—–Original Message—–
From: M.C.
Sent: quarta-feira, 26 de maio de 2004 11:28
Subject: O CORAÇÃO ADORADOR
Pastor amado,
Lido com música na igreja, e seus ensinamentos tem me enriquecido muito! Tenho aprendido a cultivar um coração-terra-fértil para uma adoração sincera e pura.
Tenho aprendido que: Adoração é tributar a Deus aquilo que temos de melhor.
Seja o melhor dos lábios, sejam ofertas financeiras, seja um choro grato e leal, seja um brado de júbilo, sejam músicas, palmas, danças e instrumentos musicais, ou quem sabe uma meditação íntima, quando ninguém vê ou ouve nada, mas você está ali, adorando a Deus por saber que Cristo morreu para te purificar dos teus pecados passados e futuros!
Esse melhor não é um padrão fixo. O teu melhor não é igual ao melhor do teu próximo. A adoração genuína trabalha com aquilo que tem na mão. E saiba de uma coisa: ainda que seja muito pouco, Deus é poderoso pra te alimentar com aquele pouquinho.
Basta crer! Basta entregar! Basta ser grato!
Sendo assim, aquilo que você tem pode ser até do tamanho de uma semente de mostarda!
Ofereça a Deus. Adoração nunca tenta comprar a Deus!
Adoração é uma profunda dependência da força do Senhor. Por mais que você tenha pra ofertar, ou por maior que seja a qualidade que você oferta, isso jamais será uma moeda de troca, ou um modo de constranger a Deus. O amor verdadeiro não procura o seu interesse. E adoração é a entrega de um coração que ama a Deus acima de todas as coisas.
Às vezes nós passamos fases na vida em que não temos quase nada pra ofertar. Essa é a verdade.
Como o profeta Habacuque disse: “a figueira não floresce, não há fruto na vide, a oliveira mente, os campos não produzem mantimento, as ovelhas foram roubadas, e não há gado nos currais. Todavia, eu me alegro no Senhor, exulto no Deus da minha salvação”.
Estava meditando… sabe porque nos momentos mais difíceis parece que nosso coração mais se enche da glória de Deus?
Porque como não nos sobra nada, a única coisa que temos pra ofertar é o próprio Deus!
Agora, imagine Deus sendo multiplicado sobre nós??!!!
Nossos “cinco pães e dois peixinhos” se chamam: O Senhor. É a única coisa que temos pra oferecer. Não temos muitas posses, muito dinheiro, nem muito motivo e força pra rir e pular…Mas ofertamos a única coisa que ninguém pode nos roubar: O Espírito Santo, que é o próprio Deus!
E essa única coisa que temos é oferecida a Deus, como na multiplicação dos pães e peixes, e há uma multiplicação de Deus sobre nós!
Que maravilha!
Mas por não conhecer o amor de Deus, e por não ter uma fé que chegue ao menos no tamanho de um grão de mostarda (a menor semente do mundo), muitas pessoas desconhecem esse caminho da verdadeira adoração.
Essas pessoas, geralmente são infantis, mimadas e se desesperam diante do Senhor, quase ordenando que Ele as abençoe para que em fim, possam adorá-lo.
Essa adoração é a adoração de Tomé, o discípulo duvidoso. Jesus disse a Tomé: “Bem-aventurados os que não viram e creram!”.
Adoração e Fé devem sempre andar juntas.
No dia que você não tiver muitas “razões” para adorar, adore em fé!! No dia que você tiver muitas “razões” para adorar, adore em fé, da mesma maneira.
Nunca adore por aquilo que você pode ter, ver, ouvir ou sentir!
Guarde o teu tesouro no lugar onde “a traça não corrói, e o ladrão não rouba”.
Alguém pode perguntar: Que coração é este, hein? É o coração de um super-herói? É o coração de alguém que só vê flores, borboletas, beija-flores e noites estreladas a todo tempo? Será que isso não é para pessoas com um dom especial? Será que isso não é para poetas, artistas, filósofos e pessoas muito sensíveis?
Guardo bem isso: O coração do adorador é coração de gente, não de semi-anjo. Quando você sentir-se fraco, feio, desanimado, frágil, dependente, triste, depressivo, espantado, temeroso, alegre, apaixonado, corajoso, forte, vivo, viçoso, rico, lindo, etc… dê graças por uma razão: voce é gente!
E Deus escolheu essa coisa louca, pra que o seu Poder e Graça sejam manifestados e exaltados! Adoração é uma vida abundante que convive com coisas passageiras, mais que não deixa que a esperança em Cristo se limite a essas coisas. Essa vida de adoração diz ao Senhor: “ Para onde me ausentarei do teu Espírito? Se subo aos céus, lá estás, se faço minha cama no abismo, lá estás também. Se eu digo: as trevas me encobrirão, até as trevas não te serão escuras: as trevas e a luz são a mesma coisa. Assim vai o coração do adorador.
Vai, conforme é.
Marcello Cunha.
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Resposta:
Meu amado Marcello: Graça e Paz!
É isso aí! O que nunca entendi é essa angustia com a adoração, como se ela pudesse ser “algo”; sim, como se ela tivesse que ser alguma coisa, uma reflexão, uma dimensão, o departamento da elevação, um andar de cima, um mistério revelado aos entendidos; ou que haja alguns seres chamados para adorar…ou levar os outros à adoração.
Deus sabe quem o adora; e Ele mesmo busca e acha os Seus adoradores, conforme Jesus disse em João 4.
Adoração é a vida em confiança e gratidão; é amar a soberania e a majestade de Deus; nada além disso…
Portanto, os instrumentos da adoração são as respostas do coração à vida, conforme a fé.
Não há “razões” para a adoração que não sejam as não-razões da fé!
Jesus não chamou “adoradores”…
Ele queria discípulos!
É impressionante que tenhamos nos esquecido do chamado para sermos discípulos e tenhamos nos entregue a tantos ofícios existenciais, como o de adorador de Deus.
Algo levitico e oficial!…
O discípulo é gente. O adorador ainda tem que explicar para si mesmo e para os outros que ele não é um semi-anjo.
Ora, tal possibilidade nem ocorre ao discípulo, visto que ele não “adora” viver em perplexa surpresa, indo da dor à exultação, apanhando, sofrendo, conquistando, aprendendo, sendo esmagado e refeito — tudo no Caminho.
Sim, ele adora a Deus, mas nem sempre “adora” a adoração.
“Ficai aqui, e eu e o menino, tendo adorado, voltaremos para junto de vós” — disse Abraão quando caminhava para matar o filho.
Assim, fica decretado que não há adoração sem fé; visto que as razões da adoração são as não-razões da fé.
Ora, como disse Kierkegaard, a fé se manifesta em virtude do Absurdo.
Digo isto porque nestes trinta e cinco anos de ministério nunca entendi o sentimento “sacerdotal” que “bate” nos que se envolvem com música na igreja, e nem com aqueles que dirigem o tempo de cânticos, chamado, erradamente, de louvor.
Afinal, só Deus sabe quem está adorando enquanto canta; e só Deus sabe quem está louvando enquanto dirige os outros “no louvor”.
Acredito em dons, e creio que cada um deve servir a Deus com que Dele recebeu.
Isto é louvor: o ser em Deus com gratidão, e fazer isso também como serviço ao próximo.
As ações do Samaritano cuidando do homem assaltado entre Jerusalém e Jericó são todas elas adoração. Propositalmente, os elementos descritos como remédio para o assaltado, são os mesmos que eram usados nas libações oferecidas no altar em Jerusalém.
Assim, sacerdotes e levitas passam correndo para a hora da adoração…
O Samaritano, no entanto, se curva sobre o altar…o homem…e derrama sobre ele a libação do amor.
O discípulo, portanto, não tem nem que pensar em adoração, visto que tudo o que faz é adoração!
Quando se está cheio da Graça tudo é adoração, tudo é orar sem cessar, tudo é em Deus.
O momento de cânticos ou de contemplação apenas faz parte; e isso se o coração não estiver “divido em partes”, em pedaços.
Deve haver a hora das expressões externas de louvor confessado. Mas fazer qualquer que seja a “separação” entre isso e a vida, significa algo muito perigoso para a mente que deixa o louvor se confinar como “algo” que apenas acontece em um momento, e que tem que manifestar certos estereótipos.
É aí que o louvor se confina ao show, ao ministério do louvor; e que é algo profundamente esquizofrenizante, assim como o é chamar uma pregação de “hora de ouvir a Palavra de Deus”.
Se marcar a hora, em geral, Deus não aparece!
Nele, que nos leva em adoração até na cama que é posta no abismo,
Caio
Quarta-feira, 26 de maio de 2004 11:28
Copacabana
Dois meses depois de eu haver sepultado meu amado filho Lukas. Deus sabe como o adorei naquele dia 27 de março de 2004.