NEM MARES E NEM SANTUÁRIOS



Todas as vezes que chegamos mais perto da eternidade, tanto os mares quanto os santuários deixam de existir. Quando João viu a Nova Jerusalém percebeu que lá não há santuários. E também viu que nesse novo e único continente, o mar já não existe. Interessante: religião e distancia geográfica significam a mesma coisa na linguagem do Apocalipse: separação entre os homens. Eu disse que todas as vezes que chegamos mais perto da eternidade, tanto os mares quanto os santuários deixam de existir. A morte de um ente amado realiza esse milagre de percepção. Seja via e-mail, telegrama, telefonema, recados, ou encontros pessoais, de repente a gente vê que lá no fundo de todos nós, todos sabemos que as nossas divisões em vida são incoerentes; pois não resistem a realidade da morte de modo indiferente; e se rendem à verdades maiores; e, assim, vencem o tempo, o espaço, a distância, as diferenças, os sentimentos não explicados, os direitos adquiridos, os ressentimentos, as mágoas e os entendimentos díspares, e se encontram em torno da vida que é. Isto é Eucaristia. O Cordeiro de Deus tira o pecado do mundo! Assim é com todo aquele que já teve alguma visão da Nova Jerusalém. Assim é com todo aquele que é iluminado pela luz do Cordeiro. Assim é com todo aquele que viu e discerniu a Graça da Cruz. Enquanto isto a gente tem que deixar os santuários existirem, mas sem deixar que nos separem; e tem-se que admitir que os mares existem, mas não deixar de se aventurar a cruzá-los. Caio