O CAIO JOVEM/VELHO E O CAIO VELHO/JOVEM… Um contraste…

 

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From: O CAIO JOVEM/VELHO E O CAIO VELHO/JOVEM… Um contraste…

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Sent: Sunday, October 04, 2009 12:28 AM

Subject: O Caio Velho e o Novo Caio: Um contraste…

 

Oi Caio!

 

Sempre que vc vem aqui na Catedral do Rio, eu vou lá assistir, aos quintos domingos.

 

Coloquei um screenplayer no meu blog, retransmitindo a VVTV, tem amigos meus que acompanham até do trabalho, dando uma espiada.

 

Caio, foi numa dessas noites, vendo na telinha, que reparei no velho Caio…

 

Eu conheci esse Velho Caio no seminário, e me alimentava de suas mensagens nos livros (meu favorito é a crise de ser e de ter), e por duas vezes vi vc ao vivo aqui, nessa época.

 

Mas agora vendo o novo Caio todos os dias, forma um contraste que impressiona… Quem gosta de vc, percebe a mudança…

 

Tem dois tipos de “Caio velho”:

 

1- O Caio velho mais novo, mais gordo, mais formatado (ternos sisudos da época, óculos pesado) e a linguagem, ainda um pouco mais “rebuscada”, claro que, comparado aos demais da época, era mais “solta”;

 

Esse Caio velho, apesar de novo, é um pouco mais curvado: Os ombros são mais caídos…Não consigo assistir ele qdo passa.

 

2- O segundo Caio velho começa a ficar mais light na aparência… mas é um Caio que ainda fica a mercê de um esboço de sermão…tem que consultá-lo sempre…é por volta de 95.

 

Já o novo Caio não tem mais os ombros descaídos, e tem o dobro da idade do jovem Caio velho:

 

Mas parece muito mais novo do que este!

 

Parece mais alto, não é escravo de esboços, é mais “charmoso”.

 

Tem barba de profeta e cabelo grande, e uma unção e sabedoria que contagia a todos.

 

Caio observe bem: até a sua voz mudou! E dizem que nossa voz não envelhece… a sua voz hoje é bem melhor do que antes.

 

As perguntas são:

 

O jugo religioso que vc convivia na época, mais um casamento não feliz, deixavam o jovem Caio um “Caio velho”?

 

Recentemente vc disse que tentava perder peso e não conseguia, na época, mas aí veio 98, e depois dele vc conseguiu, praticamente sem malhar… Como foi isso?

 

A mudança de aparência simboliza uma nova fase?

 

Deus tem abençoado nossas vidas através da sua!

 

Um beijo, e continue sendo um “novo Caio”:

 

Tem muito mais graça… rs!

 

Lee

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Resposta:

 

Meu mano Lee: Graça e Paz!

 

Olhando a distancia [sem ter andado comigo, como por exemplo, o Edvaldo, que tem andado há muitos anos, ou o Heraldo Rocha, que comigo esteve quase que desde o início, em Manaus] —, o que mais mudou foi a liberdade de expressão total que hoje tenho, e antes não tinha…

 

Sim, não tinha sem sentir que não tinha, posto que por mais aberto que eu fosse…, ninguém serve à Religião sem vestir as vestes de Saul…

 

Vamos combinar que tudo o que você descreveu será aqui chamado de As Vestes de Saul…, certo?…

 

Quando saí para a guerra contra Golias, aos 18 anos, fui apenas com cinco pedras do ribeiro…, e vi que o bicho caiu…

 

Os primeiros anos foram todos apenas da funda e das pedrinhas…

 

Foi o tempo que somente o pessoal de Manaus e apenas alguns de fora […] conheceram…

 

Ora, depois de 1983, quando eu voltava a Manaus, sentia a alegria imensa do povo, mas, ao mesmo tempo, uma saudade em muitos…; a qual […] imaginava eu, deveria ser apenas devido ao fato que, sendo amado por eles e tendo certeza disso, fosse a ausência que gerasse aquela saudade que eu via nos olhos de muitos…

 

Mas não era… Era apenas saudade do tempo em que minha liberdade ainda estava intacta!…

 

Sempre fiz esboços de pregação até por uma questão de documentação para mim mesmo do que eu estava ensinando e onde…

 

Entretanto, depois de 81, e, após isso, intensamente depois de 83, os esboços passaram a ser uma necessidade…, posto que além das pregações acontecerem às vezes até 13 vezes em um dia [e o esboço era apenas um descanso para a minha mente cansada], além disso, havia também as muitas pregações em seminários, conferências, palestras com temas pré-definidos pelos “grupos” aos quais eu estivesse servindo no caso…; fosse pregando numa Cruzada; fosse dando aulas; fosse ministrando em ambientes com temas pré-definidos; e mais: em tais casos, muitas vezes, pediam os esboços com antecedência, pois queriam publicar também…

 

No entanto, mais do que tudo, foram as palestras em Inglês e fora do Brasil os compromissos que mais demandavam o tal do esboço; visto que fora do Brasil, especialmente nos países de tradição cristã mais antiga, como na Europa e nos Estados Unidos, o esboço é parte da pedagogia que se oferece ao povo…

 

Acima de tudo, porém, os esboços se me tornaram meio que obrigatórios quando alguns dos “meus amigos da caminhada” anterior [gente do Movimento de Lausanne] começaram a me dizer que sem esboço havia muito desperdício no que eu dizia, posto que na opinião de alguns deles as minhas mensagens fossem muitos cheias de variáveis de “pontos”, muitos “pontos”…; daí você também me ver, naquele tempo, não apenas olhando o esboço, mas dizendo que era o Ponto 2, subdivisão 3ª daquele ponto, etc…

 

Eu, porém, ia me sentindo cada vez mais como um Davi que recaiu da graça, da liberdade de matar gigantes com pedrinhas apenas, e também apenas com a funda da fé feliz que o Senhor me dera…

 

Nesse tempo, por esta mesma razão também, minha grande alegria era pregar nas favelas, nos presídios, nas ruas e praças, pois, em tais ambientes, eu pregava com a liberdade do menino de Manaus…

 

Entretanto, no ambiente eclesiástico, de alguma forma o gesso me havia pegado…

 

Em meio a tudo o que digo há aqui no site a descrição de um sonho que tive em 98, dentro do ambiente da Catedral do Rio; um sonho que envolvia a “minha toga”…, no qual, a suma, entre outras, é que na volta… [e eu ainda nem tinha ido…], passaria a pregar sem esboços outra vez…

 

Veja: MINHA TOGA, A MENINA, A CATEDRAL E A PALAVRA

 

Além disso, o modo como o que aconteceu a mim foi tratado pelos milhões que passaram a vida me ouvindo e copiando os meus esboços para re-pregar em suas “igrejas”, me deixou claro que quanto mais esboçado e mastigado eu servia tudo, pior era; pois, de fato, as pessoas anotavam o que eu falava, mas não ouviam e nem entendiam…

 

Então, segundo o espírito do Sonho da Toga […] decidi não mais usar esboços em nada e nunca… Sim, decidi que sairia como saísse…, e que quem quisesse copiar teria antes que entender…; pois, hoje, sem tais ajudas, somente me repete quem de algum modo me entendeu, do contrário, não dá para repetir…

 

Quanto à aparência física que se expressa não como magreza apenas, mas como roupa, barba, cabelo, etc… — saiba: era assim que eu era antes…; embora, de certo modo, tenha devagar ido me “adaptando” à aparência que entre os “evangélicos” diminuiria a resistência à mensagem que eu trazia, e que já era demais para a cabeça de muitos, mas que ficava pior quando a aparência física contradizia a moda e o modo do gueto “evangélico”… Sim, já foi o “Caio dos Evangélicos”, de 81-82-83 para frente, que diminui a barba, que tirou o cabelo de cima da orelha, que trocou o jeans pelo tergal, que largou a manga curta pelo terno, que tirou a barba longa e cultivou um cavanhaque…

 

Ou seja: o Caio Velho era a versão mais livre que eu tinha para mim mesmo vivendo em meio aos dinossauros… Sim, eu era um mamífero vivendo entre os dinossauros, em um mundo jurássico, chamando de irmãos a muitos que eram apenas lagartos miméticos…

 

Ora, desde 1992 que essas obrigações foram acabando dentro de mim… Esse é o período do Caio Velho Mais Light que antes…, quando era mais novo ainda…

 

Entretanto, saiba: nada nesse processo foi “marketing de imagem”… Nada!…

 

Comecei a deixar o cabelo crescer à vontade desde 1998… Todavia, em maio de 99, com o cabelo já bem grande, sofri um ataque de alma, do meu inconsciente, que vinha sonhando que eu era um Sansão que tinha que se render não aos filisteus, mas a Deus; posto que no meu sonho eu fosse o meu pior in inimigo; e Voz de Deus, no sonho, requeresse que eu entregasse o meu cabelo como símbolo de força rendida a Deus!…

 

Então, em maio de 99 eu raspei solenemente a cabeça, em lágrimas de adoração e entrega, e me mantive com a cabeça raspada até que a Adriana chegou…

 

Sim, ela chegou e eu ainda fiquei com a cabeça raspadinha mais uns meses… Até que um dia ela me pediu para deixar meu cabelo crescer de novo, como eu gostava dele e ela também; ou seja: longo e livre, como tinha sido a vida toda, desde menino; posto que meu próprio pai, um admirador do Castro Alves, já desde o meu 1º ano de vida, deixara meu cabelo crescer longo…    

 

Isso foi e é tudo […] neste particular!

 

A Voz!… Quem disse que não muda?… Ah, só diz isso quem não ficou velho, ou quem não usou a voz como martelo e machado a vida toda…, ou quem nunca ficou quatro dias em coma e entubado, com a garganta rasgada pela barbeiragem dos que me entubaram, ao ponto de que pensei que não mais teria voz para pregar…

 

Graças a Deus a voz está aí…, mas ficou grave e cansada… E mais: a grande mudança nela aconteceu depois de eu ser entubado…, não antes…

 

A gordura… Ora, eu sempre fui magro… A gordura veio depois de 7 anos de jejum, duas hepatites, e milhares de viagens [literalmente]…; sem tempo para dormir, comer ou tomar banho direito; sempre correndo; sempre comendo o que viesse; sempre sem controlar a saúde; sempre traçando o que aparecesse; sempre submisso à gastronomia dos lugares; sempre forçado a comer tudo para não fazer desfeita aos que convidavam; etc…

 

Assim, não há milagre não minha perda de peso, tendo voltado eu a ter a aparência de antes de engordar…

 

Sim, ponha um divorcio como o meu foi [com participação de uma “argentina” de interessados — os “evangélicos” eram uns 35 milhões; uma Argentina populacional…] nas costas de qualquer um…,  e veja se o cara não seca na hora…

 

Mais: acrescente um Dossiê Cayman sobre tal peso…; com seu nome sendo assassinado todos os dias pela mídia mais ampla do país…; e, a isso, acrescente uma dor maior do que eu possa descrever…; e mais o desenvolvimento de um diabetes — e você verá que até o homem mais gordo do mundo […] perde peso da noite para o dia; especialmente porque eu parei de comer…

 

Na realidade naqueles meses me deu um desejo enorme de apenas beber água, muita água; e, além disso, me deu uma vontade louca de comer muita cebola crua e alho [nada a ver com vampiros… rsrsrs] —; o que, logo depois, um especialista me confirmou como tendo sido uma necessidade gritada a mim pelo meu corpo, posto que o remédio que esse mesmo especialista americano me passou a fim de “curar” meu sangue [que virara uma papa… em razão do stress…], tenha sido apenas uma receita de água, cebola crua e alho…

 

Sem mais o ritmo de vida anterior, o qual literalmente acabou da noite para o dia, pude, depois de anos, voltar a comer apenas o que queria e quando quisesse…

 

Ora, isto fez e faz toda a diferença…

 

É óbvio que frustração afetiva pode fazer a pessoa mergulhar nas leis inconscientes de compensação psicológica e, assim, comer muito mais do que precisa…, como forma de auto-gratificação em meio à silenciosa dor da frustração…

 

Quanto a estar um velho mais jovem do que o Jovem Velho Caio, digo apenas que nada seria mais natural por duas razões:

 

1.    Eu me fizera velho, como tenho dito milhares de vezes, inclusive aqui no site…; posto que começara a pregar ainda garoto, e me matava quando as pessoas vinham e diziam: “Que coisa maravilhosa, mas ainda é muito novinho!”… Foi quando a fala de Paulo a Timóteo se tornou meu lema: “Ninguém despreze a tua mocidade!”; e, por tal razão, fiquei mais velho que os idosos…

 

2.    Uma vez que entendi que nunca mais eu voltaria ao meio religioso, não por banimento [nunca foi o caso e nem seria hoje, agora mesmo, por exemplo…], mas deliberação pessoal — decidi que voltaria a ser quem eu sempre fora, e que, lentamente, pelas razões acima expostas, havia sutilmente deixado de ser em relação às minhas liberdades de expressão…

 

No sonho que mencionei [e dei o link acima…], eu voltava ser cada vez mais quem antes eu fora… Além disso, antes mesmo de levar o sonho a sério […] ao vê-lo ir se cumprindo ante os meus olhos, ao escrever o livro Nephilim, já dizia que o “Abellardo Ramez II”, ao voltar […], seria ainda eles mesmo, mas estranhamente com outra face…

 

Ora, não disse isso pensando em nada, mas apenas sentindo que seria assim comigo; e não fazia referencia a nada exterior, mas apenas ao que dentro fosse mudança fundamental, mas que preservasse a essência original…

 

Portanto, o que tenho a dizer é que árvores seculares como a Castanheira do Amazonas ou como o Cumaru […], ficam mais belas quanto mais velhas se tornarem…

 

As Oliveiras de Jerusalém, as mais belas delas são as milenares…, com caule grosso como dois milênios, e renovos e renovos que fizeram do caule uma história vegetal…, embora conferindo à aparência da árvore uma beleza que somente vem da velhice que se mantém viva…

 

De minha parte…, falando agora apenas do que o tempo pode fazer de bem aos homens mais do que às mulheres, creio que em geral a velhice masculina, se bem vivida, pode fazer o homem ficar melhor na aparência…

 

Vamos falar do modo mais mundano e vaidoso possível então…

 

Você não acha que Sean Connery de hoje não está melhor do que o do 007 da juventude?

 

O Richard Gear de hoje não é mais simpático a agradável do que o franguinho da juventude, do Gigolô Americano?…

 

Quanto a mim, apenas digo o seguinte:

 

Na verdade, a grande diferença é a simplicidade que decorre das desilusões, as quais dão a você o sentido do que seja apenas essencial nas coisas, deixando de lado um monte de coisas que não fazem o essencial se manifestar!

 

Gosto que o Caio Velho e Gordinho pregue na Vem e Vê TV porque desejo que as pessoas vejam que muito mudou…, menos a Palavra; menos a mensagem!…

 

Mas saiba: estarei no meu auge histórico no dia de minha morte; e no meu auge/auge logo depois que morrer… Rsrsrs!

 

Em síntese é isso que tenho a dizer a você acerca de suas indagações!

 

Mano, espero receber um abraço seu na Catedral um dia desses!…

 

 

Nele, que nos serve um vinho que pode ir ficando cada vez melhor, ao ponto de que os que o provem indaguem que loucura é essa de deixar o melhor para o final…,

 

 

Caio

4 de outubro de 2009

Lago Norte

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DF