LADRÃO DE GALINHAS E UM DOCE COMENTÁRIO SOBRE A GRAÇA
—–Original Message—–
From: Christian
Sent: segunda-feira, 3 de novembro de 2003 14:03
To: [email protected]
Subject: Ladrão de Galinhas
E aê Caio…
Tudo bem com você?
Sou estudante de engenharia, moro em SP (embora não goste muito…) e desde julho tenho lido quase que diariamente o site!!
Estou sendo muito bem alimentado com os textos, todos inspirados pelo Espírito do nosso Deus… eles são extremamente profundos e ao mesmo tempo simples, assim como a vida na Graça… simples e profunda… leve, livre de julgamentos e legalismos moralistas!
Eu nasci em um lar cristão, vou a igreja antes mesmo de nascer e cresci nesse meio, onde não raras vezes quis “comprar” a Graça que na verdade sempre foi de graça (por vezes ainda me vejo fazendo isso)… mas graças a Deus, cada dia sofro um pouco menos com as barganhas…
Estou buscando viver essa vida livre em Jesus, e tenho aprendido a cada dia com a sua ajuda, querido Caio…
Muito obrigado!!
Tenho orado pelo seu ministério, para que muitas vidas sejam transformadas aqui (e em qualquer outro lugar, e de qualquer outro jeito… pois Ele é maravilhosamente imprevisível), para a glória do nosso Deus!!
Um grande abraço em amor…
Christian
PS: Segue um texto que eu recebi esses dias… não sei se você já o conhece, é bem divertido… e também meio trágico… enfim, é Veríssimo!
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Resposta:
Amigo Christian: Paz!
Todos nós, de vez em quando, dada a “familiaridade com o ídolo” ainda fazemos umas barganhas-zinhas, mas isso logo passa. Então, você entra na paz!
A fé vem pelo ouvir-ler-internalizar a Palavra de Deus!
Quando a gente menos nota, está tudo lá.
E mais: a gente só nota quando precisa, mesmo!
Deus sempre dá um jeito de fazer a gente ter que depender Dele e viver na Graça.
Receba meu beijão.
Nele,
Caio
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Segue o texto prometido
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Pegaram o cara em flagrante roubando galinhas de um galinheiro e levaram para a Delegacia.
– Que vida mansa, heim, vagabundo? Roubando galinha para ter o que comer sem precisar trabalhar. Vai para a cadeia!
– Não era para mim não. Era para vender.
– Pior. Venda de artigo roubado. Concorrência desleal com o comércio estabelecido. Sem-vergonha!
– Mas eu vendia mais caro.
– Mais caro?
– Espalhei o boato que as galinhas do galinheiro eram bichadas e as minhas galinhas não. E que as do galinheiro botavam ovos brancos enquanto as minhas botavam ovos marrons.
– Mas eram as mesmas galinhas, safado!
– Os ovos da minha eu pintava.
– Que grande pilantra….
Mas já havia um certo respeito no tom do delegado.
– Ainda bem que tu vais preso. Se o dono do galinheiro te pega….
– Já me pegou. Fiz um acerto com ele. Eu me comprometi a não espalhar mais boatos sobre as galinhas dele, e ele se comprometeu a aumentar os preços dos produtos dele para ficarem iguais aos meus. Convidamos outros donos de galinheiro a entrar no nosso esquema. Formamos um oligopólio. Ou, no caso, um ovigopólio.
– E o que você faz com o lucro do seu negócio?
– Especulo com dólar. Invisto alguma coisa no tráfico de drogas. Comprei alguns deputados. Dois ou três ministros. Consegui exclusividade no suprimento de galinhas e ovos para programas de alimentação do governo e superfaturo os preços.
O delegado mandou pedir um cafezinho para o preso e perguntou se a cadeira estava confortável, se ele não queria uma almofada.
Depois perguntou:
– Doutor, não me leve a mal, mas com tudo isso, o senhor não está milionário?
– Trilionário. Sem contar o que eu sonego de Imposto de Renda e o que tenho depositado ilegalmente no exterior.
– E, com tudo isso, o senhor continua roubando galinha?
– Às vezes. Sabe como é.
– Não sei não, excelência. Explique-me.
– É que, em todas essas minhas atividades, eu sinto falta de uma coisa. O risco, entende? Daquela sensação de perigo, de estar fazendo uma coisa proibida, da iminência do castigo. Só roubando galinhas eu me sinto realmente um ladrão, e isso é excitante. Como agora. Fui preso, finalmente. Vou para a cadeia. É uma experiência nova.
– O que é isso, excelência? O senhor não vai ser preso não.
– Mas fui preso em flagrante pulando a cerca do galinheiro!
– Sim. Mas primário, e com esses antecedentes…..
( autor: Luis Fernando Veríssimo)