ouvem as tuas palavras, mas não a põem por obra; pois, com a boca professam muito amor, mas o coração só ambiciona lucro.
Eis que és para eles como quem canta canções de amor, que tem voz suave e tange bem; porque ouvem as tuas palavras, mas não as põem por obra.
Ezequiel 33: 30-32
Ezequiel ouvia a voz de Deus e falava ao povo.
Na maioria das vezes sua palavra carregava a denuncia de um juízo que se avizinhava.
As causas daquela destruição eram também apontadas por Deus em tudo o que o profeta falava.
O problema é que apesar das palavras serem de juízo, não deixavam de ser bonitas.
Além disso, havia também aqueles que não gostavam da profecia, mas fascinavam-se com o fato das palavras serem autenticas.
Ou seja: ninguém podia negar que a mensagem de Ezequiel era de Deus e que era poeticamente bela, apesar de carregar a espada do juízo.
Eles convidavam-se uns aos outros a fim de juntos ouvirem a palavra do Senhor pela boca de Seu profeta.
Enquanto Ezequiel falava, eles se deleitavam.
Davam glorias a Deus e embeveciam-se com a Palavra.
Era como ouvir um poeta!
A questão é que o coração deles não estava disposto para a Palavra.
Enquanto o ouviam pensavam apenas no lucro que poderiam auferir pelo simples fato de serem ouvintes da Palavra.
Estavam tomados pela idéia de que a “visita” a Deus era um negócio lucrativo.
Receberiam um “passe” para o chão da prosperidade.
Mas não passava disto.
Provavelmente o apostolo Tiago inspirou-se aqui a fim escrever sua epistola (Tg 1:22-24).
Eles eram ouvintes negligentes, e neles a fé não se fazia acompanhar de obras.
Este texto trás consigo a afirmação de que é possível gostar das coisas concernentes a Deus apenas por habito e diletantismo.
Até o invólucro da mensagem pode ser o álibi para ouvi-la: é bela, ele fala bem, as construções são lindas!—e Deus fala com ele e por ele!
Mas e daí?
Deus não está à procura de um lugar na Academia de Letras e nem Seus profetas jamais tiveram a gloria humana como ambição.
Bem, isso foi assim nos dias de Ezequiel.
Hoje a mensagem não é nem profética e nem bela.
Aliás, não há mensagem.
Ficaram os louvores e o falar bem do nome de Deus.
Foi o que restou.
Ah! Também o lucro. Inclusive com os louvores a Deus, que virou apenas “mais um mercado”.
A verdade nós sabemos.
O que fazer com ela, é que Deus deixa com a gente.
E você, o que fará’?
Caio Fábio