O CUPIDO JESUS: é assim? Ela não me ama mais…
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From: O CUPIDO JESUS: é assim? Ela não me ama mais…
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Sent: Tuesday, December 27, 2005 9:39 AM
Subject: Viver o natural ou o sobrenatural?
Caio,
Tenho acompanhado seu site, e nele tive a alegria de me encontrar com a maravilhosa e infinita Graça. Algo que sempre existiu, mas que eu nunca tinha experimentado. Agradeço a Deus por usar sua vida nesse sentido.
Bem, estou com a seguinte dúvida: devo ou não ter esperança?
Eu e minha esposa nos conhecemos bem jovens, vivemos um lindo namoro, a gente ficava grudado um no outro todo dia, a ponto de as pessoas ficarem até comentando nosso “excesso” de amor. Nos casamos e tivemos dois lindos filhos.
Nos convertemos e vivemos relativamente bem durante 14 anos (digo “relativamente” porque de vez em quando a gente tinha umas brigas, mas nada muito sério). Até que um dia ela conheceu uma mulher da qual se tornou muito amiga. A partir daí começou o fim do nosso casamento. Ela começou a ficar diferente comigo e se importar demais com a amiga. Ficavam horas no telefone e em todos os assuntos ela sempre falava na amiga. Até que um dia ela disse que não me amava mais e que queria a nossa separação oficial (eu deveria sair de casa). Tentei de tudo para reverter a situação, tentei fazê-la lembrar do nosso amor, da nossa história, mas ela se tornou dura como pedra e está irredutível.
Estou muito triste e a dor é grande. Como ela pôde me amar tanto e hoje não restar mais nada? Se a gente não se tivesse tido tanto amor um pelo outro eu até entenderia…
Não consigo me imaginar longe de casa, dos meus filhos a quem amo tanto.
Nessas horas vale ter fé de que Deus pode fazer algo? Assim como Ele um dia endureceu o coração de faraó, pode Ele hoje amolecer o coração de minha esposa? Devo crer, ou Deus não vai mexer com isso? Devo crer que “para Deus nada é impossível” ou isso só vale para coisas que não são do coração?
Em quê devo ter fé? Em quê devo ter esperança? Como devo orar?
Preciso de orientação, nesse momento. Se puder ajudar, vou ficar muito grato.
Um grande abraço.
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Resposta:
Querido amigo: Graça, Paz e Esperança!
Não sei o que sua esposa disse a você acerca do que está acontecendo; ou mesmo se disse alguma coisa. Porém, mesmo não sabendo de nada do que está acontecendo ou do que teria acontecido a ela, pela experiência adquirida, eu lhe diria de três coisas, uma:
a) ou ela e a mulher se apaixonaram e estão tendo um caso de sexo e amor, e querem ficar juntas;
b) ou, quem sabe, a “amiga” é dada a “aventuras com homens e ou mulheres”; e nessa de andarem juntas, sua mulher teve a “cabeça feita”, provou…, gostou da novidade…, está empolgada…; e, como casou jovem, e não teve “excessos” que não tenham sido com você, agora, todavia, quer provar não apenas excessos com você, mas com “excesso de pessoas”;
c) ou, por último, talvez a amiga dela seja esse tipo de mulher que vive de diagnosticar o “fracasso” dos casamentos dos outros, sempre achando que a amiga poderia estar “melhor parada”.
Sobra, entretanto, uma outra opção, também muito doída, e que é a de sua esposa ter apenas sido “acomodada” a você, e, agora, nas imediações da “idade da lobinha”, e com o estimulo de uma amiga “loba”, esteja botando as unhas de fora e dizendo: “Minha quota está dada aqui…!”
Suas perguntas:
“Nessas horas vale ter fé de que Deus pode fazer algo? Assim como Ele um dia endureceu o coração de faraó, pode Ele hoje amolecer o coração de minha esposa? Devo crer, ou Deus não vai mexer com isso? Devo crer que “para Deus nada é impossível” ou isso só vale para coisas que não são do coração?”
Meu amigo, como tenho dito à exaustão aqui no site, e também para as pessoas no curso e mais de 30 anos, eu não creio em “cupidos divinos”. Essa é uma idéia grega adaptada ao “cristianismo”.
Na Bíblia que leio não vejo Deus conceder amor, tesão, desejo, vontade de se dar a uma mulher por “ordem divina”. Aliás, o único caso registrado é uma tragédia: “Vai e ama uma mulher de prostituições…”—disse Deus a Oséias.
Perguntas minhas:
Teria Oséias “amado a puta” sem amor, apenas por ordem de Deus?
Ou ele já amava a “piranha”; e Deus apenas lhe disse que ele ficasse e casasse com ela?
Ou ainda: teria ele casado com uma mulher que ele julgava legal, e depois ela se entregou à prostituição, e Deus apenas disse a Oséias que não a deixasse, posto que o que estava acontecendo ao profeta era o mesmo que a Deus acontecia em relação à Sua noiva: Israel?
Não sei. Ninguém sabe. Somente Oséias e Deus!
O que sabemos era que Gômer, a mulher do profeta, era sexualmente compulsiva; e, aparentemente, se ela ficou curada algum dia, isto deve ter sido pela via da “aposentadoria” da velhice ou da morte, visto que a Bíblia nada registrar e nem dá indícios de coisa alguma, a não ser da dor de Deus e de Oséias.
Minha convicção pessoal é que o amor entre um homem e uma mulher é “mistério” de eleição à revelia, assim como estranho e inexplicável é o amor de Deus por nós!
Quando vejo alguém considerando os prós e os contra de um possível casamento e união, fico logo sabendo que ali não há amor-paixão, pathos, mas apenas as contas e as considerações que são feitas antes de se iniciar uma “sociedade” que visa ser estável e bem-sucedida. Apenas isto!
Se o amor chega, ele tanto ilumina quanto também nos cega!
O livro de Provérbios nos diz que se trata de algo para o que a própria sabedoria não tem respostas. É tão misterioso como o “caminho da cobra na penha, um navio solitário no meio do oceano e como o vôo do falcão no meio do céu…”—; assim, diz a sabedoria, é o caminho de um homem com uma mulher.
Se você a ama como parece amá-la, minha sugestão é que você diga a ela que a ama, que não quer que o casamento de vocês seja uma prisão para ela, que você a ajudará em tudo, que não a infamará em nada, mas que esta é uma decisão dela, e que você não tem ser punido em razão disso sendo afastado dos filhos.
Portanto, diga que ela está livre para ir e voltar para ver os filhos, mas que ela deve achar o que quer sem colocar as crianças no meio de tal confusão.
Não sei se você sozinho tem estrutura para cuidar dos filhos, e também não sei se é isto que você deseja. Todavia, no que me concerne, eu faria essas duas coisas: a deixaria livre “na hora”, considerando o casamento acabado — afinal, já acabou —; assim como também cuidaria dos meus filhos, jamais a infamado; e, sobretudo, sem jamais deixar de honrá-la como mãe dos meus filhos.
Ela estaria tanto perdoada quanto liberada se eu fosse o marido!
Quanto ao mais, Paulo pergunta: “Como sabes…?” Sim, se ela se converterá, se virá a se arrepender, se desejará voltar, se ama você de verdade, se foi apenas uma fantasia, ou o que quer que seja…?
Mas comigo ela não ficaria, nem eu pediria que ela reconsiderasse, e, menos ainda, que “pelo amor de Deus ficasse”. E isto apenas por uma razão: não aceito ter ao meu lado quem não deseje estar com toda espontaneidade, amor, paixão, desejo, amizade e lealdade.
Quando Deus criou homem e mulher não havia pecado no mundo. No entanto, antes da mulher aparecer de dentro do homem como costela-projeção, Deus não “encheu” a alma do homem de satisfação absoluta.
Ora, o estranho é isso:
O Absoluto, o Outro Irreferivel, Deus, não fez de Si mesmo a satisfação plena do homem; mas antes, disse: “Não é bom que o homem esteja só!”—; e, com tal afirmação, Ele dizia que nem só da Palavra que sai da boca de Deus vive o homem, mas também de pão, de água, de companhia, de amor, de carinho, de beijo, de afeto, de amizade e de conjugalidade…
Desse modo, meu amigo, eu não faria campanhas de jejuns e nem me “consagraria” a tal volta…
Dê um tempo a ela. Proponha que ela saia devagar e procure se achar. E, por amor a ela e a seus filhos, dê a ela o suficiente para que ela viva e se decida. Mas não implore para ela ficar, pois isto acabaria e acabará você como homem, levando sua auto-estima para o buraco.
Pessoalmente eu acho mais fácil o Sol parar e um morto ressuscitar do que uma alma viva na Terra passar a amar a quem não ama de modo conjugal!
Quando a gente ama o inimigo, é fácil; visto que é um amor que se baseia em atos de bondade, sem a afetividade demandada num casamento.
Assim, se no casamento se dá ao cônjuge o amor que se dá ao inimigo, isto é “desamor”.
E por quê? Porque no casamento Ágape, Fileo e Eros precisam estar casados; do contrário, o cônjuge vira inimigo, como toda hora se vê.
Esta é a razão pela qual tantos casais se odeiam no meio cristão. Afinal, neles Ágape, Fileo e Eros nunca se casaram; sobrando apenas o amor eternamente altruísta como qual a gente tem que tratar o inimigo. Ora, no casamento, tal forma de amar acaba “matando” o outro; sem falar que as atitudes de disputas e de hostilidade impaciente começam a prevalecer.
O padrão de amor ao inimigo é diferente do amor pela mulher ou pelo marido. Ao inimigo se faz concessões de guerra fraterna, vencendo-o pela corajosa não resistência, tudo sem medo, e por determinação da superioridade do amor como entendimento. No entanto, quando se trata do cônjuge, o que se diz é: “Ama, cuida, alimenta como se alimenta a própria carne, etc…”
Ora, a fim de praticar tal amor deve haver solidariedade e cumplicidade conjugal no dia a dia; posto que se pode tratar alguém assim a vida toda desde que se não durma na mesma cama, não se tenha que transar, e nem se tenha que acordar com um “Bom dia meu amor!”
Se ela está apenas confusa, assim mesmo deixe-a ir. Não queira nesta área nada que não seja seu, somente seu, e sem dúvida de natureza alguma, nem mental, nem emocional e nem afetiva.
Aqui, portanto, está a resposta de um amigo. E peço a Deus que eu esteja equivocado; que tudo isto passe; que tenha sido apenas um surto de imaturidade; que tenha sido apenas o reviver de coisas não resolvidas do passado…
Tomara que seja assim!
Porém, como Paulo, apenas pergunto: “Como sabes, ó marido, se a sua mulher amará você? E como sabes se o coração dela se converterá a você outra vez?”
Sinto muito! Sei a dor de tais horas!
Estou orando por você!
Um beijo amigo e carinhoso!
Nele, em Quem ninguém tem o poder de nos tirar a esperança da Vida, nem mesmo a mulher amada que se vai…,
Caio