NO CAMINHO DE MEU PAI TEM RETORNO…
—–Original Message—–
From: Carlos André
Sent: quinta-feira, 22 de julho de 2004 09:29
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Subject: NO CAMINHO DE MEU PAI TEM RETORNO…
Onze de maio de 2004, estava angustiado. Minha vida conjugal estava um caos. Brigas, aflições, destempero, perda total, sem saber se haveria um retorno na via que estávamos seguindo. Tive medo. Precisava de uma mudança. Algo que firmasse meus passos.
Falei: “Nada irá mais me abalar”, e quis acreditar nisso, mas não tinha forças. Então resolvi não ir a aula naquela terça-feira agonizante.
“Vou ver esse cara, vou ouvir esse camarada que somente conheço de fotos, livros e vídeos e em esboços de outros pastores, tentando lembrar algumas mensagens dele”.
Saí de Vigário Geral apressadamente sem saber se daria tempo de chegar antes do inicio do culto na Catedral. Ora, apesar de ter trabalhando anos no centro do RJ e ser membro da igreja presbiteriana, nunca tinha entrado na Catedral.
Estava sentado no corredor da esquerda. E em meio ao culto eis que passa-me um ser de cabelos cumpridos, porém não rebelde como quando na época da conversão dele a Cristo. Sentou-se na segunda fileira, do mesmo lado. Comecei observar a postura simples, porém que transmitia segurança, paz e amor. “Paz e amor”, frase sempre repetida em sua adolescência, enquanto hippie.
Lá estava Caio Fábio D’Araújo Filho!
Ele foi iniciando a mensagem com determinação. Leu o texto de Mateus 6, tomou a posição à frente do púlpito, e não retornou em nenhum momento a nenhum lembrete, colinha, ou para outros esboço…
Não, tudo aquilo que era pronunciado vinha da alma, do coração do Pai, das diversas experiências vividas. Com a simplicidade ensinava a dedicação, o ato, o sentimento da oração ao Pai.
“O Pai nosso que estás no céus”, deixa de ser uma invocação, pois vê-se que Ele está em nós.
Afirmava que Deus não é egoísta, pequeno e caprichosamente ciumento. Isto porque criou a mulher para ser companheira ao homem, pois sabia que era necessário… Deus não precisava que o homem só sentisse falta Dele. Ele permitia que o homem tivesse desejo de realização com outros iguais. “Não é bom que homem esteja só”.
“O pão nosso de cada dia…”
Aí veio uma pergunta para cada um ali presente: “Quem aqui hj não comeu nada?”
Bem, eu pensei: “Esse cara pirou, pois sempre ouvir dizer que esse versículo era referente a Jesus, o Pão da Vida e só”. Mas a surpresa vem em seguida… “Irmãos eu não posso satisfazer-me, permanecer inerte e ser egoista, pois se ‘o pão é nosso’ eu tenho que repartir com meu irmão, que hoje não recebeu nada, seja qual for o motivo”.
Depois veio o perdão. Ali gelei… “Não espere a pessoa vir até você para lhe pedi perdão, perdoe-a você mesmo, e logo. O grande beneficiário do perdão é você. E as faltas retidas são as daquele que não perdoa os devedores assim como é perdoado pelo Pai”. Inverter a situação, era a recomendação.
Desse ponto em diante meu coração já estava quebrantado, pois havia estado destruído por toda aquela vida religiosa. Em toda a minha vida iria começar uma transformação, e não estou nem um pouco preocupado com o que irá ocorrer-me.
Após aquela noite pude perceber que em Deus nós não perdemos nada, pois ali estava na minha frente um homem de Deus e da Palavra, que transmite confiança no que vive através das palavras que fala… Simples, meigo, doce, cômico, vibrante, irônico e acima de tudo um ser humano racional que mudou e revolucionou toda história da “Igreja Evangélica Brasileira”.
Rev. Caio Fábio foi é um exemplo para várias gerações, não pela posição que tinha, nem pelo que Deus está realizando nele nos dias de hoje, mas, acima de tudo, por ser sem-cera, sem-maquiagem…
Ele é um amigo que não me conhece, mas que já o recebi com carinho em meu coração, e que muitas vezes encontrava-se vazio, pois o Pai é nosso e os irmãos também, e nós precisamos uns dos outros, pois assim Deus determinou, que vivêssemos de pão, de relacionamento, e de toda palavra que sai da boca de Deus.
Nunca mais esquecerei aquela noite, pois trouxe-me a certeza de que Nele somos capazes de encontrar um retorno na via de nossas vidas, o que faz do perdão um privilégio de quem está certo, não ofendido. Pois a questão não quem está no certo ou no errado, mais em quem recebeu realmente a adoção de filho de Deus, e que aprende a viver com ternura por ter um Pai, que é Nosso.
O perdão é sempre a via de retorno. E isto é Graça!
Carlos André
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Amigo Carlos André, em Cristo…
1. Fica decretado o fim de toda lei, pois recorrer à Lei é decair da Graça.
2. Fica decretado que a Parábola do Credor Incompassivo passa a ser a Lei da Graça para todos os que confessam a Graça de Deus sobre si mesmos; pois quem recebeu perdão infinito, tem que oferecer perdões finitos.
3. Fica decretado o fim da Inveja espiritual e material, pois tudo o que o outro tem e é, lhe foi dado de modo soberano, livre e inexplicável pelo Deus de toda Graça. Assim, a Inveja é uma revolta contra a Graça divina.
4. Fica decretado o fim do medo e das inseguranças sobre o papel de cada um na vida, visto que cada um é e possui apenas os dons que recebeu de graça, e cabe a cada um não tornar vã a Graça de Deus em sua vida, sem jamais enterrar o talento recebido.
5. Fica decretado o fim de toda comparação e medição de ombros, caras, belezas, possibilidades e sortes, posto que cada um recebeu aquilo que ele próprio não criou para si mesmo como dom e talento.
6. Fica decretado que toda raiva do sucesso do outro—se o sucesso é a bem-aventurança do ser—, visto que será raiva de uma Graça divina.
7. Fica decretado o fim de toda imitação, posto que toda imitação significa abrir mão da Graça de ser, em busca de furtar aquilo que pela Graça o outro é. E isto é ingratidão.
8. Fica decretado o fim de toda vanglória, visto que na Graça toda glória humana é vã, pois a única coisa a se gloriar é em ter-se recebido aquilo que não se merecia.
9. Fica determinado que aquele que vive na Graça já não teme nem a morte e nem a vida, nem tampouco ser quem é, em Cristo. Pois o temor de ser seria equivalente a temer entregar-se a Deus.
10. Fica decretado de uma vez e para sempre que a única maneira de se entender e ver a plenitude da Graça em sua encarnação e explicação de si mesma, está na vida, palavras, gestos e atitudes de Jesus de Nazaré—pois foi Nele e somente Nele que a Verdade e a Graça se beijaram como Glória Plena, e qualquer outra expressão de Graça que não carregue essa semelhança é uma falsificação do que Jesus estabeleceu como modo humano de ser na Graça de Deus.
Carlos André, um grande beijo pra você!
Caio