JOHN STOTT E O CASQUINHO…

 


 

Em 1989 meu querido John Stott esteve no Brasil em resposta a um convite que fiz a ele.


Pregou no Congresso Vinde Para Pastores e Lideres.

Depois o levei para minha terra amazônica.

Uma semana fazendo o que ele gosta: ver pássaros!

Levei um grupo de cientistas conosco.

Admiraram-se do quanto John conhece pássaros.

O próprio John, todavia, dizia que nunca, em tão pouco tempo, tinha visto tantas novas espécies de pássaros em sua vida.

Tudo transcorria maravilhosamente.

Noites lindas.

Dias indescritíveis.

Muita alegria e comunhão!

Meu amigo Lacio Pontes estava conosco. Foi inesquecível…

Numa daquelas manhãs John saiu cedo, conduzido por um amigo meu. Aí pelas 11 da manhã vejo-o assentado imóvel dentro de um “casquinho”, que é um casco de árvore cavado dentro a fim de virar um pequeno e levíssimo barco…

“Brother” — gritava ele ao longe. Não entendi nada…

Era uma senhora imensamente gorda quem o trazia de volta… e o casquinho já quase afundava com o peso dela — eu não entendia o que o John estava fazendo ali e, muito menos, como não afundaram juntos.

Ele mal respirava… Quieto… Se fizesse algum movimento afundariam… A água estava a um dedo da borda…

 
Um movimento alagaria o barco.

—O que foi John?

—Meu irmão, eu me perdi. Foi um instante. O rapaz se afastou na mata. Eu andei confiante. Um minuto. Ele desapareceu. Eu não sabia mais onde estava.

—E o que você fez?

—Eu fiquei na beira do rio, esperando, esperando…até que passou essa senhora. Pedi ajuda. Não nos entendemos em nada…de repente vi que ela estava chegando aqui.

Rimos muito…


Qualquer um pode se perder. Até o John Stott.
Todos podem ser achados. Até o John Stott.

Um descuido…e…você pode não saber mais onde está.

O melhor é ficar quieto.

Alguém vai passar.

Um casquinho pode ser o livramento.

O socorro sempre vem!

 

Caio Fábio

2003

Copacabana

RJ