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From: O FERISEU É UM “PRÓDIGO” QUE FICOU SURTADO NA CASA DO PAI
To: Caio Fábio Sent: Friday, December 08, 2006 9:09 AM
Subject: DOUTORES DA LEI: A DOUTRINA DOS FARISEUS
Graça e Paz Caio,
Tenho visto aqui no site principalmente as cartas que enviam dizendo sobre os comentários que certos pastores evangélicos fazem a respeito do Caminho e não conseguir ficar em silêncio: É com grande alegria que leio, ouço ou vejo pessoas como o Mala Véia (digo, Malafaia), o Bolo de Gude (digo, bola de neve) e outros falarem que o Caminho da Graça ensina a doutrina de demônios.
De início já mostra claramente que o Caminho não faz parte deste saco de farinha podre que esta o evangelho evangélico e mostra também a diferença brutal do evangelho “traduzido” por eles, entre o real Evangelho de Jesus escrito através das Escrituras. A eles cabe a estrutura da Lei Mosaica com todos os demais implementos criados ao longo dos tempos e aprimorados pela cobiça, inveja, ego, poder, status… Quantas medidas provisórias foram editadas à Lei! É a evolução para os novos tempos! A remasteurizada Doutrina dos Fariseus vem com embalagem digna para o século 21, mas com conteúdo ainda mais devastador para o interior humano e sua consciência. A esses pastores chamo de Doutores da Lei que possuem o mesmo “biótipo” dos nossos empresários e políticos corruptos que, após criarem a lei, buscam brechas ou as criam a fim de satisfazerem seus próprios interesses. Exemplos são o que não faltam: Bezerra da Silva virou crente da IURD, porém continuou cantarolando suas músicas “mundanas”.
A IURD nunca falou nada, afinal a notícia da conversão de um Bezerra da Silva gera muito mais dividendos, certo? Pior fica o povo do Doutor É-dir-Doer (digo Edir Macedo) que continua dizendo que ouvir música que não seja evangélica é pecado.
Lembro-me da repreensão de Jesus aos fariseus de sua época (Mateus 23:13–36): “Raça de víboras!”, “Hipócritas!”, “Insensatos e cegos!”, “sepulcros caiados”. Dão ao povo um fardo, mas a si mesmo se isentam: a genuína Doutrina dos Fariseus.
Antonio Genaro (o Robin do Mário de Oliveira da Igreja Quadrangular) disse há um tempo atrás num noticiário local daqui de MG que não via problema em ganhar um super-salário na Assembléia Legislativa de quase R$ 90 mil (veja escândalos dos super-salários na Assembléia de MG). E há algo de errado nisso?! Errado só se outro fizer e ele não ganhar uma beiradinha.
Milagre precisa ter pirotecnia. É preciso dar uma ajuda pra Deus, afinal nem sempre Ele cura da maneira que dá mais ibope. Que o diga Jerônimo Onofre, o candidato a Robin da Quadrangular que em um dos seus cultos, chamou as pessoas que tinham o vício de fumar e as levou para o palco (melhor seria picadeiro neste caso) dando a cada uma delas várias gotinhas do “Óleo de Mirra Ungido em Israel” na língua. Depois acendeu um cigarro e foi passando de boca em boca, mandando que tragasse e que elas não agüentariam fumar. Eram quase 20 pessoas! O final foi esplendoroso: a “Oração Forte”. No palco (leia-se picadeiro) foi chamado um pastor todo vestido de branco (macumba?!) que começou a colocar as mãos sobre as cabeças e com frases do tipo: “vai cair, vai cair”, “vou soprar e você vai cair”… Levou muitos ao chão. Quando acabou não precisei ligar para o Mister M para me mostrar como funciona o show. Foi fácil: o óleo chamado de Mirra tem um gosto muito forte (ainda mais quando é colocado diretamente na língua), juntando com o “gosto” da fumaça do cigarro produz uma sensação de repugnância. As quedas com a “Oração Forte” acontecem com as pessoas mais sensíveis. É o princípio da hipnose que os pastores fazem curso para aprender.
Poderia falar mais, porém quem tem ouvidos para ouvir, ouça! Jesus é o mesmo ontem, hoje e será para sempre. Ele continua operando milagres, mas não monta uma tenda pra isso. Ele continua trazendo luz aos cegos, mas o cego precisa dizer: “Quero ser curado.” O cego precisa ter ação.
Voltando ao Mala Veia e ao Bola de Gude, os fariseus também falaram que Jesus expulsava demônios por Belzebu (o maioral do reino das trevas). Os fariseus viam Cristo como um rebelde criador de uma seita que estava libertando o povo da tirania da lei. Por isso, se intitulam o Caminho como uma concentração de rebeldes ou rebelados… Viva! E que eu viva a minha vida sendo este rebelde no Evangelho de Cristo, pois as coisas velhas se passaram e tudo se fez novo.
No mais, mano (permita-me chamar-lhe assim) Caio continue contando com mais um rebelde-louco daqui de Minas. Um carinhoso abraço
Riva Moutinho
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Resposta:
Meu querido Mano: Graça e Paz!
Herege é sempre o outro. Joio nunca somos nós. Nem tampouco lobos seremos para nós mesmos.
A obsessão das folhas de figueira para cobrir a própria nudez e tentar fugir da verdade, é uma doença sem fim entre todos os humanos. Assim, somos cegos de nós mesmos. Só que há uns que se confessam cegos. E por essa razão começam a ver. E há aqueles que dizem que vêem, e por isto se tornam cegos e grandemente culpados, pois, se vêem, por que vivem como se cegos fossem?
A questão é uma só: todos somos pecadores. Porém, alguns de nós tememos a Deus, e, pelo menos como fez o “Pródigo”, quando desejou assumir o que cria ser o que ele queria fazer, sinceramente se despediu do Pai — esses decidem viver a sua morte numa “terra distante”. Mas não ficam na casa do Pai corrompendo a todos.
Quando se perde a reverência para com as coisas que o Pai chama de valorosas, esse “filho” vai se empedrando. Torna-se bruto, insensível, cínico, incapaz de se arrepender e sempre disposto a tudo a fim de manter o poder que o nome “Jesus” lhe possa conferir. Poder terreno, é claro! A virtude do pecado do “Pródigo” é que ele, já surtado, decidiu dar vazão ao seu surto num lugar no qual a associação dele com o Pai não fosse objetivamente percebida — e assim não ultrajasse o Pai diante do mundo. Horrível é quando o surto é na casa do Pai, em nome do Pai, e contra os servos do Pai. Pelo amor de Deus! Se o negócio deles é grana, fama, falsas importâncias, superficialidade, mentira, malandragem, espírito de quadrilha, manipulação do nome “Jesus”, e vontade de viver no espírito do bruxo, ou qualquer outra coisa feia… Puxa! — então que sejam políticos safados, ou traficantes implacáveis, ou puxadores de carros, ou policiais dos esquadrões da morte, ou camelôs, ou bicheiros, ou pais de santo, ou artistas de televisão que subiram nas trepadas, ou garotos de programa, ou venderes de carros ferrados que deliberadamente enganam, ou ateus honestos — pois todos esses os precederão no reino de Deus, posto que sinceramente foram o que foram, e usaram dos artifícios que desejaram para se dar bem ou sobreviver; porém, não usaram o nome de Jesus para tapear os seres humanos mediante os assaltos que praticam no cofre sagrado do coração de cada pessoinha deste mundo. Se seus filhos se associam a eles é porque ficaram como eles. O que é trágico.
Porém, na maioria dos casos, os filhos sabem que tudo aquilo é engano e mentira. E por isso sofrem. E suas esposas são infelizes. São mulheres que precisam sublimar tudo isso de alguma forma, a fim de não surtarem de histeria ou de depressão. Algumas se escondem. E se deprimem. Outras pulam de cabeça. E viram banbispas ou pastorpangas. Mas são infelizes. São mulheres que não beijam na boca. São esposas celibatárias. São mulheres sem libido satisfeita. Enlouquecem de frustração. Elas sabem que não exagero em nada. Afinal, muitas me escrevem.
Esses são os “pródigos indignos”, pois fazem a zona na casa do Pai. Ficam fora de si na casa do Pai. Já o “Pródigo” do feliz arrependimento “saiu de si” muito “longe” dali, e “voltou a si” onde definitivamente se perdera. E quando voltou para a casa do Pai, o fez somente porque já sabia que Graça encontraria lá.
Devo também admitir que conquanto esses “pecados do templo” nos dias de hoje não sejam apenas um fenômeno de agora — pois sempre existiram —, ainda assim, o que hoje se faz é de incomparável poder de choque para o mal.
E por quê? Por causa da fixação no sucesso como fama e aparição pública, especialmente a televisiva.
Comecei a usar a televisão ainda menino de 18 anos, a fim de pregar a Palavra. Mas ela nunca entrou em mim como ídolo.
Eu amava usar o veículo, mas abominava o efeito colateral da falta de privacidade. Quem ama a mídia e também ama a fama e a falta de privacidade e individualidade que daí decorre, este está possuído por ela, digo: pela mídia como deusa, ídolo, e senhora do ser.
Eu creio que a mídia teve um papel terrivelmente corruptor nas almas desses líderes evangélicos que hoje cada vez mais mostram suas reais e perversas motivações.
O complexo de inferioridade social, cultural, financeira, educacional, etc., que existe na alma traumatizada da maioria desses líderes de tevê e de ministérios-impérios acaba sendo o diabo que os deslumbra, os seduz, os anestesia e os corrompe em todos os níveis.
É como o velho exemplo do sapo na fervura. Se se põe o bichinho na água, se acende o fogo, e se deixa o sapo na panela, ele lá fica e não pula fora; e ali permanece até cozinhar.
Mas se é jogado de súbito numa panela com água fervente, ele salta fora.
O problema desses senhores líderes é que eles se tornaram sapos acostumados à fervura, a qual começou branda, até que os cozinhou. Estão fora de si. Estão surtados. E infelizmente surtaram na casa do Pai, e não possuem a dignidade do bom pecador, o qual em sabendo de seu surto, não brinca de louco na casa do Pai.
Respeito mais o “Beira-Mar”. Pois não está em nenhuma beira de nenhum mar. E faz sua maldade em seu próprio nome! E não se acha injustiçado pelo crime de induzir ao errar.
NEle, que nos chama à santidade, mas que prefere um “Pródigo” distantemente próximo a um “pródigo” proximamente distante — para sempre,
Caio
(Carta respondida em dezembro de 2006)