GRAÇA SEM TETO
Estou muito feliz com a resposta que meus últimos textos têm provocado em milhares de pessoas.
Todos eles são textos muito simples e tratam acerca da extensão da Graça em nós: para dentro e para fora do ser — no íntimo, como vida no “secreto”; e publicamente como expressão da existência em missão no mundo.
De fato não digo nada novo.
Todos os meus 120 livros anteriores tratam das mesmas coisas; sempre ampliando o conceito de Graça, conforme o exemplo do livro “Uma Graça Que Poucos Desejam” (sobre dinheiro e contribuição – 1986); ou ainda de acordo com a série “Divã de Deus”- I-II-III; ou conforme toda a série de livros extraídos das minhas palestras nos Congressos da Vinde, durante mais de 20 anos.
Entretanto, depois de toda a catástrofe acontecida entre os evangélicos nos últimos 12 anos, com a prevalência da Teologia da Prosperidade contra e sobre o Evangelho de Jesus, a simples idéia de Graça, de favor imerecido, foi banida pelo paganismo dos sacrifícios feitos à base de muita Barganha com Deus (conforme meu livro “Sem Barganha com Deus” denuncia).
Ora, tal realidade histórica gerou um espírito-comum-pervertido pelo anti-evangelho da Teologia da Prosperidade; o qual também corroeu toda noção de Graça, a qual foi exilada do entendimento da maioria.
Assim, ao re-começar toda a jornada, decidi começar do começo, como se eu mesmo estivesse pregando no tempo da Reforma Protestante.
Agora, todavia, com tantos já entendo e crendo, chegou a hora de avançar na Graça e no Conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo, conforme nos convocou Pedro.
O que é fundamental é saber que a Graça é melhor que a vida exatamente porque ela é maior que a vida.
Ou seja: o que se tem na Graça de Deus é toda suficiência para todas as dimensões da existência.
A Graça começa como verdade de Deus para nós, mas seu caminho é levar-nos a tratar da verdade-nossa-em-Deus.
Assim, a verdade de Deus é a declaração de Seu amor para conosco em Cristo — está tudo feito e consumado. Entretanto, a nossa verdade para Deus é feita da decisão que se toma de deixar que a Graça nos trate em verdade em todas as áreas de nosso ser.
Durante anos tenho dito em alguns de meus livros (e mesmo aqui no site em alguns textos) que a Graça não apenas tira o homem do inferno, mas que seu objetivo é tirar o inferno do homem.
Desse modo, não existe Graça sem crescimento; pois a Graça só sobrevive como bem de Deus em nós se não pararmos seu processo em nossos corações jamais.
Celebrar a Graça que inclui e que perdoa tem que nos remeter diretamente a vida grata que obedece por amor e com muita alegria.
Somente um coração grato pela Graça recebida é que se põe voluntariamente no caminho da entrega sem medo.
Se for Graça o que se recebeu e se recebe de Deus, então, para o discípulo, tudo mais é gratidão ativa e criativa na vida.
Quem provou a Graça como amor de Deus, esse já não teme; antes disso, alegra-se na aventura do crescer.
“Graça parada” é como vida morta. Simplesmente não existe tal coisa.
“Graça passiva” é como vida vegetativa. Simplesmente não realiza nada em ninguém.
“Graça barata” é contradição de termos; pois, se é Graça não tem preço a ser oferecido como resposta.
“Graça atributo divino” é loucura; pois, Deus é amor — portanto, Deus é Graça; e tudo o mais que de Deus se possa falar ou discernir acontece como Graça — justiça, verdade, juízo, perdão, santificação e qualquer outro atributo de Deus, nada mais são do que Graça; assim como também tudo de bom que se pode provar como fruto do Espírito decorre exclusivamente do amor.
A Encarnação de Jesus é o Beijo da Graça e da Verdade entre os homens, no meio da história de nossas percepções.
Ora, estou escrevendo estas coisas apenas porque minha ênfase nos próximos tempos será no caminhar na direção dessas aventuras na Graça, as quais nos colocam no chão criativo e solidário do amor de Deus entre os homens.
Você vem?
Nele, em Quem a vida não tem teto, como teto não tem a Nova Jerusalém,
Caio
31/07/07
Lago Norte
Brasília