Nada é Mais Grave

Dn 9: 1-19 Nunca debaixo do todo o céu aconteceu o que se deu em Jerusalém—Dn 9:12c Em que sentido? É a pergunta natural! Isto porque do ponto de vista histórico, muitas outras cidades cometeram crimes humanos maiores—sem falar nas práticas espirituais. Israel não é modelo de barbarismo bárbaro. A maior parte das civilizações da terra têm histórias muito mais escabrosas para nos contar que a Bíblia quando se trata de barbaridades historicamente mensuráveis. Como então nunca se fez debaixo do céu o que se fez em Jerusalém? 1. Nada é melhor e pior que ser chamado povo de Deus. A consciência de Deus gera sempre os melhores e os piores seres humanos. Saber de Deus com gratidão e fé, produz beleza humana. Saber de Deus religiosamente e vincular a realidade de Deus à virtude humana, faz nascer os mais feios, dissimulados e arrogantes seres humanos. 2. A sutileza das perversidades cometidas em nome de Deus são crimes mais nojentos que aqueles que assumidamente se pratica em nome do homem. Daí o que se fez em Jerusalém não ter paralelo entre as demais cidades da terra. Em Jerusalém Deus era produto de consumo—fosse moral (para validação do ser), fosse militar (O Senhor nosso Deus é o Senhor dos Exércitos), fosse pela arrogância da eleição (somos o povo de Deus, daí sermos melhores que os demais habitantes da terra), ou fosse como “o Deus Maior”. Em nome desse vinculo os assassinatos e os sacrilégios passaram a acontecer como endurecimento do coração contra o próximo, em razão da arrogância do conhecimento de um Deus cuja realidade já havia sido abundantemente percebida, mas à qual quase todos se haviam acomodado. Então, o homicídio mata como indiferença; as cadeias prendem como correntes para a alma pura; e a idolatria antes de ser a praticada como culto a pequenas divindades, era a idolatria do “Nome de Deus” e a masturbação de autocontemplação que eles praticavam, como culto de si mesmos e de sua história. 3. A familiaridade com as coisas atribuídas a Deus como simbolizações, podem fazer com que a pratica do culto e da confissão do nome de Deus, tornem-se algo mais blasfemo que o culto pagão—ainda que seguido de barbarismo concreto. O povo de Deus precisa saber que quanto mais alguém diz representar a Deus, mais difícil é sua situação. Até porque, em geral, essa familiaridade com Deus faz nascer em nós o mesmo tipo de costume que a familiaridade com o ídolo naturalmente provoca. O problema é que os ídolos são ídolos, mas Deus é Deus. Ele não dá a Sua Gloria a outrem. Assim, saber de Deus e não mergulhar no Seu conhecimento em fé grata, sempre faz com que o pior esteja acontecendo onde a fé se transforma em emblema e o nome de Deus em escudo moral ou ideológico de afirmação arrogante do “crente” contra o próximo, ao mesmo tempo em que avulta a transgressão—afinal, são os que dizem que sabem, justamente aqueles que proporcionalmente menos fazem em conformidade com o que confessam ser bom. Daniel sabia disso. Daí sua consciência de transgressão dizer que Jerusalém era a mais transgressora de todas as cidades. Sob o telhado da religião há sombra. Sob o telhado de Deus há luz…pois o céu está aberto. Quem carrega o nome de Deus faça-o como fé na Graça. Nunca como representante de Deus entre os homens. É arriscado! Caio Fábio