MEU FILHO É PREGUIÇOSO!… [1 , 2, 3 ]

 

 

—– Original Message —–

From: MEU FILHO É PREGUIÇOSO!…

To: [email protected]

Sent: Thursday, August 13, 2009 1:30 PM

Subject: O TRISTE CAMINHO DO PREGUIÇOSO/UM PEDIDO DE AJUDA

 

Enviei-lhe em 14.05.2009 uma carta (teor abaixo) pedindo ajuda sobre o assunto que segue. Seu texto alertou-me ainda mais…, mas não há considerações sobre o que fazer em casos como o meu. Parece que a preguiça instalou-se em meu filho e não quer sair mais. O que fazer?

 

———- Forwarded message ———-
From:
Date: 2009/5/14
Subject: AJUDE-ME A AJUDAR MEU FILHO
To:
[email protected]

Caio,

 

 

            Paz e prosperidade sobre sua alma e de seus queridos.

            Adiei o máximo possível a feitura desta carta crendo ter condições de resolver ou achar alternativas que me levassem à resolução de um problema que me angustia crescentemente. Talvez você considere o relato abaixo um pouco confuso e truncado, mas é que minha cabeça está rodando há dias.

            Sou pai de 3 filhos, casado e indo para a casa dos 50 anos. Amo a todos intensamente. Não tenho dúvidas de que daria a vida por cada um deles. Sou livre, espontâneo, alegre, carinhoso com cada um deles (o mais velho beira os 20 anos e o mais novo na casa dos 10). Caio, não tenho problemas financeiros, nada na saúde comprometedor, problemas graves de desajuste familiar, traumas de infância, etc. Tenho percebido um distanciamento familiar crescente, como se apenas nos ajuntássemos para satisfazer nossas necessidades básicas, mas cada um seguindo sua vida e tomando seu rumo. Proximidade, aconchego, envolvimento, empatia estão escasseando num ritmo preocupante. Até meu relacionamento conjugal vem esfriando, influência do que relatarei agora. Sempre acreditei (continuo acreditando) que boa parte dos nossos problemas surgem no âmbito familiar; e que nele devam ser resolvidos. Que precisamos nos envolver, ajudar-nos, cooperarmos, auxiliarmos, dividirmos as cargas (sejam emocionais, financeiras, laborais). Acontece que, enquanto até meu filho mais novo tem prazer em ajudar, seja até nas pequenas tarefas do lar, e minha filha, embora ainda lhe falte um pouco de iniciativa, mas de nada reclama quando solicitamos sua ajuda (seja para lavar uma louça, passar um pano ou qualquer outra tarefa corriqueira) — meu filho mais velho, no entanto, se recusa a ajudar. Alguém diria que aí exista a falta de exemplo dos pais, principalmente do progenitor. Caio, ajudo em tudo! Tudo mesmo. Faço tudo com alegria e prazer, sem constrangimentos, sem ressentimentos, sabendo da importância da consideração de minha esposa como parte mais frágil, absorvendo parte do fardo que ela tem que levar, dando-lhe descanso. Mas meu filho…É muito triste estar lhe escrevendo isto mas a situação está se tornando insustentável.Antigamente ele ainda fazia alguma coisa, com muito custo mas, em geral, mal feito e resmungando. Ultimamente nada tem feito por mais que tenhamos solicitado, ao contrário, desfaz o que é feito e se irrita quando lhe questionamos o motivo deste comportamento. Particularmente, decidi não pedir mais nada. É desgastante solicitar ajuda e simplesmente ser ignorado. Minha mulher tomou o mesmo rumo e isto me preocupa. A sensação que tenho é que meu filho quer alguém para sustentar sua barriga, cobrir seu corpo e que não lhe importune em nada. É chegar, sentar, ligar a televisão enquanto vai sujando a casa, bagunçando tudo, aborrecendo os irmãos e ignorando os pais. Há poucos dias minha mulher interrogou-o, mais uma vez, por que ele agia desta maneira (se era por preguiça) e ele respondeu que não. Quando era menor até chorar acontecia quando lhe mandávamos realizar alguma tarefa. O pior é que sinto que ele está ficando cínico e indiferente. Não vejo sinais de uso de drogas ou envolvimento em alguma coisa ilícita, embora preocupa-me certa amizade que ele tem. A questão é que ele simplesmente se fecha e sem nenhuma consideração pelo que os pais dizem continua a viver sua vidinha (futebol, televisão, internet). Minha esposa acha que um namoro talvez despertasse ele para um mundo maior, mas nem isso parece haver interesse por parte dele. Cruamente, é como se ele dissesse para deixar a vida dele em paz. Talvez haja um superdimensionamento da questão, mas é que ela vem ganhando contornos asfixiantes e parece não haver nada que o demova desta indiferença. Como minha intuição, mesmo sendo homem, é fortíssima, tenho que encontrar uma solução urgente antes que coisas mais graves se desenvolvam.É chato, irritante, desmotivante, brochante ver um filho a quem você se entregou com tanto amor simplesmente lhe pedir dinheiro e ir para uma mundo distante. E olha que sou calmo, sereno e tranquilo; mas já ocorreu dele irritar-me demasiadamente ao ponto de alterar meu tom de voz (minha vó dizia que falando com um poste teria mais resultados). Os pais de hoje pensam em oferecer conforto em demasia sem perceberem que isto causa inúmeros problemas futuramente. Eu penso em oferecer oportunidades para que meus filhos se desenvolvam, amadureçam, prosperem, compreendam quão importante é sermos honrados ao pai e á mãe e se submetam, em amor, a eles mas parece que esta tarefa encontrou ouvidos fechados. Sei da quantidade de cartas que tu tens a responder, mas escrevo-lhe porque não vi nada parecido no teu site (e olha que leio ele todo dia desde quanto tu começastes). Portanto, se puderes ajude-me ou dê-me indicação de algo que auxilie neste problema.

Um grande abraço.

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Resposta:

 

Mano muito amado: Graça e Paz!

 

O “muito amado” não foi uma hipérbole fraterna, mas o impulso de um coração de pai que encontra outro pai que ama ser pai.

Notei que em meio a tudo existe uma amizade que o preocupa muito…

Notei que sua esposa acha que uma namorada seria uma boa, mas que ele… não está nem aí.

Notei que ele tenta dizer “me deixem em paz”…

Notei que além da preguiça, existe nele uma total dessintonia com a “normalidade da família”…

E, portanto, juntando tudo, notei que você já intuiu que possivelmente a preguiça dele seja uma falta de vontade de viver em razão de que ele não se sinta afetivamente masculino.

Se você tem essa intuição, por favor, me diga; pois, se for isso, o caminho é outro.

Notei também que você é um homem compulsivo no seu amor pela família.

Notei que seu amor é cordato e dadivoso sempre; e isto somente é bom quando quem recebe devolve como reciprocidade; digo: em família. Sim, pois se aquele que faz recebe a mesma coisa que aquele que por preguiça se nega a fazer, o pai que assim procede faz mal no mínimo ao filho que nada faz…, mas tem as contas do prazer ou da nadeza pagas pela culpa do amor paterno…

Jesus amou tanto a um jovem rico e auto-indulgente, que o deixou onde estava e seguiu a viagem…

Notei que seu amor de pai é como a escrita de sua carta: continua e sem parágrafos.

Entretanto, a vida impõe parágrafos, limites, reticências, travessões, ponto e vírgula; além de muitos capítulos, cada um conforme cada qual.

Notei que embora você saiba disso, pois a conclusão de sua carta admoesta quanto a isto — no entanto, para você é difícil praticar o que sabe; em face de que seu amor paterno é “cristãmente” culpado…

Notei que isto empurra você para o “bondadismo”, que é um mal do qual eu já sofri, mas meu filho Lukas me fez ter que aprender a curá-lo em mim mesmo; do contrário, o meu amor cheio de bondadismo o teria matado.

Assim, aprendi a amar de um modo que antes eu não amava. Meu amor era sempre dádiva, nunca uma supressão; sempre um acréscimo; nunca uma privação; sempre supunha que o outro [o filho] reagiria bem ao bem; sem saber que nem todos são assim; e que certos indivíduos precisam aprender o bem pela via da disciplina que produz caráter e resistência ao sofrimento.

O único modo de ajudar o preguiçoso é forçando-o a trabalhar; ou, então, não dando a ele nada além do que a humanidade paterna manda que se dê: comida, roupa, estudo. Nada mais… Pois, tudo o mais será premio à preguiça.

No entanto, se existir a emoção homossexual reprimida nele, a preguiça ganha também o lugar do protesto à não percepção de quem ele seja…

Pondere no que lhe digo, e, havendo sentido, me escreva outra vez.

 

Nele, em Quem nós vivemos para aprender a viver o que Ele chama Vida e Amor,

 

Caio

13 de agosto de 2009

Lago Norte

Brasília

DF

 

 

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 Segunda carta:

 

 

 

 

 

 

 

 

 

—– Original Message —–

From:

To: CAIO

Sent: Thursday, August 13, 2009 3:42 PM

Subject: O TRISTE CAMINHO DO PREGUIÇOSO/UM PEDIDO DE AJUDA

 

Mano amado, abaixo está a sua resposta à minha carta. Irei responde-la no corpo dela mesma. Portanto, você me lerá enquanto de relê.

Vamos lá então.

Falo com você no final de tudo.

Caio

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 Você respondeu:

 

           Caio,    

          Antes de qualquer coisa, obrigado por tuas palavras.

          Comecemos, portanto:

1. a carta contínua e sem parágrafos, não é bem meu estilo, no entanto, a agonia, a aflição de viver o que foi descrito, martelando diariamente em minha cabeça fez-me escrever desta forma ansiosa;

 

Resposta:

 

Eu não quis dizer que você escreve sempre assim, mas sim que aquela sua carta poderia ilustrar muito bem o seu modo paterno e aflito de lidar com a questão, além da falta de pontuação relacional com seu filho, inclusive impondo pontos parágrafos e limites.

Ou seja: me pareceu que a sua carta retrava até em estilo continuo o seu continuo afligir-se por ele e seu amor elástico e continuo também na forma de dar além do essencial, a alguém que não deseja dar o que é devido.

Nesses casos, em casa, como pai, assim como Deus em relação a nós, dá-se o básico — chuvas sobre maus e bons —, mas que abençoa em especial o caminho do filho que se levanta e nada, que ouve e faz, que obedece.

E é interessante que todo homem que não teme a Deus, não se admira quando vê o homem temente a Deus e que anda em amor e simplicidade, prosperando no seu caminho.

Ou seja: no fundo todo mundo sabe como a vida é.

Há muitas formas de amar.

O amor, porém, é o mesmo.

Mas em cada situação da vida o amor tem que expressar a sua face e ação apropriados; do contrario, é o bondadismo que está em ação, fazendo o mal com a motivação do bem, pois compensa aquele que se nega a admitir a existência de todos os que são sua família e casa; o que o torna cada dia mais ingrato e preguiçoso; cada dia mais com direito de se sentir como se sente; e mais: com direitos de demandar que o lixo de sua alma seja o alimento que ele serve aos que o amam. Tolerar isto, compensar isto, é animar a morte como atitude no filho, e a ingratidão preguiça e a preguiça ingrata, em seu coração.

Quando ele quiser decidir como quer viver e tratar o mundo, então esse é o dia em que ele já estará morando na cada dele. Todo filho tem de saber e compreender isto. Do contrário, se vive seqüestrados por caprichos de crianças que se viciam nas doenças do humor perverso e egoísta.

Porém, na sua casa, em uma família simples e normal, sem abusos, permitir que ele se faça assim, e não enfrentá-lo, é fazer-lhe mal.

Dói. Dói muito. Cansa. Mas tem-se que domar nele a besta ingrata, preguiçosa, indiferente e inafetiva, antes que isto destrua a existência do seu filho.

Entretanto, isto tem que ser feito com limite, obrigação, imposição da obrigação e de seu cumprimento; bem como tem que impor limites inegociáveis de relacionamento e respeito.

É assim que o Pai faz comigo e com você, com Suas mãos invisíveis e com Seus modos de sabedoria diversa e imponderável, na qual o bem muitas vezes só vem como enfretamento da vida como perda e privação. Lembra do filho pródigo?

   

2. sim, existe essa preocupação quanto à formação da sexualidade dele. Negar isto seria desonesto comigo, com Deus e com você. Um jeito recatado com as mulheres, embora normal com outras pessoas, inclina-me a suspeitar de tal. Entretanto, hoje, creio mais em timidez excessiva, medo (algo fortíssimo nele – fizemos uma viagem e algumas meninas interessarem-se por ele, chamando-o, convidando-o, mas ele sempre recusava). As constantes escapadas e reclusões para dentro de casa (a maioria das vezes), isolando-se, principalmente na internet (de portas fechadas em orkuts e etc. – pois é o que percebo), nesta fase da vida, fazem-me crer que o problema dele é mais medo de enfrentar a vida, as pessoas. Há até uma menina, vizinha, muito bonita, que ele, vez ou outra, fica observando (jeito voyeur); mas nada de emendar ao menos uma conversa.E estas escapadas em sites causam-me maiores preocupações ainda. Vejo que nesta fuga ele mesmo cerceia a possibilidade de amadurecimento e libertação.

 

Resposta:

 

Creio que você deva manter-se aberto para todas as possibilidades, embora uma pessoa ingrata e preguiçosa, e ainda mais, medrosa, prefira sempre o caminho mais fácil em tudo, menos nas relações familiares; porem, no que tange a sexualidade, o caminho mais fácil para o preguiçoso e medroso, creia, é a homossexualidade. Digo isto de modo simplificado, mas amparado em longa observação. Portanto, não digo que seja isto… Pode ser a apenas a preguiça ingrata, e que é totalmente avessa à vida; e, portanto, suicida, que esteja em operação. E mais: na casa da gente, filho não ter que de ter privacidade absoluta. Isto é invenção do Politicamente Correto. Filho só tem isso quando muda para a própria casa. Se é velho, que se trate como homem, e crie seu modo de viver. Se é jovem e dependente, tem que ter liberdades com limites, mas tudo tem limite ante um pai.

Alguém diria: Jovem é assim mesmo!

Mas saiba e você sabe: jovem que é assim está doente do mal deste século, que é a inafetividade, a qual, muitas vezes, se transforma em preguiça relação; e isto pela falta de gratidão para com a vida.

É a ingratidão dele que me preocupa agora, pois, um ingrato gratuito quase sempre esconde uma anomalia que o faz odiar a vida!

Assim, sem paranóias, apenas tente discerni-lo levando em consideração todas as variáveis. E saiba: seja o que for enfrente de cara limpa, sem culpa e com amor corajoso e firme.

Se um dia ele disser a você que é gay, trate-o com respeito e amor, mas não abra concessões jamais para a ingratidão dele.

O problema gay é “de menos” perto da existência crônica da ingratidão no coração.

  

 

3. sim, já vivi mais sem parágrafos, reticências, pontos e … limites. Você sabe o quanto é difícil ver alguém que você tanto ama agir indiferentemente. Não falo de retribuição, mas em que ele cresça e se desenvolva (ele tem uma capacidade enorme, mas enfiada numa lata de atum). Amar sem deixar-se sucumbir ao jeito machão, mandão, paternalista é tarefa difícil para um pai; mas é como se cada vez que você pedisse um sim a pessoa lhe dissesse imediatamente um não, tentando desestabilizar ou provocar-lhe irreverentemente.

 

Resposta:

 

Mano, não é questão de ser machão, é questão de ser o pai. O pai não é o amiguinho, o pai é o pai; e será o melhor amigo se for bom pai, e será o pior pai se quiser o melhor amiguinho.

Sei que dói. Mas é assim que é. Filho que anda e que é hábil, tem que cedo na vida aprender a fazer coisas para pai e mãe, em casa e fora de casa; pois se não fizerem isto pelos pais, e se não aprenderem desde casa, quem os ensinará a sem simples e próprios em tudo na vida, os patrões, os professores, o Estado?

Você é a cabeça. Você não pode deixar uma mão boba governar a sua casa;  e nem estabelecer os caprichos de seu mau humor sobre a vida dos demais. Ele tem que saber que ele não faz um favor a vocês por estar vivo. E mais: que a vida não o tratará com adulações, e que portanto, você e sua casa não o adularão, pois vocês o amam demais para consentir com isto. Mas lembre: você é o pai. E ponto!

 

 

4. amar sem exigir nada, absolutamente nada, sempre foi a meta. Descobri, no entanto, (talvez esteja errado) que nem mesmo a reação ao bem que fazemos como bem a ele, e que seria mais que o normal e natural, a isto ele não responde. Vejo em suas palavras que até disto temos que abrir mão. Estou certo?

 

Resposta:

 

Seu filho está agindo como um cão mimado. Infelizmente quando o homem vira bichinho ou bichão, a Bíblia diz que ele se torna como a mula ou jumento, sem entendimento, e, então, infelizmente, quem ama o bichinho ou bichão, assim como o tira do buraco em dia de Sábado, também o obriga a andar todos os dias.

Não é brincadeira, mas parece que certas percepções a gente tem que ver ilustradas em outro mundo. Portanto, assista no Animal Planet o programa “O Encantador de Cães”. É sério. E mais: muitas vezes um pai se vê na relação com os filhos nas adulações dos donos com seus animais de estimação.

 

 

5. Parece, às vezes, uma provocação você pedir, gentilmente, que não se faça mais tal coisa e, quase que imediatamente, a pessoa fazer algo ainda mais irritante. É difícil suportar estas coisas, ainda mais no ambiente familiar. E olha que não faço comparações de qualquer espécie entre os filhos.

 

Resposta:

 

É por isto que você não tem que admitir mais isto, para o bem dele, para o seu e de toda a sua casa!

 

 

6. Minha esposa pede mais conversa minha com ele, mas como conversar se ele evita o mais profundo e busca as superficialidades? Como conduzi-lo para outras perspectivas, sempre em amor, se ele se nega (não mudar de residência, não ampliar círculos de amigos, não visitar outras igrejas, não viajar, etc.)

 

Resposta:

 

Mano, amigos não se pode forçar jamais. Visitar igrejas também não. A menos que o filho não saia ainda sozinho. No entanto, que filho deve ter o poder de determinar onde ou não uma família toda tem de morar? Você é o pai. E isto tem a ver com a sua conveniência e de sua esposa. O mais é ponderado. Mas não são os filhos que devem determinar tais coisas. Isto só nas famílias do Fantástico.

Quanto a conversar com ele, comece do superficial, do pequeno para o grande, do bobo para o mais profundo; pois, você tem de alcançá-lo onde ele está. Ele não é você.

 

7. o que fazer, concretamente, em tais casos?

 

Resposta:

 

Você tem que não ter medo de amá-lo sem agradá-lo.

Deus não nos ama com angustias quanto a nos agradar, mas a nos fazer bem, mesmo que doa.

Faça sempre sem raiva, mas com firmeza; e ele pode até acusar de você não o estar amando, mas, lá no fundo, será apenas tentativa de manipular você, pois, creia: todo filho conhece o pai que ama, mesmo quando dói.

 

Receba meu amor e minhas orações por você.

Estou sempre por aqui.

 

Nele, com amor e esperança,

 

 

Caio

13 de agosto de 2009

Lago Norte

Brasília

DF

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 Terceira carta:

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

—– Original Message —–

From:

To: CAIO

Sent: Thursday, August 13, 2009 11:21 PM

Subject: O TRISTE CAMINHO DO PREGUIÇOSO/UM PEDIDO DE AJUDA

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Mano, outra vez responderei dentro da sua carta.

Caio

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Meu querido Caio,

 

                         Gostaria de encerrar esta conversa com algumas considerações:

 

1. há imposições de limites e obrigações. Ocorre que isto acaba se tornando por demais cansativo quando se trata de uma pessoa com esta idade. Veja: tenho uma filha de um relacionamento anterior. Fui desleixado embora tenha me consertado até rapidamente. Deixei de cumprir com aquelas basicalidades (alimento, roupa, etc). Percebi, no entanto, que mais significativo era o amor paternal que poderia dedicar-lhe. Ela vive com a mãe. Um moça extraordinariamente madura, alegre, jovial, inteligente, decidida, auto-confiante, trabalhadora, etc. Ela é aquilo que nós costumamos dizer: tudo de bom. Viveu momentos difíceis, um pai ausente, dificuldades financeiras, uma certa indiferença…, mas nada disso parece ter deixado marcas significativas na vida dela. Meu filho recebeu atenção, cuidado, apoio; mas vive como se nada lhe agradasse suficientemente;

 

Resposta:

 

Há estudos que mostram que os “órfãos” são, em geral, as pessoas mais produtivas na “média” em todo mundo.

E por quê? Porque tiveram que viver sabendo que se não cuidassem de si próprios… ninguém cuidaria deles.

São os excessos que em geral corrompem a gente…

Sim, inclusive excesso de amor protetor…

Na realidade nós somos hoje os únicos habitantes do Planeta que não têm mais ritos de passagem e crescimento para os filhos…

Todos os animais mamíferos cuidam de seus filhos e vão cada vez mais estimulando-os às tarefas do cuidado pessoal e do grupo… Há ritos e passagens em tudo… A cada idade uma nova responsabilidade… Até que chega o tempo de empurrar para a caça, para a vida, para a adulteza, ainda que jovem.

Se você ainda hoje for a comunidades humanas bem básicas, você verá que aos 12 anos quase todo menino vira homem, e, daí em diante, novas responsabilidades passam a pesar sobre eles.

Na realidade, nossa noção de amor é romântica, dengosa e perversa em relação ao fluxo da vida.

Quem ama sabe que a existência é perversa e que o filho terá que ser preparado desde cedo em relação ao impacto da realidade; e isto somente é alcançado mediante a exposição da criança a responsabilidades crescentes desde sempre, conforme a etapa da vida.

Sim, cansa; e cansa muito ver um homem grande, amado, bem tratado, ficar assim… No entanto, não se pode cansar. Tem-se que enfrentar sempre… Não pode haver desistência… Educar dá muito trabalho… E quem ama não pode desistir da perseverança, pois, um dia ela paga.

  

2. às vezes penso em algo de natureza orgânica, mas acabo por descartar de imediato. Neste momento estava cantarolando algumas músicas do VPC, alegre, descontraído. Se, no entanto, solicitarmos ajuda em algo o humor transtorna-se. Continuo solicitando ajuda?

 

Resposta:

 

Enquanto ele morar na sua casa, comer do seu esforço…, creia: ele não tem que ser solicitado, ele tem que ser ordenado [já que ele é tolo e preguiçoso], e precisa obedecer, ainda que ande largando os pedaços de humor ruim pelo chão… Não tenha pena do que nele é ruim. Ele não pode ser poupado. É para fazer?… Tem que ser feito!

 

 

3. não existe concessão em relação a mudanças de residência, visitas ou viagens? Apenas uma chateação por ele agir assim tão rude e ranzinzamente deve ser punida? Neste ponto não fazemos concessões;

 

Respostas:

 

Disciplina é o ensino prático. O castigo, no entanto, que decorre da indisciplina, deve ser aplicado naquilo que o indivíduo realmente dá valor, e não nas banalidades. Ele tem que aprender que na existência as recompensas decorrem do trabalho, sempre; e que ninguém o tratará na vida como você e sua mulher têm feito. Sim, a vida não ama com romance… Na vida, quem trabalha, prospera; quem se posiciona, recebe; quem busca, encontra…

 

4. existe algo que acabei por não relatar: minha esposa, às vezes em demasia, protege-o excessivamente. Levar à escola, à igreja, à casa de um amigo, ao clube, etc. Insisto com ela tentando fazê-la ver que isto acaba por mimá-lo e torná-lo passivo, mas as questões de segurança sempre acabam por ela insistir nestes procedimentos. Sempre insisto que já passou da hora dele caminhar com as próprias pernas, mas ela parece não crer.

 

Resposta:

 

O rapaz tem 20 anos! Que é isto? Ou ele vira homem agora ou quando virará?

Se mãe o trata assim, que estimulo ou forçação haverá para que ele seja um homem na vida?

Se não se começa do pouco, como ele alcançará o muito?

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