ÍNDICE DE MALDADE

 

 

 

 

 

 

 

 

—– Original Message —–

From: ÍNDICE DE MALDADE

To: [email protected]

Sent: Friday, April 18, 2008 1:20 PM

Subject: “Helter Skelter”?

 

Caio,

Lembra? Faz um tempão que você comentou… [link: http://www.caiofabio.com/novo/caiofabio/pagina_conteudo.asp?CodigoPagina=0237300007]

Lá você dizia do processo de transformação porque Charles Manson passou até chegar ao “o lado negro da força” e do poder imenso do vácuo existencial humano de puxar a maldade para dentro e sufocar a vida (– Um tipo de “buraco negro” no coração.).

Antídoto? O amor. Como você disse sobre a causa: “carência afetiva que é filha da falta do significado que vem do amor de Deus, dos pais, e dos semelhantes”.

Na época, vi o filme e, desde lá, concordo com sua análise da personalidade de Manson e dos seus infelizes “seguidores”.

Lembrei disso porque, há uns dias, assisti a um programa no “Discovery” sobre psiquiatria forense, onde um dado crime é exposto e, no final, atribui-se uma “nota” ao criminoso, conforme o seu grau de violência, insensibilidade, circunstâncias e tal.

Mas, não é disso que quero falar (– Essa medida “objetiva” da maldade é ridícula e não se presta a nada); quero compartilhar o conteúdo do programa, contendo um resumo da infância e início de vida adulta do C. Manson (ele foi “criado” na prisão, desde novo [está “em casa”, como ele disse ao promotor]) e depoimentos atuais de duas mulheres, ex-seguidoras, hoje adultas.

Manson está com 72 anos, preso e proibido de aparecer/falar em qualquer tipo de mídia há décadas (mas, ainda assim, é o prisioneiro que mais recebe correspondências nos EUA e continua fazendo seguidores “virtuais” de sua “cartilha perversa”).

Bom, as duas moças, arrependidas do tempo de vida que perderam (… não atuaram diretamente/indiretamente nos atos de violência), relataram o porquê de seu envolvimento e do amor e fascinação que o Manson gerava (-Calma, sei que está longo…):

Uma das “hoje” senhoras, participou, nos idos dos anos 70, ativamente das manifestações em defesa de Manson, a ponto de raspar a cabeça e andar/engatinhar “de quatro” em torno do Tribunal várias vezes, juntamente com outras/os, por iniciativa própria, rogando pela libertação de Manson (mesmo “sabendo” que a ordem de matar proviera dele e tudo o mais; tudo o que ele fizesse era justificável).

Pronto, agora, sim, vou ao ponto: a “outra” moça… Igualmente moradora do rancho, ela também começou a se “afundar” no modo de vida proposto por Manson: sexo grupal, perda de identidade, ideologias loucas, drogas vez ou outra… Ela (carente) deu o primeiro passo: começou a fazer mal a si mesma.

Quando, todavia, os crimes aconteceram, e ela – vendo as reportagens de TV sobre o caso – presenciou os demais membros da seita “comemorando” o fato (sim, isso mesmo!), ela ficou tão condoída e surpresa (sequer imaginava do “mal gratuito a inocentes”), que, de imediato, buscou meios e formas de fugir e de depor, o que ensejou perseguições, ameaças e um atentado (envenenamento) que, por muito pouco, não a matou.

Como testemunha, ela “conseguiu” enfrentar toda a tentativa de manipulação, sedução e fascinação dos “olhares”, “jogos de cena” e “modulações de voz” de Manson, que negava qualquer envolvimento no crime. Seu testemunho foi fundamental para a condenação.

O que me impressionou? É que o simples fato de ela “relatar” – décadas depois – o ocorrido faz com que ela “chore” e “se transtorne”; e, ela não fez NADA de mal a ninguém, salvo a si mesma: foi essa réstia de amor no coração dela que lhe permitiu “fazer o retorno”…e bater de frente com o Manson (a esteira do rolo compressor de Manson travou nessa flor…).

Pois é, “Seu Caio”, é  (mesmo) do coração (ausente de Deus) que procedem os maus desígnios; dos que amam o espírito que há no Manson acima de todas as coisas e, por isso, odeiam o próximo com a mesma força com que se amam; digo, “pensam se amar” (enquanto destroem a si e aos outros).

Só queria dizer isso, mano.

Abração

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Resposta:

 

 

Meu amado Habib: Graça e Paz!

 

 

 

 

Eu vejo todas as semanas esse mesmo programa. O nome é Índice da Maldade. Acompanho-o desde que iniciou há mais ou menos quatro meses. É muito interessante. ÀS vezes discordo de algumas pontuações, mas na maioria das vezes concordo.

 

O impacto da criação é, em geral, essencial para a maioria das pessoas. Há, todavia, algumas que, expostas às mesmas circunstancias, acabam por produzir um resultado diferente; ou seja: positivo.

 

Aliás, tanto as pessoas que mais influenciaram o mundo para o bem, como as que o fizeram para o mal, vêm de famílias complicadas, ou de abuso e abandono; ou ainda de total orfandade.

 

Nero, o louco, por exemplo, era um “peixinho” infantil nas piscinas de orgia e pedofilia de seu tio imperador. Foi abusado a infância toda; e viu muitos dos “peixinhos da piscina” do tio serem jogados do precipício do palácio após o tio cansar-se de explorá-los. Ora, isso não justifica Nero, mas nos ajuda a entender sua doença de maldade e perversidade.

 

Entretanto, como as circunstancias não têm poder de carma na vida de ninguém, se surge a maldade no coração da pessoa, e se cresce, é porque a pessoa, em algum momento, abraçou a sombra como se fosse o seu lugar de ser existir.

 

Maldade e carisma quando se juntam criam sempre “mansons” de influência perversa no mundo!

 

Tendência à maldade sutil todos temos. Mas a maioria encontra razões para conter tais ilações perversas. Todavia, há pessoas que parece carregarem uma semente podre na alma; e, em tais pessoas, todo adubo do mal faz a perversidade vingar no coração.

 

O extraordinário é que um desvio pode mudar todo o curso da existência de um ser humano. E, em tais casos, somente uma conversão do Buraco Negro da Alma para a Luz da Vida em Cristo pode salvar tal pessoa de fazer muito mal a si mesma e aos outros.

 

Nossas ruas estão cheias de mansons. Muitos não tiveram a ocasião de se manifestar, mas o potencial está lá; e se alimenta de manipulações e de desejo de controle.

 

Tais pessoas não querem nem amigos e nem namoradas, mas apenas servos discípulos. Eles demandam amor irracional e, muitas vezes, provas de compromissos letais.

 

Sim! É possível ver o perfil deles até no que demandam da namorada no namoro. Querem ser endeusados. Relação com eles somente de submissão.

 

Tudo isto, no entanto, tem a ver com a morte do amor no coração!

 

Somente o amor pode salvar a nossa alma da corrupção que decorre do ódio ou da indiferença.

 

Para mim esses assassinos que não matam, mas que criam os assassinos, são a cara do diabo; pois, é assim que ele age: não faz, apenas induz a fazer.

 

Ora, quando um ser assim vira líder religioso, o que se tem é o que hoje em abundancia se tem: manipulação e controle.  

 

Mano amado: escrevo essas linhas com os dois periquitos australianos pousados na minha cabeça. Os nomes tiveram que ser mudados, pois, meu netinho, o poderoso Mateusinho, mudou para Bibi, a fêmea, e Quito, o macho. Fazer o quê? Escolha de neto é soberana na casa do vovô.

 

Receba meu beijo carinhoso e saudoso. Vejo você amanhã?

 

Nele, em Quem nossa alma tem sua saúde de ser,

 

 

Caio

 

19/04/08

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