LEMBREI DE VOCÊ NO ENCONTRO DAS ÁGUAS

—–Original Message—– From: Leonardo Mac cormick Sent: sexta-feira, 31 de outubro de 2003 To: [email protected] Subject: LEMBREI DE VOCÊ NO ENCONTRO DAS ÁGUAS Mensagem: Estive no Amazonas a serviço da empresa na qual trabalho. Realmente o lugar é assombroso de bonito. Parabéns pelo privilégio de ter nascido e vivido por lá. Gente bacana e prestativa, fizeram tudo por mim; sem mesmo saber meu nome. Fui a um restaurante flutuante. Almocei um tambaqui a moda Moronguetá! Misericórdia… não conseguia parar de comer. Entretanto conheci na travessia um lugar especial chamado “Encontro das Águas” e fiquei por ali na lancha um bom tempo. Lembrei do Caio Fábio. Pensei como algumas coisas não se misturam apesar de rumarem tão de perto. Podemos rumar para o mesmo lado, mas jamais nos misturarmos com as águas do outro lado, temos uma composição químico-espiritual diferente; e nem homens, nem potestades, nem poderes, nem espada, nem fome, nem igreja poderá nos separar do destino que Deus nos deu. Siga seu destino, ó intrépido Manuara. Deus te abençoe Pr Leonardo Mac Cormick Brasília- DF ******************************** Resposta: Obrigado, meu querido irmão! O “maniqueísmo original” do Encontro das Águas—as águas pretas do Negro não se misturam às barrentas do Solimões—, dá lugar ao Amazonas, que corre seu curso gigantesco rumo ao Atlântico, e corre e desliza como pura ambigüidade. O Amazonas é um rio que carrega contribuições de todas as águas, mistura-as devagar, faz cortes claros como quando encontra o Negro, mas sempre abraça os diferentes e ruma para sua vocação: o Mar. Ele não teme o Encontro com outro gigante como o Negro, apenas estabelece o tempo de reconhecimento, depois acolhe, deixa ainda uma ou outra “roda de água” do Negro se expressar por um tempo, mas depois, o Negro se sente mais confortável viajando como Amazonas. Enquanto isto, por onde esse gigante passa, há vida nele… Deus sabe que eu amo aquela terra, devoro seus cheiros, como seus ventos, vôo em suas brisas noturnas, nos tapetes de odores que sopram da floresta. Peço a Deus que me dê a benção de ser um Amazonas como homem. Pretensioso? Não! apenas apaixonado! A paixão é assim, como o Amazonas, delirante e impossível de se auto-explicar, a menos que se o conheça. Um beijo, Caio