LEIAM UMA PEQUENA NARRATIVA DO



Amigos do Movimento Caminho da Graça, em todas as suas andanças historiáveis: Estações nacionais e internacionais, bases humanitárias nacionais (SOS RELIGAR) e internacionais (CAMINHO-NAÇÕES), voluntários da Capelania do Caminho e da Al Sakhra.

 

Toda paz!

 

Conversando com a Aninha há umas semanas atrás, disse a ela que pretendia escrever aos Mentores para lhes falar resumidamente sobre a cronologia dos processos que envolvem o Caminho da Graça desde seu início. Isso porque, estando desde o começo por aqui, penso que tenha que ser eu mesmo a fazê-lo, a fim de, ao final, propor algumas ideias, especialmente à nova geração de mentores do Caminho, após lhes dar uma antevisão histórica de como e com que intenção as coisas se originaram dentro do Movimento. Vou falar a partir do meu ponto de vista e experiência pessoal, visto nem ter como ser de outro jeito; sou só mais um caminhante entre vocês todos, e não sou idealizador das coisas, mas seguidor e servo delas…

Quando o Caio me convidou, há 8 anos atrás, para servir aos irmãos atingidos pelo conteúdo do site www.caiofabio.net, ele reunia já reunia o Caminho da Graça em Brasília e me incentivou a iniciar minha própria Estação em Santos, que até hoje se encontra regularmente sob a mentoria de muitos manos amados.

O livro SEM BARGANHAS COM DEUS acionou a Doce Revolução e não entendo como possa haver entre nós quem não o tenham lido. No começo, passei um pouco mais de 3 anos correndo feito um louco por todo Brasil, com o peito entupido de paixão pela Causa, e pronto a conquistar aquilo para o qual também fui conquistado.

Depois desse tempo, tínhamos em torno de 40 Estações e múltiplos encontros entre todos. O Caio pessoalmente foi a várias, especialmente num evento aqui no Estado de São Paulo, que chamamos de Caminhada Paulista. E providenciamos a publicação do booklet CAMINHO DA GRAÇA PARA TODOS, que serve de guia para todo mundo que deseja iniciar uma Estação, e hoje, em edição mais completa, se chama UM SÓ CAMINHO. Lembro que não tinha lugar onde eu fosse que não existia muitos desses livrinhos circulando de mão em mão, bolso em bolso, em meio a olhos que brilhavam com a alegria da descoberta da possibilidade de uma nova vivência de “Igreja”.

Mas um dia em Brasília, eu disse: Pastor, tenho que sair da supervisão nacional. Minha vida está ficando muito complicada (eh, eu pensava que estava…rs) e está na hora da sua ideia de rotatividade começar e outra pessoa assumir os cuidados com o Caminho da Graça. Até porque há também muita gente lá fora do país respondendo ao Evangelho pregado já também na www.vemevetv.com.br com muita fome e sede de Deus. E foi aí que me coloquei a passear pela Terra e rodear por ela! rs. Esse serviço, para fins de comunicação virtual, foi designado CAMINHO-NAÇÕES. Desse modo, o Caminho-Nações era simplesmente o Caminho da Graça fora das fronteiras brasileiras, e sempre que se via o logotipo azul do Caminho com os traços que dão a ideia de um globo, em seguida já se via endereços, contatos, agendas e videoconferências para o contexto internacional. Comunicação visual… Mas estamos falando ainda de comunidades de fé e encontro ao redor do Evangelho e da Mesa do Senhor. O Caminho-Nações no mundo é o Caminho da Graça. O Caminho da Graça no mundo chamamos de Caminho-Nações. As Estações internacionais são Estações do Caminho da Graça.

Enquanto no Brasil apareceram as supervisões regionais… No “Caminho” entre as Nações fui designando mentores em cada continente, visto que eu também já me encontrava exausto após outros 3 anos de viagens e capelanias virtuais e telefônicas, tudo nos intervalos profissionais, como é até hoje (nos intervalos)…

Mas aí, antes de terminar o ano de 2009, o pastor Caio recebeu o vídeo-denúncia acerca do infanticídio nigeriano patrocinado pela teologia da prosperidade e sua irmã desgraçada, a Batalha Espiritual. Vamos à luta! Essa é a “pegada” do Caminho, pela própria história do Caio de luta aberta para sanear a igreja brasileira dessa nojeira; e se existe um grupo que podia encarnar esse legado mentoriado, esse grupo é o “Caminho da Graça”, que não tem pudores com a preservação da imagem da “igreja” quando ela adultera o Evangelho. Assim, na Nigéria, pregamos, discipulamos, escrevemos, desenhamos, publicamos, falamos nas igrejas, nas praças e campos de futebol, alugamos uma casa-base e fizemos alianças com quem carrega consciência parecida na região. O “problema” é que, a partir de um determinado dia, passamos a resgatar crianças, o que não imaginávamos inicialmente que teríamos que fazer. Entrou aí uma questão social importante, e por conta disso, abrimos o Way to the Nations (Caminho-Nações na Nigéria, com estatuto de agência humanitária), e registramos também no Brasil uma associação com a finalidade de estruturar o auxílio à Missão. Daí surgiu uma “ONG”: O Caminho-Nações. E sempre que se vê o logotipo do Caminho-Nações (as comunidades do Caminho da Graça no exterior) aparecendo por aí todo colorido, estamos nos referindo visualmente às ações humanitárias na África, ao serviço social internacional. Eu nunca imaginei que abriria uma ONG, e muito menos, de uma perspectiva internacional. Foi fruto da necessidade burocrática de reclamar tutelas infantis, fazer parceiros e receber recursos de modo contabilizado, auditável.

Em 2010, o Caio criou a AL SAKHRA (a Rocha, em árabe) – o desafio de uma rede de discípulos infiltrados em territórios dominados pelo mal. A ideia da Al Sakhra surgiu num contexto de reação a certa inércia do Caminho da Graça de responder e corresponder às propostas de mais ousadia no testemunho público do Evangelho. O projeto é esse mesmo: uma agência que organiza voluntariado para um terrorismo do Bem! Para influenciar no Amor e na Verdade, sem necessariamente se identificar, visto que a Al Sakhra vai em direção a locais hostis. Começamos planejando plantar bases de pregação no mundo árabe! Mas, certa vez em Londres, me apresentaram um vídeo mostrando que a mesma maldade contra pequeninos comercializados na Nigéria por cristãos, ocorria no Senegal, por líderes islâmicos, num país de 98% de muçulmanos. Fiquei pessoalmente muito tocado, e já tinha a experiência de um ano de África. Logo, apresentei para o Caio um campo tipicamente alsakhriano, já que os boletins de missionários brasileiros no Senegal sempre falam de um país que persegue o Evangelho, proíbe cultos cristãos, mata, queima, esfola… (Uau, “é nós”!).

Os voluntários da Al Sakhra foram e viram o fenômeno dos meninos-talibés! E viram também que é mentira que o país seja hostil. É democrático e laico (tenta!), pacífico e amigável. De lá do Campo, recebi o recado: Isso aqui não é para a Al Sakhra, é para o Caminho-Nações (Way to the Nations), porque o drama é grande e o governo quer nos ajudar a ajudá-los! Então, vamos lá, nada de secreto, tudo aberto e oficial. Sai Al Sakhra, entra Caminho-Nações colorido: Abrimos no cartório senegalês o Chemin des Nations (Caminho-Nações no idioma oficial do país, francês) e agora temos a guarda das crianças resgatadas.

E foi assim que em 2013 inauguramos os nossos orfanatos na África. Nunca imaginei que teríamos um orfanato… Muito menos dois! E mais, em simultaneidade! Viver virou mesmo uma loucura diária, de fé e empenho. Muito trabalho! Na Nigéria, assumimos orfanato já existente (James 1:27), no qual começamos agora em Julho o projeto “Oásis no Deserto”, de reestruturação, pra fazer o cativeiro virar canteiro! E no Senegal começamos tudo do “zero”, do nosso jeito, e apresentamos às autoridades o projeto chamado Chemin Du Futur (Caminho do Futuro), que tem por princípio acolher crianças, sustentá-las e educá-las, e não somente fazer com que elas passem pela casa durante o dia e voltem pra rua à noite, como geralmente se faz por lá. Esse projeto está nas gavetas das principais ONGs do mundo que estão sediadas em Dakar para dar suporte financeiro a projetos de envergadura. Eles estão avaliando, avaliando, avaliando…

Enquanto isso, aqui no Brasil, o Caminho da Graça prossegue com muitas Estações, algumas problemáticas escondendo o Caio (quem lê, entenda, e veja se tem cabimento!), seguindo seu fluxo de isolamento, feito Estações-Caramujos; outras, inspiradas nas ações humanitárias do Caminho-Nações, seguem implementando ações sociais de maior alcance em suas regiões, e cuidando de “órfãos e viúvas”. E para além disso, foi criada a CAPELANIA NO CAMINHO, serviço de apoio psicológico e orientação realizada por voluntários, por meios virtuais.

E eu, nessa altura, não conseguia mais dar conta alguma das Estações que temos na Europa, EUA e Japão. Ficaram “jogados”… Migrei involuntariamente da mentoria de um processo de reunião de cristãos dispersos para outro, de acolhimento de crianças-escravas. Foi acontecendo, e admito que a segunda tarefa encontrou em mim um coração remoçado para atuar, ainda que fazer a primeira coisa não seja menos importante que a segunda, e ambas são a mesma: a Pregação de modo verbal ou não da Graça libertadora em Cristo! Ainda prego todo domingo (que posso) em Santos, com todo prazer!

Voltando ao Caminho-Nações: Em 2012, me queixei com o Caio durante um almoço que havia um incrível quantidade de voluntários cadastrados à África, desde gente guerreira que tem doado a vida no cuidado com o próximo até aqueles que nunca ajudaram um velhinho cego a atravessar a rua e querem fazer o conhecido “turismo missionário”. Foi então que veio ao Caio a ideia de aproveitar esse cadastramento para treinar o pessoal em operações de solidariedade e socorro aqui no Brasil. Criamos, daí, a SOS RELIGAR. “SOS” por motivos óbvios: são incursões em bolsões de miséria ou calamidade. RELIGAR, porque a verdadeira RELIG-IÃO é cuidar dos molestados pela tragédia e pelo abandono! E a casa-instituição que recebe o Caminho da Graça em Santos se chama Instituto Religar, e como pretendia colocar a base da SOS lá… combinou!

A SOS RELIGAR começou em muitos lugares. Descentralizada, por ação de agentes locais, caminhantes e seus fraternos amigos. Aqui em Santos fomos postos à prova diante de uma tempestade que varreu Cubatão e desabrigou boa parte da população que mora em encostas e áreas alagadas. Passamos mais de 3 meses cuidando de muitas famílias. Atualmente, a principal atividade é junto aos famigerados e indesejados moradores de Rua. Entretanto, o Sertão nordestino tem ganhado destaque em nossas postagens do Caminho porque cresceu, expandiu-se e carece de reforço, ajuda regular, organicidade, a fim de que continue crescendo e expandindo o serviço prestado ao sertanejo. Por isso tive a ideia de unir as frentes sociais nacionais e internacionais. O Caminho-Nações oferece à SOS RELIGAR a “expertise” de atuar em lugares complicados, ajudando assim a fechar parcerias e iniciar sua atuação com revelância nas cidades onde se instala. E a SOS RELIGAR funciona como um cala-boca na turma que não cansa nunca de dizer “pra que ir até a África se temos miséria no Brasil?” (geralmente, quem assim fala é o pessoal que não faz NADA em lugar nenhum mesmo). A conta para o Sertão é uma poupança aberta na conta corrente do Caminho-Nações, e assim, as frentes humanitárias do Caminho da Graça seguem juntas.

Essas são as REDES DO CAMINHO. E eu sou só um privilegiado de servir aos meus irmãos por essas vias…

E quais são então as propostas, baseado nesse resumo histórico?

Muitas. Pretendo falar a respeito durante Encontro do Caminho no Nordeste, em Novembro, mas posso sintetizar alguma coisa por aqui no grupo, em outro email. Antes, entretanto, gostaria muito de receber de vocês impressões acerca do que foi exposto acima, porque penso que chegou a hora de sintonizarmos tudo, melhorar a comunicação entre as frentes, dar ao Caminho da Graça a devida honra e sinergia às ações. Sim, tudo isso começou na Semente lançada a partir do Portal dos Invisíveis, e tem sido insuflado pela Vem e Vê TV dia após dia.

Na mesma Graça de sempre,

 

Marcelo Quintela