MINHA MULHER NÃO ME QUERIA COMO HOMEM. MEU PASTOR RECOMENDOU

—–Original Message—–
From: MINHA MULHER NÃO ME QUERIA COMO HOMEM. MEU PASTOR RECOMENDOU UM FILHO…
Sent: domingo, 22 de fevereiro de 2004 20:28
To: [email protected]
Subject: Contato do Site : Confidencial

Mensagem:

Graça e paz

Há muito tempo me ensaio para lhe escrever, admiro muito a sua pessoa, e acredito na sinceridade de suas mensagens, também como em seu compromisso com nosso Deus.


Tenho 27 anos e nasci na Igreja. Sou de uma igreja histórica, não por acreditar ser a melhor, mas por ter nascido, sido criado e amado nessa comunidade.

Nos últimos meses tenho vivido o maior drama de minha simples vida.


Me casei, com 24, com uma mulher de 34 anos.

Eu a amava sinceramente, desejava ser e fazer o melhor para ela e para nosso futuro. Porém, desde cedo em nosso casamento, eu sentia um distanciamento… tanto emocional quanto sexual da parte dela.

Em outras palavras: ela era bastante evasiva de nossos relacionamentos.

Eu, por minha vez, também não ficava para trás; se ela não queria, eu me fazia de superior; também não corria atrás.

Assim fomos levando nossa vida de casados – bons colegas de quarto, mas nada de cumplicidade, nada de vida a dois!

Isso me entristecia… e constantemente me pegava pensando em uma vida com um casamento que a meu ver era o ideal, com alguém que realmente me amasse, e me dissesse isso; pois essa é minha linguagem de amor.

Com três anos de casados tivemos uma crise, e pensei seriamente em deixá-la. Todavia, o pastor da minha igreja aconselhou, falou de tudo aquilo que sei ser correto, o que a Bíblia fala, etc. etc. etc (esses etcs não significam menosprezo pela Palavra, mas sei que o senhor sabe melhor do que eu o que diz a Bíblia sobre casamento, divórcio, etc.).

Uma das coisas de que fui acusado pelo meu pastor é de ser muito egoísta; e ele me disse para satisfazer nela o que mais ela queria… Na hora não havia captado mas depois me liguei; ou seja: que minha esposa desejava muito ter um filho, e eu estava inseguro quanto a isso.

Diante dessa “indireta” do pastor, pensei ser a solução da minha vida e dos meus problemas.

Puxa, hoje tenho um filho maravilhoso, lindo, perfeito, inteligente…o meu maior orgulho…sem sombra de dúvidas um “Presente de Deus”.

Mas minha vida conjugal não deu sinais de melhora, ao contrário. Aquela famosa crise da mãe que “troca” o marido pelo filho se acentuou ainda mais em nosso contexto.

Trabalhava muito, fazia bicos intelectuais durante a semana, e nos finais de semana dava consultoria… Ou seja, nosso contato era mínimo, mas eu sentia falta de minha filha…

Assim, me propus sair desse serviço de final de semana para estar com elas.

Foi o fim! Os dias em casa eram horríveis, não via a hora de chegar segunda feira (acredita??).


Bem, para não me alongar demais, encontrei alguém que me dava carinho…

Não fui atrás, não procurei… mas estava ali, do meu lado o tempo todo, e eu sabia que ela me amava.

Fui contra meus princípios, me apaixonei por essa pessoa, mas não conseguia enganar minha esposa; assim, separei-me dela.

O choque na minha igreja foi total!

Ainda hoje todos me recriminam, a maioria não sabe que teve outra na história; mas muitos “imaginam”, e ficam fazendo “comentários” pelos corredores.

Não suportei a pressão, eu que era super ativo na Igreja (sou músico, era professor de EBD, líder de jovens, etc.)… tive de me afastar.

Isso dói muito, mas não podia levar uma vida dupla, muito menos me condenar à infelicidade ao lado de alguém que não demonstrava amor e carinho por mim.

Quando ela percebeu que eu estava me separando… aí ela disse muitas coisas que eu queria ouvir antes; mas aí, já era tarde: eu estava/estou completamente envolvido por esta outra pessoa.

Meu relacionamento com ela é de namoro (ainda que às escondidas); não existe sexo; existe a atração, mas ela quer esperar a hora certa (o casamento).

Sendo este um dos problemas no meu casamento, o amor que sinto por ela agora, e que ela demonstra, supera essa necessidade sexual.

Esse meu novo relacionamento tem me trazido MUITAS alegrias (nenhuma supera a dor de não estar todos os dias com meu filho), mas faço de tudo para estar com ela.

Do meu casamento ela foi a melhor parte; sei que ainda irá sofrer muito com essa situação; mas, do contrário, sofreríamos todos nós; eu não iria suportar uma vida de aparências.

Como disse, sei o que a Bíblia ensina sobre o casamento, tenho me sentido muito mal diante de Deus porque cometi o adultério, pensava em outra mulher que não era a minha esposa. Por isso me separei.

Reverendo, tenho como recuperar minha vida diante de Deus? Mesmo não me arrependendo de estar separado? Mesmo me unindo a outra mulher? Estou em adultério?

Não me sinto distante de Deus, mas as pessoas da Igreja dizem que estou longe de Deus.

Amo o Senhor de todo meu coração e de toda a minha alma. Será que esse pecado só será perdoado se eu voltar com minha e(x)posa?

Ela, acho, nem quer mais também, ao que tudo indica. Nos relacionamos relativamente bem, ela tem a mágoa da existência de outra; mas agiu bem comigo, não contou aos outros; preservou minha reputação; reconheceu o que errou; nos pedimos perdão.

O que posso fazer diante de Deus para ter minha alma e meu espírito em paz?

A igreja tem sido um fardo que em vez de me sustentar tem me empurrado para baixo. Desculpa essa carta não ser sucinta, mas queria que soubesse direitinho pra poder me aconselhar.

Preciso de uma orientação espiritual, mas não estou conseguindo encontrar confiança em ninguém; tenho tido apoio psicológico, mas Deus faz falta em minha vida.

Por favor pastor, me responda.

Com carinho,

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Resposta:

 

Querido amigo: Paz e Paz!

Meu amado,

Primeiramente perdão pela demora: mais de um mês!

Portanto, espero que esta carta ainda lhe seja útil.

Você disse que eu sei o que a Bíblia diz sobre divórcio e casamento… e ruptura de casamento.

Sim! Eu sei!

No entanto, eu também sei—como aqui neste site, se você navegar, ficará sabendo também—que a Lei morreu em Cristo. Toda ela, inclusive a lei conjugal da indivorciabilidade, independentemente da causa ser o adultério.

O que vale para Deus é um coração limpo.

O conselho de seu pastor foi desastroso.

Ninguém, em bom senso, aconselha um casal jovem, sem filhos, vivendo em conflitos, a ter um filho como solução.

NINGUÉM!

Tais irresponsabilidades feitas em nome da conjugalidade são insuportáveis e egoístas. Ele jamais tentaria resolver qualquer crise conjugal dele com mais um filho.

Seu problema não é com Deus. É com a “igreja”.

Diante de Deus, sinceramente, não havendo “volta”, não havendo amor, e não havendo vida conjugal, o melhor a fazer era se separar mesmo.

Pena que o pastor entrou e fez essa confusão…

O que poderia ser apenas um desencontro—passível de acontecer a qualquer ser humano—, se tornou um problema que triangula por uma criança.

Dá raiva!

Você está confundindo a rejeição da “igreja” com Deus.

Deus não tem nada a ver com a moral da “igreja”.

Essa moral cristã não vem do espírito da Palavra, mas das Pedras da Lei.

E nada fez mais mal ao Evangelho, nesses dois mil anos, que a Teologia Moral da Igreja. Isto porque ela se tornou a mediadora entre Deus e os homens, via “igreja”.

Sempre que a “igreja” pretende fazer mediação entre Deus e os homens, ela trai a Cristo, comete blasfêmia, e se assenta no lugar santo—quem lê, entenda!

Agora, uma vez que as coisas estão como estão, digo a você o seguinte:

1. Procure uma igreja calma—de preferência histórica, a fim de não haver uma ruptura emocional muito grande em você—, e passe a freqüentá-la. Não misture as coisas. Se eu fosse depender da opinião dos abutres da desgraça, jamais teria dado um passo além da dor depois de meu divórcio. Mas o fiz com certezas que são minhas, e sei que posso andar em confiança na presença de Deus.

2. Hipocrisia vale para tudo, inclusive para casamentos sem amor, completamente falidos, e infelizes. No meio cristão parece haver a idéia de que o casamento é o único lugar onde a sinceridade, o amor, e a verdade estão suspensos em nome da aparência, do testemunho, da estabilidade familiar, e da reputação. Mas não é assim.
3. Maldade é maldade em qualquer lugar. E frieza é frieza em qualquer lugar. Espancamentos e brutalidades são a mesma coisa… na rua… na igreja… na família… no casamento… no bordel… etc.

4. Sua ex-esposa não deve ser uma pessoa para quem sexo seja importante no casamento. Há muita gente assim. Tais pessoas ou não deveriam se casar…ou casar com o jogo aberto; tipo: “Olha, eu gosto da amizade conjugal, mas detesto sexo”. Se o parceiro quiser, ele que viva com as conseqüências. Se não quiser, que pare ali mesmo. Ora, mesmo quando as pessoas se dão bem também nessa área, ainda assim desgastes podem se tornar insuperáveis… quanto mais quando não há nada… e uma das partes parece não gostar de carinho!


5. Seja o melhor ex-marido que você puder, mas faça isto sem culpa. Afinal, ex-esposas adoram fazer um “refém da culpa”. Quanto à sua criança, você saberá como ser o melhor para ela. Aliás, você falou em sofrimento para ela. Ora, todos nós sofremos… com ou sem divórcio na família. No entanto, em minha experiência, quanto mais cedo uma coisa dessas acontece, tanto melhor para a adaptação da criança, especialmente se a mãe é cuidadosa, e o pai é presente e atencioso.

Peço que você leia este site. Se você já o tivesse lido em profundidade já nem mesmo teria os conflitos de agora. Leia tudo o que você puder, e peça a Deus que o ilumine. Ele o fará.

Meu beijo.


Nele, em quem ficamos viúvos da Lei para a chance de uma nova vida,


Caio