JOVEM, MULHER DE PASTOR, E SEM DESEJO POR ELE…
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From: JOVEM, MULHER DE PASTOR, E SEM DESEJO POR ELE…
Sent: Sunday, October 31, 2004 2:27 AM
Subject: JOVEM ESPOSA DE PASTOR, EM PECADO! SOCOOOOOOORRO!!
OLÁ QUERIDO PASTOR,
CONTAREI A MINHA HISTORIA DESDE O COMEÇO PARA QUE VC POSSA FAZER UMA ANALISE MAIS PROFUNDA DO MEU PROBLEMA.
QUANDO CONHECI MEU MARIDO, TINHA 16 ANOS E ELE 26 ANOS.
CASEI-ME AOS 18 ANOS (NOS CASAMOS VIRGENS).
QUANDO NAMORÁVAMOS ELE FAZIA TEOLOGIA, HOJE É PASTOR.
MEU MARIDO É O HOMEM QUE TODA MULHER DESEJA: CARINHOSO, VERDADEIRO, INTELIGENTE…
TENHO UMA GRANDE ADMIRAÇÃO POR ELE. APESAR DE TODAS ESSAS QUALIDADES, NÃO TENHO OS SENTIMENTOS CORRETOS PARA UM CASAMENTO.
EU SOFRO MUITO COM ISSO. PERCEBI QUE HAVIA ALGO DE ERRADO NA LUA DE MEL, MAS, COMO JÁ ESTAVA CASADA, ANALISEI À LUZ DA BÍBLIA, E VI QUE NÃO PODERIA ME SEPARAR.
AFINAL DE CONTAS, ELE É UM ÓTIMO MARIDO.
ENTÃO COMECEI A LUTAR CONTRA OS PENSAMENTOS RUINS COM ORAÇÕES.
TORNEI-ME UMA DONA DE CASA EXEMPLAR. A CASA É IMPECÁVEL: COMIDA BEM FEITA, COM ÓTIMO TEMPERO, ROUPAS SEMPRE CHEIROSAS…
TAMBÉM SOU DEDICADA NA IGREJA E SEMPRE ESTOU AO LADO DO MEU MARIDO.
PEDIA SEMPRE A DEUS PARA QUE ME FIZESSE APAIXONADA PELO MEU MARIDO.
DOIS ANOS SE PASSARAM E EU COMECEI A ENTRAR EM DESESPERO PORQUE A RESPOSTA NÃO VINHA, E EU JA ESTAVA FICANDO CADA VEZ MAIS DESESPERADA, SEM ESPERANÇAS.
COMECEI A ME ISOLAR DE TANTA TRISTEZA, BUSCANDO ME AFASTAR DE HOMENS QUE TINHAM O PERFIL QUE PARA MIM ERA ATRAENTE.
SEMPRE FUI UMA MULHER QUE GOSTA DE ANDAR BEM VESTIDA, CHEIROSA, COM CABELO E UNHAS BEM FEITOS.
SENTIA NECESSIDADE DE ME APAIXONAR ARDENTEMENTE. ENTÃO ME REVOLTEI E PEQUEI CONTRA DEUS. FUI PARA UM DESSES CHATS E ACABEI CONHECENDO UM HOMEM EXPRESSIVO, CARINHOSO E TAMBEM PASTOR. COMEÇAMOS A NOS PROCURAR TODOS OS DIAS NA INTERNET, E EM APENAS DUAS SEMANAS ESTAVÁMOS COMPLETAMENTE APAIXONADOS.
ELE ME FAZIA SENTIR ALGO QUE NUNCA HAVIA SENTIDO ANTES. SENTIA-ME MAIS MULHER, ARDENTEMENTE DESEJADA.
NÓS MORÁVAMOS MUITO LONGE UM DO OUTRO, NÃO NOS VÍAMOS, MAS NOS FALÁVAMOS 3 OU 4 VEZES POR DIA. SENTIA-ME NO CÉU E NO INFERNO AO MESMO TEMPO.
UM DIA COM SEU CASAMENTO E MINISTÉRIO POR UM FIO, ELE LARGOU TUDO, E PEDIU PARA QUE EU FIZESSE O MESMO E COMEÇASSE DO ZERO COM ELE.
COLOQUEI NA BALANÇA E VI QUE TERIA QUE RENUNCIAR ESSA PAIXÃO, AFINAL DE CONTAS NÃO CONVIVIA COM ELE E NÃO SABIA O QUE EU PODERIA ESPERAR DELE.
NESTE PERÍODO ME AFASTEI DE TUDO. TODOS NA IGREJA ESTRANHARAM.
SENTEI COM MEU MARIDO E FUI SINCERA CONTANDO TODO O MEU PECADO.
ELE FOI COMPREENSIVO E DISSE QUE MUDARIA NO QUE FOSSE NECESSARIO PARA SERMOS FELIZES.
REALMENTE ELE MUDOU EM TUDO. UM EXEMPLO É QUE ELE TINHA PRECONCEITO COM MOTEL POR CAUSA DA TAL RELIGIÃO, E HOJE ELE ENTENDE QUE SUA POSTURA FAZIA-ME INFELIZ.
MINHA CRISE É QUE MESMO DEPOIS DA MUDANÇA DO MEU MARIDO, MEU CASAMENTO AINDA NÃO FOI RESTAURADO; OU MELHOR: AINDA NÃO SINTO DESEJO PELO MEU MARIDO.
CLAMO A DEUS PARA QUE EU SINTA O MESMO, OU MAIS TESÃO QUE SINTO PELO OUTRO.
JÁ ESTOU COMO 1 CO 5: “ENTREGUEM ESSE HOMEM A SATANÁS, PARA QUE O CORPO SEJA DESTRUIDO, E SEU ESPÍRITO SEJA SALVO NO DIA DO SENHOR”.
OBRIGADA PELO ESPAÇO. É SEMPRE BOM DESABAFAR. SE POSSÍVEL RESPONDA-ME.
FIQUE NA PAZ DE DEUS.
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Resposta:
Minha querida amiga: Graça e Paz!
Infelizmente casamento não é um concurso de virtudes e bondades, pois, caso fosse, todos os homens e mulheres de boa vontade seriam felizes e amados em seus casamentos, e pelos seus cônjuges.
O sentimento que precisa unir um homem e uma mulher é muito complexo; provavelmente o mais complexo de todos nas químicas de sua constituição.
Amar pai, mãe, filhos, irmãos e amigos, é simples; e trata-se de algo instintual, e que não carrega os aspectos multifacetados do amor conjugal.
No amor conjugal deve haver amizade, fraternidade, solidariedade, afeição, admiração e generosidade; mas também tem que haver desejo, vontade de pertencer e possuir, sentir tesão e também e sentir desejado, e, sobretudo, uma convergência exclusiva para a pessoa daquele amor; e só para ela.
Desse modo, são tantas as facetas de um amor conjugal, que apenas aceitar a bondade do outro não basta para o coração.
Toda hora ouço pessoas me dizendo que casaram com o melhor cônjuge do mundo, e que amam a pessoa como amigo, e que a respeitam, mas não conseguem passar disso; que para uma amizade é mais que suficiente, mas que para a conjugalidade é insatisfatório.
Uma mulher me contou que foi casada duas décadas com um louco, que torturava a ela e aos filhos. Então, separou-se dele; e ficou anos sozinha, cuidando das crianças. Até que apareceu um homem jovem educado, servil, amigo, generoso, cuidadoso, pronto para tudo, dedicado, e profundamente generoso e compassivo. E como ela estava só, e sua única outra referência conjugal era a de seu ex-estúpido-marido, ela julgou que a bondade e a virtude do rapaz lhe seriam suficientes para satisfazer o coração. Então, descrente de qualquer forma de amor que começasse com paixão, ardor e desejo, decidiu dar uma chance ao moço. Só que logo a seguir descobriu que a bondade não enchia o coração de uma mulher, a menos que se fizesse acompanhar dos elementos básicos que estão na essencial instintual da conjugalidade: amor, respeito, carinho, admiração e desejo.
Ficou alguns anos tentando se enganar e dizer para si mesma que a vida era assim, e que apenas não ser maltratada já era um lucro, mesmo que o ato sexual lhe fosse penoso; mas ela o praticava de modo pudico e retraído, apenas para não humilhar o companheiro, porém sem desejo e sem alegria.
E, assim, sua grande culpa passou a ser relacionada à sua incapacidade de amar alguém tão bom; e foi assim, e de tal modo, que anos se passaram, enquanto ela sofria o seqüestro da bondade; e dizia a si mesma que a culpa era dela; visto que não havia razão lógica para que ela não gostasse de alguém tão bom.
Ora, sua vida virou um inferno. Sim, um inferno de seqüestro pela bondade.
Você está “menina” ainda. Ora, se você estivesse aí pelos 50 ou 55 anos, eu lhe diria que talvez fosse melhor ficar quieta, sossegar o facho, e se concentrar no casamento; posto que, em poucos anos, o “desejo” já não teria tanta importância, mas sim a qualidade do convívio. Mas sendo você ainda tão menina, lhe digo que a insistência no casamento sem o amor e sem desejo, pode levar você a algo trágico, conforme você mesma já percebeu.
Esperar uma catástrofe acontecer a fim de resolver o problema, é sempre adiar a solução a fim de criar um problema maior; e, para o qual, muitas vezes, a solução-final já se apresenta com cara de tragédia.
Por outro lado, esse negócio de se separar porque alguém está pedindo, é também a maior furada do mundo. Se você for se separar, faça isto por você, e por mais ninguém; e não deixe que isto aconteça porque você já está “de caso” com um outro pastor.
O site está cheio desses “princípios da separação digna”. Leia-os. No entanto, avalie a sua situação não em relação ao outro, e que lhe desperta tesão, e não apenas, também, em relação aos “tipos” que lhe suscitam a mesma coisa. Se você se separar, que não seja porque está à beira de um ataque de desejo incontrolável. Sim, caso você se decida pela separação, faça-o em razão do que não existe entre você e seu marido; não do que pode existir entre você e quem quer que seja.
Mas na idade que você está, e com as pulsões e frustrações que você experimenta, caso não trate disso no caminho, e enquanto é tempo, isto, certamente, se voltará contra você, e tratará de você de modo impiedoso; e, para os homens-juízes, você sairá da situação como a adúltera, levando no peito a “letra escarlate”.
O ministério pastoral também não deve ser um seqüestro conjugal. Muita gente fica em casamentos que são o próprio inferno, apenas para não perder o emprego ministerial, ou, então, porque desejam manter as aparências.
O resultado ou é amargura e raiva contidos e reprimidos—e que infelicitam o coração—, ou é traição; pois ninguém há que sendo tão jovem e tão fogosa, que mais cedo ou mais tarde, mesmo sem sentir, não acabe por pular a cerca; e quando vir, já fez; e, uma vez feito, é como diz a gíria: “Trair e coçar, é só começar!”
Portanto, até pelo bem do ministério, melhor é que isto seja tratado logo. E quando você o fizer (se fizer), faça-o com a consciência de que você está sendo profilática em relação a algo que pode ser cancerígeno para a alma, e profundamente angustiante, se feito nas circunstâncias erradas.
Pense no que lhe disse e me escreva.
Nele,
Caio