MEU MARIDO NÃO GOSTA DE SEXO. O QUE FAÇO?

Caro pastor, Conto com a sua ajuda, pois acredito que você é um iluminado de Deus para ajudar as pessoas que vivem em conflito. As igrejas precisariam de pastores como você. Você é um dom de Deus para o mundo. Pastor, sou muito estressada, pois guardo coisas dentro de mim por não querer me desabafar com outras pessoas. O problema não se trata só de mim, mas também do meu marido. É o seguinte, aos quatorze anos de idade conheci Y, meu primeiro namorado; namorado esse que meus pais não aceitavam, tanto por eu ser nova quanto por ele ser um namorador. Eu não me importava com isso, pois quando ele estava comigo era muito bom, nos dávamos muito bem em todos os aspectos. Mas como meus pais brigavam muito comigo por causa dele decidi a orar e pedir a Deus um marido. Creio que Ele me deu um marido “excelente”, que me cobre de carinho faz e “todas” as minhas vontades. Vive me beijando e é o xodó dos meus pais. Quando eu o conheci ele estava passando por problemas, tinha a pouco deixado a Marinha, onde estudava para ser oficial. Foi marginalizado por sua família, que todos os dias lhe cobravam que continuasse. Todos o criticavam. Enfim o encontrei nesta fase e com a graça de Deus ajudei-o a superar isso tudo. Depois de dois anos de namoro nos casamos. Ele ainda era virgem. Tivemos muitos problemas na nossa lua de mel, e em casa também; pois seu pênis não tinha muita resistência; era muito difícil ele conseguir penetrar em mim; e quando conseguia, ejaculava muito rápido. Com isso ele foi deixando de me procurar. Eu conversei muito com ele e descobri que ele se masturbava muito. Mas conversando com ele começamos a nos entender. Ele ainda muito ingênuo, como é até hoje. Não tem muita manha. Acredito que não é caso de procurar um médico. Acho que é dele mesmo, da natureza dele. Já pedi até pra ele procurar uma mulher diferente pra transar, pois, achei que talvez o problema estivesse em mim. Ele não quis. Disse que eu estava de bom tamanho, que ele me amava, e não queria mais ninguém. Deduzi que ele não sente falta de nada, e fico sem jeito de cobrar uma coisa dele que para ele está perfeita. Com isso meu tesão está acabando. Eu não consigo ficar excitada. Isso está me fazendo mal. Sinto saudade de paixão, de fogo, de calafrio na espinha. Que é tudo o que eu não sinto com ele… Mas eu não era assim. Acho que de tanto pedir e querer… eu fiquei desgostosa. E o pior é que ele é muito amoroso, é o marido que aparentemente toda mulher queria ter. Pode imaginar como ele é? Ele é muito agradável. Gostaria que vocês dois tivessem oportunidade de se conhecer. Às vezes eu tenho medo de que seja apenas gratidão que ele sinta por mim, por ter dado amor a ele em quanto todos criticavam. Ele me garantiu que não é isso. Sempre que jogo verde—não falo diretamente sobre o assunto, não tenho coragem—ele diz que não. Não sei se ele me entende. Não sei me expressar muito bem. Mas espero que você me entenda. Sofro muito. Tenho medo do que possa acontecer. Não quero me separar. Ninguém vai entender e ainda vão me criticar, pois somos aparentemente um casal perfeito. O que eu faço? Me ajude por favor. Conto com Deus e com você. Sinto vontade de apagar o que escrevi, pois acho que não me expressei legal; mas não vou fazer isso; vou resumir agora, mas vou deixar o que já escrevi. Meu relacionamento sexual com meu marido é uma droga, totalmente sem graça. Não tenho tesão por ele; e acho que ele não tem por mim. Ele nega isso, mas acho que essa é a pura verdade. Ele, porém, não gosta que eu faça nada… Quando fazemos sexo ele diz que se desconcentra com muitos beijos e carinho na hora do sexo. Eu nunca vi isso. E você, o que diz disso? Ele só sente muito tesão quando eu acaricio o anus dele. Será que ele é bissexual e não quer assumir? Ou será que só gosta disso e pronto. Gostaria de saber, porque eu também gosto quando faço isso nele; e eu não sou lésbica; eu acho que eu gosto porque ele fica excitado; e isso me faz sentir bem. Entende? Me responda, por favor. Um abração de quem te admira muito!!!! ____________________________________________________________________________ Resposta: Minha querida amiga de caminhada e aprendizado na Graça e na Verdade: Deus seja com você! O ideal seria conversar com ele. Assim, ele mesmo poderia me dizer o que sente. No entanto, responderei a você com os dados e sentimentos que você me passou em sua carta, que de confusa e inexpressiva não tem nada. Você já pensou porque ele deixou a marinha? Já pensou que pode ter sido fuga? Já considerou a possibilidade dele não ter suportado o tranco no meio dos machos? Já pensou na possibilidade de que ali, entre tantos homens, ele pudesse estar em estado permanente de tentação? Já considerou que ele pode ter saído de lá com medo de ser discernido como gay? Ele pode não ser gay, mas apenas sofrer de profundo desinteresse sexual. Bissexual ele não é, pois, caso o fosse, ele traçaria você com avidez. Bissexuais gostam, intensamente, de ambas as coisas. Não é o caso dele. Portanto, sobram duas alternativas: total desinteresse sexual (o que acho pouco provável); ou, de fato, homossexualidade; ainda que não necessariamente ativa e praticante. Gay não é apenas aquele que se relaciona com outros homens, mas também aquele que apenas se emociona e deseja homens, ainda que nada pratique. Portanto, existe uma grande quantidade de homens gays que vivem não no “armário” (…fazendo… porém de modo oculto), mas sim em total platonismo e subjetividade gay. Pode ser que este seja o caso dele! Seja como for, como está não pode ficar. É injusto com você e com ele. Ora, o fato dele apenas se excitar com massagens anais é completamente anormal e doentio, considerando que ele seja casado com uma mulher. É como ir a um banquete e só gostar de comer guardanapo! Infelizmente, há grandes chances de que ele apenas goste desse tipo de game em razão dos desejos platônicos dele (de natureza homossexual), ou em virtude dele ser um enrustido, sofrendo também o casamento em razão dos mesmos medos de julgamento e critica que você própria alega, no caso de haver uma separação. No seu caso, o temor é de ser julgada pela família, amigos, igreja, etc… como uma mulher leviana, e que deixou passar a chance de ficar com um homem fino, educado, irrepreensível e responsável. No caso dele, o temor é de ser descoberto como gay ou como um simpatizante platônico. Ora, nós sabemos como as famílias e a igreja costumam tratar tais pessoas. Há uma grande quantidade de jovens gays, crentes, e até filhos de pastores, tentando o suicídio em razão do pavor de serem descobertos. O problema de continuar assim é que provavelmente você não vá se segurar a onda por muito tempo; e, pela carência, acabe por se apaixonar; ou, ainda, vir a desejar um homem tão ardentemente que termine por desenvolver um caso paralelo. Então, isto acontecendo, não apenas você se culpará imensamente, como também sairá da história como a adultera, a mulher que traiu o homem impecável. O que fazer? Ora, sugiro-lhe a verdade! Sim, chame-o e abra o jogo. Antes, porém, diga a ele que seja o que for, você jamais descobrirá a nudez dele; e que no que depender de você, seja ele gay, ou um simpatizante platônico, ou mesmo apenas um ser assexuado, sua conduta será de amor, amizade, compreensão, e total discrição, deixando claro a ele que NINGUÉM jamais saberá disso por você. Entendeu? NINGUÉM! Então, deixe que ele fale. E mais: se desejar, mostre minha resposta a ele. Entretanto, minha querida, por uma razão ou outra, vocês terão que resolver isto. Para você é um inferno, abisma sua auto-estima, e dissolve seu amor próprio. E, para ele, deve ser um desgraça; e desgraça tão grande quanto seria para você ter que se fazer de lésbica apenas para manter as aparências; isso se o “moral” fosse ser gay no mundo. Como disse, pouco importa o que seja. O que de fato importa é o que é. E o que é não é algo suportável por muito tempo, especialmente porque você ainda é tão jovem. Portanto, se este é o tipo de coisa que existe entre vocês, seja o que for, não pode continuar, sob pena de que em havendo alguma ação sua considerada “imoral” (como se dar a um outro homem), ninguém vai querer saber a verdade, nem os perrengues que você passou ou passa, mas todos serão ávidos e prontos para julgar conforme a aparência, e não segundo a reta justiça. Assim, amiga querida, chame-o e converse. Não jogue verde. Seja direta. Mas antes garanta a ele que de você ele jamais terá vinganças ou qualquer outra coisa, a não ser amor, amizade e compreensão. Aqui, portanto, não existe julgamento, mas apenas um levantamento de alternativas, e isto de modo a guardar coerência com a narrativa que você fez. Se ele não gosta de sexo com você e também não é gay, então, que por amor e consideração a você, ele a deixe livre. Do contrário, será perverso para com você mantê-la sob esse jugo tão desigual. Na vida a gente tem que saber o que é normal que cada pessoa tenha e espere e ter. Sexo está para certas dimensões do ser de uma pessoa adulta e jovem, assim como comida, água e luz do sol estão para o corpo. Parece exagero o que eu disse apenas porque não se pratica sexo para que o corpo sobreviva, mas há dimensões do ser que se alimentam dessa troca, especialmente na conjugalidade, e que são tão importantes para a alma quanto a ingestão de alimentos. Há quem goste de ser faquir, e há quem goste de não comer; assim como também há aqueles cujo metabolismo demanda muito pouca comida. No entanto, tais coisas ou são inatas, ou são dons, ou mesmo uma opção; sem falar que inapetência alimentar, quase sempre, também denuncia doença e problemas de saúde, seja física, seja psíquica. No entanto, não se pode julgar uma pessoa por ser normal, e gostar de comer, no mínimo, três refeições por dia. A analogia está longe de ser perfeita, mas bem ilustra o que estou dizendo. Ou seja: quem casa quer vida sexual assim como quem vive quer comer todos os dias. Faz parte das condições mínimas de saúde humana. Recebe meu carinho e minhas orações! Nele, em Quem toda condição humana pode ser vista com misericórdia, Caio 4/11/04