—–Original  Message—–
From: NÃO SEI O QUE DIZER—de Stenio Marcius 
Sent: domingo, 4  de abril de 2004 23:10
To: [email protected]
Subject:  Lukas
Só hoje, 22-03 às 22:30, quando liguei pra falar com Levi e Milena,  é que soube do Lukas. 
Percebi a voz do tio Caio extremamente sofrida.  Quando perguntei o por quê, ele me contou. 
Selma e eu estamos orando pra  que tenham consolo de Deus, e sabemos que já o estão sentindo. 
Não tenho  palavras humanas de conforto, pois não faço idéia dessa dor. 
Aceite  você, Alda, os irmãos, e todos que amavam o Lukas, o nosso “chorar com os que  choram”.
Stenio e  Selma
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Resposta:
Meu  querido Stenio: Graça e Paz sobre todos nós!
Tudo do jeito certo. 22/03,  às 22:30. Só o que muda é que um zero sai da esquerda e vai para a direita. Isto  no tempo. Mas na eternidade, meu “lukinhas” amado, gangou  infinitude!
Você é parte de minha família de muitas maneiras.
Sua  mãe, durante anos, foi a melhor amiga de minha mãe; ela também foi secretária de  meu pai, enquanto ele advogava. 
Seu pai foi pastor de minha vó,minha  mãe, e meu também, bem no início da minha infância. 
Vi você, Edílson e  Vaneli ainda bem meninos, brincando na “casa pastoral” da Ig. Presb. Central de  Manaus. 
Depois você voltou a Manaus na adolescência. Então, foi-se outra  vez…
Alguns anos mais tarde você voltou, e casou com minha irmã, a Ana  Lúcia. 
As três preciosidades que ela tem, e você também—Daniel, Milena e  Levi—são fruto do casamento de vocês.
Seus filhos, meus sobrinhos, são  maravilhosos. Me vejo no Levi. Embora falta e ele a minha molecagem de rua e  minha avidez pelo sol e pela “vida lá fora”; porém vejo-me nele. Ele é sisudo,  e, paradoxalmente, brincalhão; amigo de todos na família, e ao mesmo tempo, “na  dele”; é muito preceptivo, mais que cabe na idade dele. Um pingo pra ele é  letra!
Depois você e Ana se separaram, e tivemos os lutos necessários.  Então, você veio me ver, num sábado pela manhã, e tivemos nossa conversa de  homens cristãos.
Você sabe que a Graça não é algo que eu descobri. Cresci  nela. Bebo de seu leite desde antes de saber que meu nome é Caio. 
Mamãe  perdoou papai depois de anos de uma relação paralela, entre 1960 e 1966. Papai  perdoou todos os inimigos, os que o feriram para morte, no golpe militar de  1964. Mas mamãe não perdoou apenas a papai, ela também perdoou a Gildete, a  mulher com quem papai havia tido aquele poderoso relacionamento, antes dele  conhecer a Graça. E não satisfeita, mamãe se tornou conselheira dela. 
Eu  me senti um filho para a Gildete. Odiava vê-la como “bastarda”; sempre tive um  olhar de Graça para com ela, mesmo quando sentia raiva pela minha mãe, ainda um  menino de sete anos.
Eu mesmo, já pastor, reaproximei mamãe e papai da  Gildete. Isso há 26 anos, quando nossa família foi cantar “Nas Estrelas Vejo a  Sua Mão…” no natal, na casa dela, à meia-noite. Ciro e Davi já eram nascidos.  Suely estava lá, com Anelise, recém nascida. E Aninha sempre esteve presente em  todas as reconciliações. A Ana é doce como o nome diz: Ana é Graça em  hebraico!
Você sabe que papai carrega na carne as dores de todas as  coisas, inclusive da separação de você e Aninha, não pela separação em si, mas  pelos eventos que se seguiram.
No entanto, você, a Selma (sua querida  esposa), as filhas dela, e todos os próximos, sabem que nós somos da paz e da  graça. Amamos reconciliações, e mais ainda não ter que precisar delas.  
Fico tão feliz quando vejo as suas enteadas, filhas de sua esposa,  morando ou passando períodos na casa da mana, lá em Itaipu. Amo ouvir notícias  de como Deus foi bom para com você, dando-lhe uma companheira amiga e solidária.  E tudo isto eu ouço da Ana Lúcia. 
Meu coração quase explodiu de alegria  quando soube que papai e mamãe visitaram a sua casa com a Selma e saíram de lá  muito felizes.
Graça foi o leite lá de casa. Nesse alimento minha alma se  satisfaz.
Stenio, minha oração é que Deus use tudo isto para esfregar a  Graça na fuça do diabo!
Ontem mesmo falei em você. A Ana, nos últimos  três meses, fez mais de 40 belos hinos de louvor a Deus.
O Luk está  mergulhado em banhos eternos de amor.
Receba você, meu querido, o meu  amor, e o transmita a seus pais, Elio e Zélia, ao Edílson, Vaneli, seus manos, e  todos os queridos.
Nele, que é Graça!
Caio