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From: MAIS: HOMOFÓBICOS CONTRA HETEROFÓBICOS – bem mais…
Date: 15/08/2007 15:38
Subject: HOMOFÓBICOS CONTRA HETEROFÓBICOS
Prezadissimo Reverendo Caio!
O seu texto é histórico e admirável. Quanta lucidez e sensibilidade.
Ocorreu-me apenas uma dúvida e fraternalmente desejo colocá-la. Usarei para tanto uma proposição do grande psicólogo Carl Rogers, que dedicou boa atenção ao fenômeno da comunicação entre as pessoas.
Rogers partia do seguinte princípio: há ruídos de comunicação que têm sua origem no não entendimento correto daquilo que se ouve ou lê. Daí, ele propõe como um jogo: quem está desejando entender melhor diz o que entendeu e pergunta ao outro se é isto mesmo. Na seqüência, o outro diz o que entendeu sobre o que foi perguntado e diz o que entendeu. E assim a coisa segue, até que as partes concluam que estão bem entendidas sobre o que escrevem ou falam.
Então, vamos lá:
Eu entendi que o seu texto desautoriza guerras teóricas em torno da homossexualidade ou da heterossexualidade em nome de Jesus, porque ele demonstrou amor por ambas as manifestações, sem a necessidade de estar dando justificativas específicas, desde que o mandamento do Amor não exclui ninguém.
O que não entendi: se a partir do raciocínio acima fica excluída ou não a necessidade de esclarecimento quanto à homofobia manifesta por vozes ditas religiosas.
Desde já sou imensamente agradecido pela sua atenção.
Paz em Cristo,
Edson Nunes
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Resposta:
Edson querido: Graça e Paz!
Numa sociedade democrática e dita civilizada conforme os parâmetros de ambição humana do “Cristianismo” subjacente na cultural ocidental, é direito de indivíduos e de grupos o manifestarem-se conforme suas consciências acerca de abusos que sintam serem perpetrados contra eles.
Assim, que se ande nos ditames da Constituição e nos melhores pilares do respeito humano que a consciência da Humanidade produziu. Para isto existem fóruns e representações próprios — diria o legislador romano diante dos judaizantes que acusavam Paulo de libertinagem e subversão (Atos dos Apóstolos).
Ora, com isto eu não digo que esse é o caminho do discípulo. Não! Digo que este pode ser o caminho do cidadão.
Entretanto, o que digo não é jurídico, é espiritual; e só se discerne espiritualmente.
Tudo o que disse acima é humano, e humanamente bom e digno. Afinal, a lei foi feita para transgressores, segundo Paulo, e, em havendo transgressão contra a vida, os fóruns e ministros da justiça humana, quando justos são, tornam-se ministros de Deus na busca de conciliações ou de justiça entre partes em divergência.
Todavia, nenhum dos meus textos trabalha com categorias terrenas. Pois, se quero pregar o Evangelho, tenho que crer e viver por outra justiça; a qual excede a dos “escribas e fariseus” — grupos esses [sempre-vivos-mortos] que no momento guerreiam entre si em razão de uma questão Moisaica-Freudiana: o lugar do pênis no mundo.
Ora, se alguém quer viver conforme os direitos das leis deste mundo, tanto pode atacar quanto se defender usando a lei. No Evangelho, todavia, não é assim.
O Evangelho não ensina nenhuma transformação pela legislação. Ora, o Evangelho diz que a Lei de Moisés não foi capaz, e apenas gerou transgressores hipócritas; portanto, como poderia propor a cura pela legislação?
Se legislação curasse o Brasil seria o Paraíso da Sanidade Integral!
O problema é que ação gera reação, e, assim, a neurose homofóbica gera a paranóia heterofóbica.
A neurose homofóbica se manifesta geralmente em religiosos cristãos talibanenses; e a paranóia heterofóbica se avoluma na resposta agressiva dos homossexuais que hoje têm amparo Constitucional (exceto em alguns países islâmicos) para enfrentar qualquer que seja a Santa Inquisição de Morais e Costumes.
O que daí procede não realiza nada senão ódio!
Os homofóbicos dizem que desejam proteger suas famílias das influencias homossexuais na mídia e nas ruas (para simplificar).
O problema é que se ausência de mídia homossexual ou demonstrações do gênero impedissem o surgimento de homossexuais na terra, não haveria homossexuais entre os islâmicos e nem tampouco entre índios ou povos primitivos.
Quem assim pensa nega a complexidade caída da natureza humana; e, lá no fundo, crê mais na lei que no poder do amor.
Os que severamente pensam que podem coibir tais coisas lutando e rosnando contra elas, sem o saberem [usando não Rogers, mas Jung], criam nuvens de densas sombras psicológicas sobre seus próprios filhos; de tal modo que a maioria dos que hoje, tendo filhos pequenos, tornam-se os “Templários” dessa Cruzada contra os Homo-infiéis [usando a terminologia dos Cruzados], sem o saberem estão criando seus pequenos filhos para tornarem-se gays; e isso em razão de que a pulsão de ódio (mal; a árvore é do bem e do mal) surgirá como desejo curioso e futuramente compulsivo em seus próprios filhos.
É esperar e ver; e não é profecia, mas apenas experiência pelo conhecimento da História e pela observação humana.
Desse modo, o tiro está fadado a sair pela cu-latra; literalmente.
Se os crentes sinceros têm preocupação com a proliferação de gays na sociedade, então, que façam apenas as seguintes coisas:
1. Que criem seus filhos sem preconceito contra gays, pois, se os criarem preconceituosos, na adolescência ou primeira juventude eles [os pais] pensarão que foram visitados pelo diabo em suas casas; mas o diabo terá sido apenas a projeção da sombra indutora que eles carregavam no coração.
2. Que saibam que a maioria dos gays que surgem do meio “religioso” são filhos desses pais severos em sua obsessão com o tema.
3. Que todo tema único revela um estado de tara apresentada como antítese do desejo enrustido. Assim, ao odiarem os gays eles confessam um desconforto que somente os tentados sofrem.
4. Que a única forma de combater o homossexualismo (que é uma ideologia assim como a homofobia) é apenas sendo natural com a sexualidade; pois, o que o homossexualismo traumatizado procura para se afirmar é justamente um bando de religiosos homofóbicos.
5. Que todo homossexual tem que ser amado assim como todo heterossexual; pois, Deus não faz acepção de pessoas; nenhuma.
6. Que um gay tratado com respeito, na luz, pode até não deixar de ser gay; mas jamais será um viado, uma bicha louca, um travesti, ou um pederasta ou pedófilo. Afinal, quem conhece sabe que por trás de todas as plumas e paetês o que há é um pai tarado de raiva, e um filho disposto a chocá-lo até onde for possível.
7. Que há gays; e outros que são doentes sexuais; assim como há heterossexuais e outros que são tarados sexuais. Portanto, a questão não é legislativa [até que se torne um embate de violências mutuas], mas sim de amor e misericórdia. Afinal, por que tem que ser diferente?
Quanto aos gays [e homossexuais em geral] o que penso é o seguinte:
1. Que ser gay não é normal; e, portanto, quem vive tal condição deve ter o mesmo carinho pelo todo que qualquer pessoa que sabe que seu estilo de vida não é confortável para a maioria, deve ter; ou seja: andar sem hipocrisia, porém, com modéstia e discrição.
2. Que é um direito cidadão de qualquer um ter e fazer a escolha sexual que desejar. Porém, assim como sexo se faz em lugares próprios, a pratica [gay] também requer cautelas maiores; pois, gente madura não deseja provocar desnecessariamente quem pensa e sente diferente.
3. Que nenhum homofóbico se converterá à misericórdia aos gays, se os gays não se converterem à misericórdia para com os homofóbicos.
4. Que o ser gay com honestidade é uma coisa; mas que o ser militante do homossexualismo é outra completamente diferente; pois, o militante do homossexualismo é um pregador à moda chata de um pentecostal pregador de uma causa que não é natural; já o gay é apenas um individuo dentro de um estado, condição ou mesmo opção pessoal, mas nunca deve entrar numa cruzada de divulgação ideológica de um projeto. Ser gay não é projeto pra ninguém.
5. Que não existe a menor chance de dialogo entre as partes [e nem mesmo é necessário; enquanto as partes forem assim…]; porém, nesse caso, a melhor comunicação é aquela feita pelo silencio da oração e que se expressa por gestos de reverencia humana mútua.
Quanto à lei que li e que se pretende oficializar se for possível, até onde li rapidamente, ela não dá direito especial nenhum aos gays, mas apenas impede que em razão da condição sexual de quem quer que seja, haja discriminação ou mesmo o uso de palavras acintosas.
Ora, eu creio que se fosse o inverso [ou seja: se a maioria fosse heterofóbica], os que estivessem sendo objeto de preconceito, desejariam os mesmo tratamento; assim como [por, exemplo] os negros pediram, pedem, reivindicam, e precisam obter.
Ser negro e ser gay não é a mesma coisa, diria um negro homofóbico. Eu, porém, digo: o preconceito, no entanto, mata do mesmo jeito.
Ora, tudo o que disse acima é apenas a expansão aplicada do que Jesus disse:
“O que quereis que os homens vos façam, isto fazei primeiro a eles”.
Jesus quebra esse carma diabólico mandando que o desejo de respeito seja dado antes, a fim de estabelecer o padrão de tratamento que se deseja receber.
Só mais uma coisa:
Os crentes em geral brigam essas brigas que nada têm a ver com o Bom Combate, entre outras coisas, porque eles crêem que a Bíblia é mais a Palavra de Deus do que Jesus.
Eles dizem que a Bíblia é a Palavra de Deus, e se alguém disser que ela apenas contém a Palavra, tal pessoa vai para a fogueira…
Todavia, assim fazendo, eles cometem um grande erro; pois, nesse caso, como Jesus está contido entre as capas da Bíblia, pela mesma lógica, Jesus não é a Palavra de Deus, mas apenas está nela; ou seja: contido na Bíblia.
Ora, quando Jesus não é a Palavra de Deus Encarnada, completa, explicada, aplicada e interpretada pelos Seus atos e modos de ser — mas apenas o “centro” da Bíblia [sendo a Bíblia a totalidade], o que se estabelece é isto:
Uma moça me escreve e me diz que se ficarmos só com o que Jesus disse a gente fica com muito pouco.
Entretanto, se alguém disser que a Bíblia contém a Palavra, pois, já não a é toda, tal pessoa [a que assim disser] será por essa mesma moça [teóloga] execrada.
E por quê?
Ora, é que os evangélicos, por exemplo, não se satisfazem com Jesus apenas; pois, em Jesus apenas, não há amparo para todos os preconceitos e ações de natureza “Islâmica” [no pior sentido] que eles [certos crentes] gostariam de perpetrar como forma de poder e controle sobre os “pecadores”.
Assim, para eles, a Bíblia é a Palavra de Deus [e isto é bom, pois, sobra o Levitico para baixar o pau nos transgressores sem poder]; e Jesus é o bom-bom; é a cerejinha.
Desse modo, Jesus é contido pela Palavra, mas não é a Palavra; pois, caso o fosse, logo se saberia que desde Jesus a Bíblia apenas contém a Palavra [o testemunho dos apóstolos; e de Paulo; e do escritor de Hebreus; são mais que explícitos a esse respeito]; e contém apenas naquilo
Quem me achar herege, convide a Academia do Saber, e me convide para o embate — eles não aparecerão!
Assim, o que digo tem a ver com Jesus; e, para mim Jesus não é o Centro de nada; Ele é tudo.
Desse modo, o que penso sobre essa briga é ela é do diabo; pois, o espírito dela é diabólico; e quem dela tira todo proveito é aquele que faz os homens se tornarem inimigos uns dos outros; posto que ele mesmo é homicida desde o princípio; e todo aquele que odeia se faz seu filho.
Mas o que digo será severamente combatido; pois, quem não tem o espírito serve no altar das letras da morte, e não mediante a inscrição do Evangelho como amor, verdade, misericórdia e graça no coração.
Aqui fico!
Um abraço, e obrigado pelo modo educado como perguntou.
Nele, em Quem dou minha opinião com a paz de que ela é como Ele se mostrou ao mundo,
Caio
15/08/07
Manaus
AM