O ARADO COMO DOENÇA…

 

 

 

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From: O ARADO COMO DOENÇA…

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Sent: Sunday, September 09, 2007 8:07 PM

Subject: Ninguém, que lança mão do arado e olha para trás, é apto para o reino de Deus

 

 

“E Jesus lhe disse: Ninguém, que lança mão do arado e olha para trás, é apto para o reino de Deus.” (Lucas 9 : 62)

 

 

Pastor Caio:

 

 

Ás vezes me preocupo com este versículo (já me preocupei mais ). Ouvi certa vez em um comentário bíblico que esse tal “olhar para trás” dizia a respeito da preocupação daquele que ara a terra em olhar para traz e ver onde que a semente estava caindo. Ou seja, a preocupação deveria ser em semear a boa semente e não em ficar preocupado em onde ela estava caindo. Esse entendimento me parece mais aplicável do que o que se pensa atualmente em que este olhar para traz seja simplesmente deixar os ministérios e a fé, até porque conforme o mesmo versículo, o individuo apenas olha para traz, ele não tira a mão do arado. Qual entendimento seria o mais aplicável.

 

Na igreja onde congrego ocupei vários cargos, cheguei a diácono, porém depois de muitos trancos (às vezes não dá para entender a liderança) e barrancos (abaixo segue carta enviada em outro momento), problemas no casamento e outras coisas, larguei os cargos que ocupava; e sempre ouço este versículo da Palavra e me pergunto: até quando Deus terá misericórdia de mim, pois, não sinto mais vontade de fazer o que fazia? Pelo menos do jeito que fazia, em meio a muitos medos.

 

Continuo freqüentando essa comunidade, mas, ao olhar o semblante de alguns penso no que eles esperam, e sei que esperam que eu volte a fazer o que fazia antes; porém, sempre penso 10 vezes.

 

Cansei-me de narcisismos. Tomei a minha própria dose e achei melhor dar um tempo.

         

Sei as implicações de se iniciar algo e deixar para trás, mas não quero viver mais sob o medo de homens, apesar desta minha reluta ser também por medo dos homens.

 

Porém, estou cansado de ser testado. De tirania. Até gostaria de voltar a pregar, mas sem envolvimento direto com diretoria de igreja, pois, vi muitos desencontros em muitas reuniões, fora a perceptível sensação de manipulação de pessoas.

         

Mas ainda me pergunto se deveria ser mais forte e encarar a barra e ver no que vai dar…; ou continuar me “escondendo” e deixando para traz o que fazia, pois, sempre busquei fazer de coração.

 

E depois de muitas lidas em seu site só acabei reforçando o repúdio a coisas erradas principalmente no que diz respeito às doutrinas de moral, e as barganhas que se fazem com Deus.

 

Penso que, se eu ficar como estou, posso a morrer de inanição e ociosidade espiritual. Se voltar às atividades de antes não sei se por orgulho ou amargura temo não conseguir me relacionar mais com alguns.

         

Estou entre a Cruz e a Espada. Tenho corrido para a Cruz, mas sinto o peso da Espada em mim.

 

No aguardo.

 

Deus continue te iluminando em Cristo que é a Luz de todo aquele que Nele crê.

 

06/08/2007

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Resposta:

 

Querido amigo: Graça e Paz!

 

 

Meu amigo, só Jesus sabe quem botou a mão no arado e olhou para trás.

 

O significado da expressão no evangelho é simples: quem quer que tendo crido, desvia o olhar [como a mulher de Ló] para o passado da existência com saudade, esse não encontrou de fato a realidade do reino em si mesmo.

 

Isto, todavia, nada tem a ver com “empregos voluntários na igreja” [que é o que as pessoas chamam de “ministério”], e não tampouco com a manutenção dos compromissos conforme a agenda de “reino de Deus da igreja”.

 

Botar a mão no arado e olhar para trás foi o que fizeram, por exemplo, aqueles aos quais a epístola aos Hebreus foi destinada — eles haviam olhado para trás, e estavam voltando à Lei e às obras mortas na Cruz; daí a epístola ser tão forte como é.

 

Botar a mão no arado e olhar para trás é deixar a Graça, é não confiar no Evangelho, é descrer de Jesus…

 

O resto é invenção!

 

Quanto à “interpretação” de que seria o ver onde a semente estaria caindo — é bonitinha; e até seria muito útil nestes dias; mas não é essa a preocupação de Jesus no texto. No texto o que Jesus diz é o que acima lhe disse.

 

O que me preocupou é que em geral quando essa questão vem no meio “evangélico” [e sua cabeça é evangélica ainda] é porque ela é “sintoma” de outra coisa; e mais: ela sempre anda junto com outra questão para as mesmas pessoas: Terei eu pecado contra o Espírito Santo? — pergunta essa que já lhe deve ter atormentado a alma também.

 

Ora, que sintoma é esse? Sintoma de quê?

 

Em geral o tema psicológico mais recorrente em crentes depressivos ou fazendo pequenos quadros esquizóides é esse do Espírito Santo [da blasfêmia] e também esse do Arado.

 

Assim, o que sinto é que seu maior problema é psicológico.

 

Você deve estar sem forças para nada, com a alma tremula, com medos indizíveis; e isso apesar de sua certeza de estar certo conforme o Evangelho, ao mesmo tempo em que sente necessidade de ter medo do que sabe que não deve…

 

Você falou que está entre a Cruz e a Espada; e é verdade!

 

A Cruz é o Evangelho da Graça!

 

A Espada é o desevangelho da religião!

 

E sua situação emocional é esta: viver sabendo do Evangelho como verdade e temendo o desevangelho da “igreja” como pseudo-realidade; só que com a mente você sabe que não é, mas suas emoções estão cativas de antigas doenças.

 

Ou seja: você está cheio de medos que são fruto dos distúrbios psicológicos que você vem sofrendo; e tudo isso muito provavelmente sendo as doenças de angustia que a “igreja” passa para gente de alma fraca.

 

Você precisa de ajuda psicológica urgente, antes que você deixe essa coisa crescer em você.

 

Não há nada entre você e Jesus que seja como você supõe que seja.

 

Deus não é assim. Jesus não é assim.

 

Não pregue. Não faça nada. Faça o que Jesus mandou: viva. E viva para Deus, não para os homens; e sirva a Deus no próximo, qualquer próximo, mas pare com essa história de ter medo daquilo que você sabe que é mentira.

 

Que poder teria a mentira sobre você se você não desse o crédito paranóico que você dá a ela apenas em razão dela ser pronunciada em nome de Jesus?

 

Sim! Você sabe a verdade! Mas, pelo tempo de condicionamento à religião e suas crenças de morte, sua alma ainda está emocionalmente cativa de tais mentiras. Assim, você sabe que não é verdade, mas, a mente fraca, sofre como se você fosse um transgressor da mentira.

 

Você teme ser transgressor até daquilo que o Evangelho lhe diz que não é verdade, mas que a “igreja” afirma como sendo!

 

Não conheço a sua história, mas imagino o que lhe aconteceu.

 

Desse modo, procure um bom psicólogo ou psico-terapeuta; e, também, dê uma chegadinha em um psiquiatra; pois, você não só precisa conversar com alguém que o ajude a varrer todo esse lixo do medo, como também, antes disso, precisa de uma medicação que o acalma a fim de você poder ouvir; posto que como você está, a única coisa que você ouve são as vozes esquizóides que surgem de você construindo essa culpa imensa.

 

Ora, de fato a cura para tudo isto é muito simples para quem confia. Sim! A única definitiva saída é a fé que descansa no fato de que Tudo Está Consumado.

 

De fato a cura de sua mente está no Evangelho!

 

Mas a religião fez tanto mal a você que até para ouvir o Evangelho você se sente incapacitado, posto que você crê em tudo, mas emocionalmente tem medo de tudo aquilo no que crê.

 

Se você lesse o site e cresse no que está dito como Evangelho, e discernisse o que já está feito, e descansasse; então, tudo isso se evaporaria como uma nevoa ante o sol da manhã. Mas me parece que sozinho você não está conseguindo fazer a viagem…

 

Se você tiver dificuldade de encontrar alguém que o ajude de perto, escreva aqui para o Divã do site e veremos o que se pode fazer para ajudar você.

 

No entanto, saiba: você não tem nada a ser temido que não seja o que fizeram com a sua cabeça. Portanto, se você, agora, tomasse uma posição de fé, e andasse conforme a fé na Palavra, tudo isso acabaria já; aqui; neste momento; imediatamente; de súbito…

 

Receba meu carinho e minhas orações!

 

 

Nele, em Quem nosso arado já foi puxado para que nós possamos empurrá-lo,

 

 

Caio

 

09/09/07

Manaus

AM