NEUROSE DA BOA MÃE!

 

 

 

—– Original Message —–

From: NEUROSE DA BOA MÃE!

To: [email protected]

Sent: Wednesday, January 14, 2009 6:14 PM

Subject: TRISTEZA E PREOCUPAÇÃO

 

Pr. Caio!


Amigo de minh´alma,
 
Estou tendo dificuldade com meu filho e não tenho com quem dividir… O pai “adotivo” se casou novamente e nossos contatos estão cada vez mais distantes; ele é ausente…

 

Enfim, o senhor poderia me aconselhar? 


Ele é um jovem adolescente tranqüilo, caseiro, carinhoso, obediente… Está na transição do 2° para 3° (2° grau) e vem apresentando dificuldade no estudo. A exemplo do ano passado, ficou em recuperação; desta vez, em muitas disciplinas e, por fim, foi reprovado em duas matérias.

 

O resultado saiu ontem e eu tive uma crise de choro e falei de forma muito enérgica com ele, mas não sei se o alcancei.

Ele já havia externado sua dificuldade de se concentrar e chegou até mesmo a dizer que talvez precisasse de psicólogo. Eu investi em curso de reforço, mas percebo que não há muito esforço da parte dele. Não para os estudos, pois ele é muito empenhado na prática de esportes, além do fato de, ultimamente, ficar a maior parte do tempo isolado, no quarto, na frente do computador. 

 

É como se uma parede tivesse se levantado entre nós e, por omissão, eu tenha permitido! 

 

A sensação que tenho é que estou perdendo o contato com ele. Não estou sabendo com me achegar, como agir.

Estou triste por ele ter ficado em dependência e, no íntimo, estou com um forte sentimento de culpa e negligência. 

 

É como se de alguma forma eu pudesse ter feito algo, mas falhei. Falhei com ele também!

 

Isso dói! 

 

Peço constantemente a Deus para me dar sabedoria na minha missão de mãe e sou traída por mim mesma.

 

Estou me questionando onde estou errando e o que posso fazer; não dá pra voltar no tempo!

 

Não sei, sinto-me fraca e fracassada. De fato, todo meu esforço é vão.

Estou profundamente triste, confusa, e recolhida.
 

Se for possível, peço sua ajuda, orientação.

 

Ore por mim, por favor.

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Resposta:

 

 

Querida amiga: Graça e Paz!

 

 

Somente hoje vi sua carta, e, desde que você a escreveu, já troquei um e-mail com você, sem nada saber desta carta, e, pelo e-mail posterior a este, vejo que de algum modo o consolo de Deus já lhe alcançou.

 

Mesmo assim decidi escrever para você!

 

Por quê?

 

Ora, é que acho que você está exagerando um pouco as coisas; ficando neurótica com o que não deve abater você; pois, nada de anormal aconteceu que não tenha acontecido na casa de milhões de adolescentes com pai, mãe, irmãos e uma família unida.

 

Os deveres e as necessidades escolares são muito importantes, mas não são as essenciais.

 

Ficar em dependência escolar ou mesmo perder um ano, não é legal, mas não é o fim do mundo.

 

A meu ver você está se concentrando no sintoma e não na causa.

 

Ele pediu um psicólogo e recebeu reforço escolar.

 

Ou seja: ele aventou com uma possível causa, razão pela qual desejou conversar com alguém, o psicólogo, mas, ao invés, recebeu mais carga horária de ensino.

 

Portanto, não se grile com o sintoma. Ao contrario, sem nada maternalmente neurótico, ajude-o a chegar à causa da desconcentração ou da dês-motivação ou até da depressão dele.

 

Também vejo que a gravidade de sua dor acerca dele está misturada com muitas dores suas, e que nada têm a ver com ele.

 

Você já pensou que ele pode apenas estar externando para você as suas dores, por ele sentidas?

 

Será que ele não se fecha no computador apenas por não conseguir ter uma relação sem dor com você?

 

Além disso, hoje em dia, é também normal que adolescentes passem muito tempo diante do computador. Adultos passam muito tempo, quanto mais os jovens.

 

Você carrega uma culpa que você não tem. Não é sua culpa não ter dado ao seu filho um pai, ou um pai adotivo.

 

Você se deu a ele; e é tudo o que você poderia ter feito!

 

Há filhos que têm pais em casa e que vivem com a alma órfã.

 

Portanto, não chame para você tamanha responsabilidade, pois, responsabilidade fora da medida é sempre neurose.

 

Não é a Academia Escolar que fará de seu filho um homem bom e saudável. É o Caminho de Jesus que pode fazer isto por ele.

 

Assim, invista nele, não em coisas para ele.

 

Se ele pede uma ajuda psicológica, forneça, e da melhor qualidade.

 

Deixe-o falar com alguém sobre a alma dele. Talvez, depois, ele consiga falar com você.

 

Diminua a carga. A gravidade já existe por si só. Aumente a alegria. Busque, sem forçar a barra, fazer programas legais com ele, e, estando em casa, seja apenas você: simples, livre e leve.

 

Ouça “Hei Jude”; e lembre: “Don’t carry the world upon your shoulders”.

 

http://www.youtube.com/watch?v=BD3ovfZXO5Q

 

 

Receba todo meu carinho e orações gratas pela sua vida, querida amiga!

  

 

Nele, que é o seu marido, conforme a profecia de Isaías,

 

 

 

Caio

22 de janeiro de 2009

Lago Norte

Brasília

DF