O “CONFLITO” DE DEUS É NOSSA PAZ!

 

 

 Em Deus tudo o que é imutável é revogável por Ele mesmo!

“Se o negarmos, Ele por Sua vez nos negará. Se somos infiéis, Ele todavia permanece fiel, pois de modo algum pode negar a Si mesmo”.


A implicação disso é o que acima afirmei; ou seja: Em Deus tudo o que imutável é revogável por Ele mesmo!


E por quê?


Porque quando o negamos tudo o que Ele nos diz é imutável até que nos arrependamos, até a nossa mudança de mente, mude o que em Deus antes era Imutável. Posto que o arrependimento faz com que Ele revogue tudo quanto antes seria imutável.


Assim, em Deus tudo o que imutável é revogável por Ele mesmo!


Para mim esta é a única maneira possível de ler as Escrituras, e ver tantas profecias peremptórias em seus vaticínios finais e trágicos, subitamente darem lugar a algo como “E eis que naqueles dias me buscarão, e eu, o Senhor, me compadecerei deles”.


Muitas vezes o que precede a essa revolução “existencial” em Deus, o que vem antes dessa Leviandade de Deus ante palavras antes tão definitivas de juízo — é algo do tipo: “Eu, o Senhor, digo: Em ti jamais se ouvirá a voz do noivo e da noiva; nem haverá festas, nem as danças, e nem a tuas celebrações solenes”.


Entretanto, Deus não resiste o encontro com o arrependimento. Ele é completamente vulnerável ao quebrantamento humano. Ele é como Oséias que acolhe Gomer. Ele é como o Pai do Pródigo.


E por quê?


Porque Ele é como o Filho ante o amor do Pai pelo mundo: se dá ao Pai.


Ele é como o Pai em seu amor pelo Filho: o entrega ao mundo.


Ele é como o Filho em Seu amor pelo Pai: satisfaz ao Pai pelo mundo.


Nele nós todos somos filhos no Filho. De tal modo que no Filho temos nossa própria presença diante de Deus.


Isto é estar em Cristo. Isto é ser habitado e habitar Deus. Isto é habitar o ambiente intimo no qual qualquer coisa de Deus só é imutável até que o arrependimento provoque sua revogabilidade como decisão do Deus que não pode negar-se a si mesmo quando não mais O negamos em nosso coração e nem em nossa boca.


Deus não é leviano. Mas se Nele a Misericórdia triunfa sobre o Juízo, então, é porque Nele tudo o que é imutável é revogável mediante o arrependimento dos homens; provocando aquilo que no Velho Testamento, em linguagem psico – antropológica, se chama de “arrependimento de Deus”— “… e o Senhor se arrependeu…”


O Deus Fiel se arrepende ante o arrependimento humano!


E como Ele não sabe negar quem o confessa com a boca e o coração, então, tudo quanto Ele disse que seria imutável, muda, de súbito, num abrir e fechar de olhos, ao soar a trombeta da Graça; e, assim, o que era imutável se torna revogado pela Lei do Amor; e que vence toda Lei Irrevogável apenas para a morte e o castigo.


O Deus que manda que se arrependa e que a Ele se peça perdão pelas nossas dívidas, dívidas que não sendo perdoados em nós tornam-se os cânceres de nosso ser — ao declarar que devemos a Ele assim orar, manifesta o mesmo principio de Sua natureza; a saber: Em Deus tudo o que é imutável é revogável por Ele mesmo!


E como os dons e a vocação de Deus são irrevogáveis, sabe-se que até o que é imutável, será salvo de sua imutabilidade. Pois, nesse caso, o juízo não muda em si, mas mudando-se o coração dos réus, muda-se a sentença.


E como arrependimento é dom de Deus, é Graça, então, todo aquele que é de Deus, de Deus será para sempre; pois o Deus que torna a Lei da Revogabilidade a Única Lei Imutável, pois é Lei da Graça — Ele mesmo nos concede o arrependimento que revogará tudo aquilo que foi pronunciado como Imutável contra nós.


O Imutável é como o amor de Vinícius de Moraes: é imutável enquanto dura. Enquanto não chega o arrependimento!


Mas as misericórdias do Senhor vão de eternidade a eternidade!



Creia e Viva!




Nele, que é Imutável em Sua capacidade de Mudar para Permanecer Imutável no amor,



 

Caio

Copacabana – 2005