MADALENA, BENTO XVI E A RESSURREIÇÃO



—– Original Message —– From: MADALENA, BENTO XVI E A RESSURREIÇÃO To: Sent: Monday, April 25, 2005 1:28 PM Subject: Maria Madalena foi prostituta? A Graça de Deus está sobre sua vida! Pastor Caio. Estou preparando uma reflexão sobre a escolha de Jesus em aparecer primeiro, após a sua ressurreição, para Maria Madalena. É maravilhoso saber que Ele poderia ter aparecido primeiro para outras pessoas mais “respeitosas” ou mais “capacitadas” da sociedade judaica. Jesus aparece para alguém que possuía características consideradas “indignas”. Era uma mulher (discriminada pelos homens judeus) e era uma ex-possessa de demônios (discriminada pela religião judaica). Para minha surpresa li no site, em Reflexões, um texto seu explicando que Jesus escolheu as pessoas que seriam consideradas anti-marketing nos dias de hoje, para testemunhar a Sua ressurreição. Entre elas Maria Madalena. Achei, como sempre, sua mensagem de uma sabedoria maravilhosa. Me abençoou muito e acrescentou mais conteúdo para a minha reflexão. Gostaria de pedir a sua ajuda na seguinte dúvida. Você escreveu no texto que Maria Madalena foi uma prostituta liberta por Jesus Cristo. Procurei nos Evangelhos base para esta afirmação e não encontrei. Você poderia me indicar na Bíblia onde, especificamente, está registrado que Maria Madalena foi uma prostituta? Muito obrigado pela ajuda. Que Deus continue fortalecendo a sua fé. Fraternalmente, Eduardo Souza ____________________________________________________________ Resposta: Amigo Eduardo: Graça, Paz e Verdade! Não há qualquer afirmação explicita e nem implícita nos evangelhos quanto ao fato de Madalena ter sido uma prostituta. De fato, tal ‘conclusão’ veio a ser incorporada à tradição da ‘igreja’ em razão de montagens de pedaços de evangelhos; e, certamente, quanto a este fato, a contribuição da ‘pecadora’ que beija os pés de Jesus na casa de Simão o fariseu foi incorporada pela tradição como tendo a ver com Madalena. No entanto, não há como se dizer de fato que aquela mulher era Madalena, ou que esta fosse prostituta. Na verdade, quando escrevi aquele texto eu estava tentando mostrar como mesmo se se olhar da perspectiva da ‘tradição aceita’, Madalena jamais poderia ser a 1a Testemunha, posto que por essa mesma tradição ela é uma prostituta. Assim, por qualquer que seja a via, é um escândalo que Madalena tenha sido escolhida para ver antes de todos o Cristo Ressuscitado. Todavia, se viesse a prevalecer o valor do Evangelho de Tomé, Madalena teria que ser considerada uma mulher que exerceu um papel muito mais proeminente e importante durante o ministério de Jesus do que se admite ou considera. Isto porque se as informações contidas no Evangelho de Tomé tiverem algum significado de valor original, então, sem dúvida, Madalena teria sido muito mais intima de Jesus no dia a dia do que se sabe. Nesse caso, ela teria conversado muito com Jesus, e recebido ensinos especiais, alguns deles de modo ‘adiantado’ em relação aos apóstolos, tamanho era o seu interesse em crescer na consciência do Evangelho. No texto atribuído a Tomé a mulher Madalena tem status apostólico, e é tratada com extremo respeito entre os ‘doze’. No entanto, no que diz respeito à Ressurreição de Jesus, não apenas Madalena era ‘inadequada’ para ser testemunha crível, como também inadequados eram todos os demais no que diz respeito à uma escolha que pudesse ser feita por um “marketeiro”.. Usando-se os critérios do Evangelho, do ensino de Jesus, e de Sua pratica, teríamos que dizer que muito provavelmente Bento XVI não estaria entre as testemunhas! Nenhum sacerdote, teólogo, religioso de carteirinha, membro do clero judaico, filósofo, escriba, fariseu, saduceu, autoridade do Templo, autoridade política, ou qualquer outro medalhão da sociedade, foi escolhido para testemunhar o Evento dos eventos: o advento da Ressurreição. José de Arimateia e Nicodemos—ambos membros do Sinédrio judaico—carregaram o corpo de Jesus para a tumba do jardim. Mas é até aí que a religião vai: até a tumba. A religião não vai de manhãzinha no Domingo cuidar cheia de amor Daquele que havia sido amado e seguido todos os dias. Em José de Arimateia e Nicodemos temos o melhor da religião. Neles temos o que de mais humano a religião oferece: cuidados para com os mortos. No mais, a religião não sabe lidar com os vivos, quanto mais com o Ressuscitado! Tudo no Evangelho é escândalo e loucura. A coisa toda é inaceitável e inadmissível. Do nascimento à ressurreição Jesus é um choque, um escândalo, uma total impossibilidade, um perigo absoluto, uma espada ferina, um objeto de contradição, para que se manifestassem os segredos de muitos corações. Assim, não apenas Madelena, mas a coisa toda, sem exceção, é total e absurdo escândalo. Afinal, que homem, culto ou não, religioso ou não, ficaria de pé, às cinco da manhã, diante de uma tumba chorando? Mulheres, todavia, mesmo quando visitadas pela desesperança, vão ao lugar da dor, e, por essa mesma razão, são elas que muito mais freqüentemente encontram as surpresas de Deus. A ‘igreja’, todavia, jamais entendeu que pensar como o ‘mundo’ é ser incapaz de discernir isso. Assim, ela cria obstáculo à ordenação de mulheres—fez isso toda a sua existência institucional—, considera autorizados ao papel espiritual apenas homens cultos e bem instruídos conforme suas leis, e estabelece como ‘testemunhas’ de Cristo aqueles que não agüentariam andar com Jesus, como certamente seria o caso do Papa Bento XVI, que não conseguiu nem mesmo tolerar o testemunho da Teologia da Libertação em sua defesa dos pobres. Assim, a coisa toda é uma grande palhaçada, e eu não me conformo de ver aquele monte de homens grandes brincando de representantes de Deus na Terra, imitando os modelos aos quais Jesus jamais se associou, ou que mesmo denunciou. O diabo gargalha quando vê Bento XVI de representante de Jesus na Terra. Que ironia! Por essa razão, eu digo: Deus, todavia, gargalha sobre o diabo e sobre Bento XVI, pois, as testemunhas da Vida e da Ressurreição continuam a ser os verdadeiros Pedros, as Madalenas e Marias, os Joões e os Tomés, e os Paulos que nasceram fora da hora, do tempo, do lugar e das circunstancias chamadas ‘ideais’. Receba meu carinho e meu desejo de que o Escândalo do Evangelho jamais perca seu poder sobre a sua vida. Nele, em Quem Madalena não deixou ninguém a ver navios (diferentemente da letra da música do Chico Buarque), Caio