—– Original Message —–
From: MEU MARIDO AMA ELETRODOMÉSTICOS
Sent: Monday, February 19, 2007 4:50 AM
Subject: Oi, Caio!
Olá amigo!
Serei direta!
Sou sua conterrânea. Vivo entre a Zona Franca e a Floresta!
Imagine. Uma amazona como eu; e meu marido não me queria. Era de enlouquecer…
Chegava em casa e fica na televisão, no suco, no chinelo, até dar sono…
Ia dormir…
Nunca queria nada comigo…
Quando eu ia atrás dele, sempre tinha desculpa. Cansado. Tava quente. Tava tarde… Tava qualquer coisa…
Beijo? Nunca! Dizia que ficava sufocado. Casamos sem beijar e ficamos sem beijar…
Cansei. Me sentia um lixo. Cansei de ser como uma mulher celibatária embora casada…
Encontrei alguém da fé. Casado. Como eu; muito mal casado. Mas foi como reconhecer a pessoa de sua vida numa única olhada.
Era ele. Me apavorei…
Ele me olhou do mesmo modo.
Mas era impossível. Casamento, igreja, e os filhos dele. Tenho uma filha de 18 anos, do meu 1º casamento.
Como resolver isso?
Entregamos a Deus. Demos uns beijos (já nem sabia mais beijar…), mas nada fizemos além disso…
Ele contou pra mulher dele; e eu pro meu marido. De minha parte foi tudo sem brigas. Ele disse que ia sentir muita falta do DVD e da TV à Cabo. Então dei pra ele… Já pensou? Você se separa e o cara sente falta da Sky?
Hoje quero aprender a ser feliz sem pisar
Não quero isto; não busquei isto; não planejei isto; não gosto que seja assim…
Agora quero saber como equilibrar paixão e amor!
E também quero dar passos certos. Não quero mais errar…
Me ajude!
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Resposta:
Minha querida amiga e irmã de fé: Graça e Paz!
Não dá para ficar casada com alguém com um homem que tem “desejo” pela televisão e pelo DVD. Três é demais.
Aqui em Brasília tem um lugar chamado Feira do Paraguai. Lá tem de tudo. TVs imensas e Dvds enormes e modernos.
Se ele for ele criará um harém de eletrodomésticos.
Que pena que foi tudo tão tolo; e tão tolo tudo. Sim! Que pena que ele sentiria falta apenas da televisão e do cabo (nem disso: você deu o cabo e a televisão para ele). E que pensa que ele passou anos da vida casado com você pra poder ver televisão e ter cabo. Mas, pelo menos, não está doendo para ninguém. Digo: do seu lado.
Sobre o novo relacionamento, apenas considere o seguinte:
1. É cedo pra saber se você o ama e ele a você. Carência confunde muito as coisas. Portanto, vá conhecendo; bem devagar. O amor de faz conhecer com algum tempo. A paixão é que despreza o tempo e o convívio.
2. É cedo demais para juntar as coisas ou assumir o relacionamento. Afinal, você não deseja toda a projeção de ódio que virá da ex-mulher dele. E saiba: se essa for a única e confessada causa, tal ódio inevitavelmente virá. E fará mal ao relacionamento de vocês.
3. Paixão é loucura. É surto. É cegueira. É vaidade de vaidades… Amor é sóbrio. É paciente. É bondoso. Não se conduz inconvenientemente. E sabe esperar… Assim, as decisões que vocês tomarem é que revelarão se é amor ou é apenas paixão o que vocês dois sentem um pelo outro. A última logo acaba, ficando, no máximo, o tesão; isto quando tudo começou baseado em carência sexual. Já o amor, dura e perdura; vê o que é e sabe que ama uma realidade, não uma ilusão; e tem a sabedoria da espera e do bom senso. Entretanto, não aprenda depois. Aprenda já. Aprenda no processo. E se vir que a paixão não era amor, não vá adiante. Pare. Pois é melhor um erro só do que dois; e mais: não viva sob as maldições da dor da mulher abandonada, a outra — o que nada gera espiritualmente, mas cria um clima domestico de divisão e muita culpa. Poucos casamentos sobrevivem a isto!
4. Assim, se você se separou, que seja pelo que seu casamento não era; e não em razão da aventura do “quem sabe pode ser”.
5. Separações que se sustentam em novos encontros em geral não duram mais do que a empolgação do encontro.
6. O que pode fazer uma mulher tomar a decisão de separar-se (como no seu caso) — deve exclusivamente se vincular à indesejabilidade de um casamento patrocinado pela Sky, pelo suco, pelo chinelo, pelo DVD e pelo fato de, para o marido, ela, a mulher, ser apenas o troféu dele. Sim! O estranho prêmio de ter uma mulher que não deseja em casa, mas vendo o cabo com ele… Mas não tente justificar nada com um novo amor. Em geral, essa tentativa de justificação, mata o tal “amor”, pois, sobre ele são projetadas expectativas inumanas e insuportáveis.
7. Os árabes têm um conselho muito simples nesta hora. Dizem: “Duas pessoas podem casar se tiverem desejo sexual uma pela outra; se tiverem o mesmo código de consciência; e se puderem se sustentar…” Nada mal, não é?
Você sabe que pode contar comigo para o que precisar!
Estou sempre aqui!
Que o Senhor a ilumine e tire de você toda impaciência.
Decida tudo na verdade e na consciência.
Se a alma e as necessidades dela vinculadas ao corpo falarem mais alto, você errará outra vez.
Ande no bom senso e na verdade.
Na Luz tudo se manifesta. Na Luz tudo se torna simples. Na Luz não há tropeço.
Dê ao moço tempo para sentir o que ele de fato sente e pensa.
Casamento de gente infeliz e carente é como sociedade feita entre empresários falidos: todo mundo é carente; e todo mundo espera do outro o que não tem. Assim, nunca (ou quase nunca) dá certo!
Receba meu carinho!
Nele, em Quem a verdade liberta e não cria jugos de mais dor e confusão,
Caio
18/02/07
Lago Norte
Brasília