MEU FILHO ESTÁ PRESO NO EXÉRCITO…

 

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From: MEU FILHO ESTÁ PRESO NO EXÉRCITO…

To: [email protected]

Sent: Thursday, July 23, 2009 11:07 PM

Subject: Pedindo ajuda!

 

 

 

Prezado Caio,

 

 

Meu filho está indo para o terceiro mês de prisão no Exercito devido a ato de insubordinação.

Após a terceira semana de caserna começou o problema…

Meu filho entendeu que aquilo não era para ele e resolveu abandonar tudo.

No decorrer deste intervalo ele conseguiu fugir do quartel e foi capturado.

Ele estava indo ao seu encontro em Brasília…

Eu já assisti a suas palestras e não captei em nenhuma qualquer coisa na qual você incentivasse tal procedimento.

Por isso estou pedindo a sua ajuda; pois a família está sofrendo, principalmente a mãe.

Por favor, envie uma mensagem para ele.

CONTO COM VOCÊ.

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Resposta:

 

Meu querido amigo e companheiro de experiência de paternidade responsável e amiga: Graça e Paz!

 

Quando encontrei e fui encontrado por Jesus eu estava já a caminho do Exército.

Apesar de ter tentado escapar, não consegui; e fui me apresentar para “perder um ano no Exercito” — pois era assim que me sentia; especialmente em face da paixão total que Jesus exercerá sobre mim, o que gerara uma intensidade existencial e de sentido que minha existência desconhecia; e eu queria contar isto ao mundo todo.

Resignei-me e fui… Depois vi que se o Senhor estava permitindo aquilo naquele momento da minha vida, era porque aquele era o melhor Dele para mim.

No dia da apresentação e das pesagens finais, fui logo separado para a Polícia do Exército, posto que para a época eu fosse um jovem alto, com 1.80 cm; e todo em shape por causa do Jiu-Jitsu, o que me fez de saída “vocacionado” para a PE.   

Estava lá, sentando, triste na espera da designação de qual Quartel iria, quando, de súbito, veio um Coronel correndo e gritando; e dizia: “Todos para ali… Vocês são voluntários para doar sangue com urgência. Houve um acidente de ônibus e o Hospital não tem sangue. Corram!”

Fui para o lugar indicado e fiquei como o segundo na fila de doações de sangue.

O Coronel disse que ele daria o exemplo e seria o primeiro a doar. Então caí para terceiro na fila. Mas só havia dois leitos. Deitaram-se o Coronel e um caboclo parrudo, imenso, com braços de estivador…

Quando meteram aquela agulhona antiga e rombuda que era usada para retirar sangue, o Coronel gritou… “Aiiii!…” Então disse: “Está bom!… Venha outro!”

Enquanto ele saía e eu entrava no lugar dele…

Então, enfiaram a agulha no braço do caboclo…

O bicho gritou e desmaiou…

Então correram todos os que estavam atrás de mim…

Olhei e vi que o “contingente” havia se dispersado…

Eu ficara só…

O Coronel gritava: “Não saia daí… Entre logo aqui!”

Ele saiu e eu deitei.

Doei o sangue. Acabou logo. Não entendi a razão do Coronel e do caboclo terem gritado, sendo que o caboclo desmaiou… Mas o importante era que eu havia doado o sangue.

Lá fora os demais corriam pelo campo de futebol fugindo do “voluntariado” para doar sangue…

O Coronel esbravejava…

Conseguiram laçar alguns e levar no peito para a doação…

Ao final ficamos sendo “gozados” pelos malandros que fugiram…

“Otários! Bons moços! Doaram sangue. Heróis. Babacas!’ — era mais o menos o que diziam.

Fiquei quieto. Pedindo a Deus que durante aquele ano de Exercito em não perdesse a cabeça e, assim, não viesse e encher a cara de uns idiotas que seriam meus companheiros de caserna.

Os reflexos de luta e briga estavam completamente à flor da pela ainda. Eu temia não agüentar provocações.

Então o Coronel apareceu e pediu para os 8 ou 10 que tinham a marca do esparadrapo que puseram sobre a picada da agulha, que se dirigissem ao Departamento de Dispensa do Serviço Militar; pois ele havia considerado a nossa “bravura” um sinal de aptidão para a dispensa como mérito.

Assim, fui salvo do Exercito pelo sangue…

Mas se não tivesse havido aquilo, eu teria ficado e servido até ao fim. E mais: pregaria o Evangelho lá dentro até o último dia!  

Portanto, o que digo a você como pai e ao seu filho, a quem dirijo também este mesmo e-mail, é que em minha opinião fará bem a todo rapaz apaixonado por Jesus, a experiência de servir a contra gosto alguma coisa, inclusive o Exercito; posto que esta nova geração entrega os pontos muito facilmente, e, além disso, quase todos estão viciados no conforto.

Portanto, filho, se sua vinda a Brasília tinha a ver com alguma coisa que em mim você viu como incentivo ao ato, saiba: Eu jamais recomendaria isto a você; assim como não consentiria que nenhum filho meu tratasse sua responsabilidade dessa maneira.

Deixei todos os meus filhos se virarem em relação ao Exercito. Sim, mesmo conhecendo inúmeras autoridades. Eles, entretanto, foram; e os que se livraram o fizeram por conta própria; e o Lukas, o último a se apresentar, foi servir quando não estava nem tão bem, mas julguei que a disciplina lhe faria bem.

Não serviu por decisões do Exercito.

Assim, meus queridos pai e filho, digo a vocês o seguinte:

É bom para o jovem suportar o jugo na sua mocidade. Assente-se, pois, quieto; e fique em silencio!

É isto que diz o profeta Jeremias!…

Todo lugar pode ser lugar de serviço a Deus!

O Exercito do Brasil pode ser um deles!

Recebam o meu amor e carinho!

 

Nele, que serviu mais do que ao Exército, mas sim à loucura da humanidade,

 

Caio

24 de julho de 2009

Lago Norte

Brasília

DF