O PREGUIÇOSO

Preguiça é uma doença da alma.

Pode até ser que uma pessoa com determinadas deficiências químicas sofra de inaptidão e indisposição para o trabalho, em razão de tristezas, perdas e de depressão.

O preguiçoso, todavia, não é vítima de nada exterior à sua falta de responsabilidade.

Ele sofre do mal daqueles que acham que o mundo lhes deve alguma coisa.

O preguiçoso é um ser que esconde a sua covardia atrás do pretexto da indisposição, do cansaço ou dessa suposta falta de boa vontade da natureza quanto a dar a ele um tratamento diferenciado dos demais mortais.

Assim, o livro de Provérbios fala ao preguiçoso o que deve ser dito a todos os preguiçosos:

 

Vai ter com a formiga, ó preguiçoso; olha para os seus caminhos, e sê sábio( Pv 6:6).

E assim, recomenda que o preguiçoso perceba que a cada um compete uma tarefa na vida.

 

Ó preguiçoso, até quando ficarás deitado? Quando te levantarás do teu sono?(Pv 6:9)

O sono do preguiçoso não é sono…é evasão das responsabilidades da vida.

 

Como vinagre para os dentes, como fumaça para os olhos, assim é o preguiçoso para aqueles que o mandam(Pv 10:26).

Ter o preguiçoso como funcionário é uma tarefa profundamente encardida e ardida.

 

O preguiçoso deixa de assar a sua caça, mas ser diligente é o precioso bem do homem(Pv 12:27).

Nem se você der a ele o que comer resolverá o problema da alma dele. Se ele deixar no fogo, no fogo ficará…até o fogo deveria saber ajudá-lo a não queimar a comida. Todos devem ao preguiçoso, até o fogo deve a ele consciência e brandura.

 

A alma do preguiçoso deseja, e coisa nenhuma alcança, mas a alma dos diligentes se farta(Pv 13:4).

O preguiçoso acha que a grande contribuição que ele tem para dar a vida é desejar…no mais…a vida deve a ele a realização de seus sonhos.

 

O caminho do preguiçoso é cercado de espinhos, mas a vereda dos retos é bem aplanada(Pv 15:19).

Tudo incomoda ao preguiçoso. Não há caminho de conforto para quem vê desconforto e espinho em qualquer caminho da vida.

 

O preguiçoso esconde a sua mão ao seio; e não tem disposição nem de torná-la à sua boca(Pv 19:24).

Sois Rei! Sois Rei! Esse é o clamor que o preguiçoso adoraria ouvir.

Quer ser servido. Até o ato de levar a mão do peito ao prato e do prato à boca lhe é tarefa penosa.

 

O preguiçoso não lavrará por causa do inverno, pelo que mendigará na sega, mas nada receberá(Pv 20:4).

Se ficar sem ter o que comer a culpa é da natureza que não deu a ele o aviso que não haveria fartura se ele não juntasse para o resto do ano.

 

O desejo do preguiçoso o mata, porque as suas mãos recusam trabalhar(Pv 21:25).

Ele é um ser frustrado e vitimado pela visão ciclicamente auto-vitimada que ele tem da existência. Assim, ele morre de improdutividade e de insatisfação.

 

Diz o preguiçoso: Um leão está lá fora; serei morto no meio das ruas(Pv 22:13).

Qualquer caminho para fora de sua letargia é como uma ameaça felina. Sua desculpa para não fazer é o “perigo” de cada ato na vida.

 

Passei pelo campo do preguiçoso, e junto à vinha do homem falto de entendimento(Pv 24:30).

E que o havia eram espinhos e urtigas. Tudo que ele herdar será perdido. O mato come o que é dele.

 

Como a porta gira nos seus gonzos, assim o preguiçoso na sua cama(Pv 26:14).

Ele está “pregado” à cama. Ele acaba virando parte da mobília.

 

Mais sábio é o preguiçoso a seus próprios olhos do que sete homens que respondem bem(Pv 26:16).

O pior é que o preguiçoso quase sempre se acha malandro, esperto e aquele que sabe das coisas. O mundo só não dá certo porque suas ordens e desejos não são realizados.

 

Você conhece alguém assim?

Você é assim?

 

Veja se esse é um estado crônico ou apenas uma fase.

Vale ver como andam seus minerais e seu estado psicológico.

Se tudo estiver em ordem, então, meu amigo, levante-se de sua doença porque o bicho vida sempre pega o preguiçoso.

Não é o leão que está na rua…é a rua que vira o leão.

 

Caio Fábio