IDÉIAS PERDIDAS NUMA MADRUGADA INSONE

IDÉIAS PERDIDAS NUMA MADRUGADA INSONE

 

1ª O comportamento de uma pessoa revela se ela está amando. Também basta olhar a expressão do rosto e verificar-se-á se uma pessoa está impressionada com alguém ou alguma coisa. Ora, se é assim, como então nos negamos a discernir se uma pessoa está ou não na presença de Deus? Afinal, ser de Deus é amá-Lo e ficar a cada dia mais impressionado com Ele.

 

2ª Se há uma atitude que jamais pode faltar no coração do verdadeiro cultuador é quebrantamento e contrição. Ou seja: a devoção da fraqueza. Só é possível cultuar a Deus me fraqueza.

 

3ª Pobre da pessoa que se apresenta forte e presunçosa diante de Deus a fim de oferecer um culto. Esse culto será à própria pessoa. É de si para si, conforme disse Jesus acerca do fariseu que orava no Templo.

 

4ª O Deus Único só pode ser cultuado em espírito e em verdade—e esta é a verdade: eu sou fraco; e este é o espírito: eu sou nada.

 

5ª Eu sempre fui apaixonado por bichos que falam, como o papagaio, a arara e a curica. Imagine um culto dirigido por papagaios e araras. Eles falam. Imagine que pudessem pregar. Aliás, muitos pregam. Assim, amanhã, domingo dia 10 de julho, uma Assembléia de papagaios e araras se reúne. O pastor arara diz à assembléia de papagaios: “Deus nos deu um grande propósito. Nosso destino é mais elevado e mais significativo que o de todas as outras aves, que não falam”—enquanto isto os papagaios e as araras gritavam: “Glória a Deus! Nós falamos e voamos”. E assim eles farão por muitos anos. Sempre se reunindo para falar as mesmas coisas e depois voar para casa e outros lugares. Eles assim farão até que um dia alguns deles, bem como a arara pregadora, for comida por uma mucura da floresta num domingo depois do culto. Nesse ninguém jamais falará no assunto. Como eles iriam explicar que o pregador havia sido comido apesar de ter o dom da palavra? Nenhum deles teria palavras para explicar. Assim, nos nosso cultos, o pregador diz: “Que bom que estamos aqui neste dia na casa de Deus.” Mas e daí? Somos como araras e papagaios, a papagaiar uns ao outros, e depois a voltar para casa; até um dia no qual seremos comidos por alguma mucura? Nesse dia, à semelhança dos papagaios, ficaremos em silêncio. Afinal, nosso culto não é a Deus, mas às nossas próprias virtudes, sendo a maior delas a capacidade de fazer do culto apenas a fala de bichos que não entendem, mas repetem com muito orgulho o que nem sabem. E se não puderem falar de suas glórias, jamais darão testemunho de sua tragédias.

 

6ª No culto falante a Deus tudo é vão, e os fins podem ser trágicos. Afinal, nos reunimos como numa assembléia de papagaios e araras para falar uns aos outros? Ou nos reunimos para ouvir a voz de Deus?

 

7ª Nossos cultos são tão cômicos e fatídicos quanto esse culto de araras e papagaios. Isto porque no verdadeiro culto não importa quem fala, mas sim se Deus fala.

 

8ª O que dá significado ao culto em espírito e em verdade é se nele Deus fala a mim. Se eu não ouço a voz de Deus, em vão é minha vinda ao lugar do culto.

 

9ª Aprenda isto com o coração e você aprenderá que o verdadeiro culto é quebrantamento e é ouvir a voz de Deus no coração. Não é falação de papagaios.

 

10ª Humilhe-se diante de Deus, mas faça isto sem olhar para o lado. E nunca tente ser mais humilde do que ninguém, pois, nessa hora, o seu culto virará uma abominação.

 

Esta é apenas uma conversa desconexa de uma madrugada na qual o sono me fugiu, de tão cansado que estou estes dias.

 

 

Caio