O QUE ME DIZ DA TEOLOGIA RELACIONAL OU DO PROCESSO? (I e II)
—– Original Message —–
From: O QUE ME DIZ DA TEOLOGIA RELACIONAL OU DO PROCESSO?
To: [email protected]
Sent: Monday, March 06, 2006 2:23 PM
Subject: Teologia Relacional: Soberania Divina e liberdade humana e com base no relacionamento com o criador.
Amado Pastor,
Acompanho sua caminhada desde 1995, ano que me converti quando tinha então 14 anos, e o conteúdo de suas mensagens foram de vital importância para fundamentos de minha caminhada cristã e a construção da minha “visão de mundo”.
Ler livros como no “Divã de Deus II” e “Cura de traumas e feridas interiores” foram de vital importância para cura em meu coração dos males causados pelo sentimento de perda e “roubo” que tinha em meu coração em relação ao falecimento de meu pai, quando tinha então 6 anos.
Assistir pregações no Pare e Pense, como Isaias 40, me fez deslumbra-me com a Soberania do Eterno. Ouvir pregações como a da carta à igreja em Laudicéia, feita durante a viagem a Terra Santa e pregações como Batalha Espiritual nas Instituições Religiosas, que ouvir em 1997, foram de vital importância para alertar o meu coração a caminhar vigiando sobre os riscos dos cultos que se transformam em um-fim-em-si-mesmo e me fez acordar sobre os perigo de acreditar que só por que determinado movimento é acompanhado do Sobrenatural e/ou por que fala e alcança
prosperidade deva ser acolhido como sendo de Deus. Aprendi com o senhor
sobre os riscos de comprar correntes filosóficas e teológicas como pacotes fechados e limitar-me a elas, pois elas são muitas vezes modas passageiras, mas a Palavra permanece. Por essas coisas dentre muitas outras, sou muito grato ao Pai por sua vida.
Entristeci-me muito em 1998, com as coisas que não conseguia compreender,
acompanhava tudo à distância entre as notícias no Jornal Nacional e entrevista na Eclésia, mas entendi que não podia julgar o que acontecia, pois isso não é tarefa minha, além do mais, aprendi que Jesus é um Deus
restaurador que não esmaga o caniço quebrado e nem apaga o pavio fumegante. Hoje percebo que as últimas colheitas são ainda melhores que as primeiras e vejo que o senhor continua firme no que sempre falava, constato ainda que a mensagem da Graça estar ainda mais forte em ti.
Além de agradecimentos gostaria de fazer uma pergunta:
– O que é e qual o seu posicionamento sobre a Teologia Relacional?
Receba o meu carinho e um forte abraço,
Danúbio Oliveira Júnior
Fortaleza-CE
______________________________________
Resposta:
Querido Danúbio: Graça e Paz!
A Teologia Relacional ou do Processo não resiste a uma única afirmação bíblica, que é a de que o Cordeiro foi imolado antes da fundação do mundo. Que Deus surpreendido com a criação seria Esse, o qual, antes de criar já se imola em sacrifício pelo que ainda nem realizou?
Entretanto, como há um tempo atrás me perguntaram a mesma coisa, e, toda semana alguém repete a questão, transcreverei o que já disse, num dia até meio sem “saco”, o que pensava e penso dessa “teologia”; o que não é em nada diferente do que penso de todas as “teologias”.
Aí vai…
_______________________________________
—–Original Message—–
From: Cristiano Ferreira
Sent: domingo, 21 de setembro de 2003 01:35
To: [email protected]
Subject: TEOLOGIA RELACIONAL, O QUE O SENHOR PENSA?
Mensagem:
Graça e paz em Cristo!
É um prazer e satisfação poder comunicar-me com o senhor, pastor Caio.
Pastor, eu gostaria de lhe pedir a ajuda sobre a Teologia Relacional ou do Processo.
Este vento sutil já chegou até nós, e começa trazer conseqüências negativas na vida da Igreja, Corpo de Cristo.
Para se ter uma idéia, já tem pastor por aqui afirmando que Deus não sabe quase nada do futuro!
Admiro-o e precisamos da sua voz quanto a este tema.
Grato pela atenção.
Em Cristo,
Cristiano.
______________________________________________________________________
Resposta:
Meu amado: Graça e Paz!
O que você quer dizer ou entende sobre Teologia Relacional ou do Processo?
E o que você quer dizer quando afirma que há pastores dizendo que Deus não sabe o futuro?
Nele,
Caio
____________________________________________________________________________
–Original Message—–
Primeiro, escrevi de modo incorreto.
Segundo, a frase deveria ser:
Há pastores afirmando que Deus não sabe o futuro (mesmo)!
Terceiro, referia-me não ao pastor (mencionou o nome), apesar de que mesmo sendo leigo eu entenda isto diferente dele.
Refiro-me aos pastores que pegam o texto dele (do pastor mencionado) como infalível, sendo que a “emenda pior do que a encomenda”…
Quarto: Teologia Relacional é nas palavras do próprio pastor (menciona o nome do pastor), o seguinte:
_____________________________________________________________________________
(Aqui segue o texto)
Todos os cristãos concordam sobre a onisciência divina, ou o conhecimento perfeito de Deus. Inclusive aqueles que defendem uma Teologia Relacional. Quando se discute sobre a relacionalidade de Deus, precisamos vencer os nossos paradigmas antigos e não reagir emocionalmente. Noto que as pessoas resistem pensar sobre os atributos divinos, por temerem qualquer afirmação que diminua seus conceitos a respeito de Deus. Um desses paradigmas envolve a Onisciência Divina.
Vejamos que as implicações daquilo que chamamos de onisciência são diversas.
A visão mais tradicional da teologia clássica é que Deus conhece todas as coisas, passadas, presentes, e futuras. Mais ainda, a teologia clássica afirma que todas as coisas são conhecidas de Deus, não porque ele tenha conhecimento delas, mas porque ele as determinou desde sempre. Na teologia clássica o tempo é uma prisão dos mortais, Deus não está no tempo, não experimenta tempo. Ele vê tudo que já aconteceu no passado, tudo o que acontece agora e tudo o que acontecerá no futuro, como algo que já “acontecido”.
Na Teologia Relacional, não há contradição com a teologia clássica na afirmação de que Deus conhece perfeitamente o passado e o presente. A polêmica nasce quando se pensa sobre o futuro! Quanto ao futuro, podemos afirmar:
1. Deus conhece algumas dimensões do futuro, não por já existirem, mas por Ele haver soberanamente decretado que um dia elas acontecerão – o que explica as profecias, principalmente as messiânicas.
2. O futuro não está exaustivamente determinado, pois Deus criou pessoas para relacionamentos e os relacionamentos exigem liberdade de arbítrio. Homens e mulheres tomam decisões e geram novas realidades.
3. Deus soberanamente escolheu relacionar-se com os seres humanos de forma interativa, amorosamente chamando-nos para sermos cooperadores com ele na criação do futuro.
4. A Bíblia afirma repetidas vezes que futuras ações de Deus dependem do comportamento de seres humanos.
A compreensão da teologia clássica sobre o futuro e sobre o conhecimento exaustivo que Deus tem do futuro está clara (a citação abaixo vem do Calvinismo):
“Quando afirmamos que Deus tem presciência, estamos dizendo que todas as coisas sempre estiveram e perpetuamente estarão diante dos olhos de Deus; tanto que para ele, nada é passado ou futuro, todas as coisas são para Deus, sempre presente. “
Portanto, a visão mais comum que as pessoas têm de Deus é que ele possui não apenas todo o conhecimento, mas ele possui toda a presciência.
Uma Teologia Relacional contradiz esse conceito calvinista:
Na Teologia Relacional (TR) o conceito de onisciência compreende a afirmação de que Deus conhece tudo o que é passível de conhecimento, ou que pode ser conhecido. Assim, na TR não redimensionamos a onisciência divina, apenas o nosso conceito de futuro. Se dissermos que todo o futuro já está completamente determinado, absolutamente realizado, então Deus conhece todo o futuro. Se dissermos que Deus chamou homens e mulheres para construírem um novo futuro, e que este futuro ainda não existe, podemos dizer que este futuro não pode ser conhecido. Torna-se necessário enfatizar. O futuro não pode ser conhecido não porque Deus seja limitado, mas porque ainda não existe. Insisto: nisto não limitamos a Deus. Apenas afirmamos que ele amorosamente nos convocou para sermos arquitetos do amanhã:
Jeremias 18.7-10.
ALGUNS CONCEITOS SOBRE A ONISCIÊNCIA.
Há nas escrituras pelos menos 40 textos em que Deus muda seus pensamentos, se arrepende – Ex. 32.14 – 33.14 – Num. 14.12 -Jeremias 26.19 – Jeremias 42.10-12. Significa dizer que o futuro ainda está em aberto e que Deus é livre para mudar suas ações, baseado nas ações humanas. I Cro. 21.13-15.
Há inúmeras passagens bíblicas em que o futuro planejado por Deus foi frustrado, e que as ações humanas o feriram, pois ele esperava um procedimento e ocorreu outro – Mateus 23.37 – Atos 7.51 – Lucas 7.30. – 2Pe 2.9 – Pro. 10.27 e Ec 7.17. A Bíblia não responsabiliza Deus pelos pecados dos homens, pelo contrário, mostra categoricamente que as ações humanas ferem a Deus que não queria aquele caminho – compare o Salmo 139.16 com I Samuel 12.7-9.
Deus testa seus filhos e age de acordo com suas respostas – Ex. 16.4 – Deut. 8.2 – Deut 13.3 – Juízes 3.4. – I Sm 2.30 – 2 Cro 12.6-7 – 2 Cron. 16.9 – Salmo 81.13-14.
O futuro é futuro também para Deus. Gn 1.3-5 – Gn 6.5-8, 13 – Ex. 32.10-12,14 – Deut. 8.2 – Deut 13.3. Em Jeremias 7.13 e 8.3, 22.4-5 há dois futuros possíveis para Israel.
Há diversas passagens em que Deus afirma estar incerto sobre o comportamento futuro do povo – Jeremias 26.2-3 veja também 36.3 e7; Isaías 47.12; Lucas 20.13.
Há várias passagens em que consulta seus filhos e os inclui em futuras decisões – Gênesis 18.7-22 – Êxodo 32.7-14.
Deus faz perguntas legítimas sobre o seu comportamento – não são mera retórica mas refletem o conselho de Deus em tomar decisões – Jeremias 5.7,9. Algumas perguntas que usualmente surgem em nossas cabeças:
a) O futuro já está determinado? Embora Deus tenha determinado alguns aspectos do futuro, está claro que há alternativas, decisões novas e juízos que dependem da ação humana. Portanto, nem todo o futuro está predeterminado.
b) Quando afirmo que Deus não experimenta o tempo, o que estou querendo dizer com isso? Se você disser que ele não tem passado, presente ou futuro, você está querendo dizer que ele vive eternamente com todas as coisas acontecendo ao mesmo tempo. Essa é a teologia clássica. Se você disser que para Deus há uma sucessão de eventos, você quer dizer que Deus experimenta o tempo. A diferença entre Deus e os seres humanos é que ele não sofre o desgaste do tempo.
(Outro texto do mesmo autor)
Espiritualidade Cristã e uma Teologia Relacional
Só é possível pensar em verdadeira relacionalidade se, em sua Graça, Deus conceder aos seres humanos liberdade real para cooperarem ou contrariarem a sua vontade para suas vidas. Numa Teologia Relacional, Deus ama numa interação verdadeira com os seus filhos (give and take relationship).
Esse relacionamento verdadeiro significa que ele nos dá liberdade real. Na Teologia Clássica aprendemos que Deus esconde uma agenda secreta, induzindo-nos a crer que agimos com liberdade, quando apenas cumprimos um outro plano ainda não revelado e que acontece na eternidade. O que contradiz com a revelação de que Deus é luz e que nele não há sombra alguma. Numa espiritualidade relacional, tanto nós respondemos às iniciativas de Deus como Deus responde às nossas iniciativas. Numa teologia relacional, Deus corre riscos nesse relacionamento com os humanos, embora seja infinitamente competente e sábio para alcançar seus objetivos eternos, redesenhando a história e ele mesmo se adequando às nossas decisões quando o frustramos. As escrituras deixam claro que Deus decidiu não controlar tudo o que acontece. Pelo contrário, ele se abre para receber a contribuição (input) humana. Em um diálogo amoroso, Deus nos convida para participarmos com ele na construção do futuro.
A Teologia Relacional apenas trabalha no sentido de resolver a contradição entre nossa vida devocional diária e a teologia clássica. Quando oramos, acreditamos que entramos em um genuíno diálogo com
Deus e que o futuro não está determinado (portanto, passível de ser mudado). Pedimos, porque cremos que o futuro pode
ser mudado. Entretanto, a teologia clássica e tradicional nega o valor e a consistência desse diálogo. Na teologia clássica o futuro já aconteceu, não apenas por determinação de Deus, que exaustivamente decretou que todas as coisas (boas e ruins) acontecessem, mas também porque ele em sua onisciência já sabe que tudo o que vier acontecer como já ‘acontecido’. Na teologia clássica, Deus está fora do tempo e contempla tanto o passado como o presente e o futuro como se acontecessem simultaneamente – conceito neoplatônico estranho a cosmovisão judaica. Essa simultaneidade é chamada de “Eterno Agora”. Assim, não sabemos como nos comportar direito quando oramos e nem sabemos como agir quando coisas ruins acontecem. Quando algum mal acontece, dizem-nos que à vontade de Deus nunca é frustrada, e que ele tem uma agenda secreta que ainda não entendemos. Tentam nos confortar afirmando que precisamos apenas acreditar que ele tem o melhor para nós. Esse melhor, dizem, para acontecer, foi preciso que Deus fizesse coisas ruins. Ficamos então perplexos como Deus exaustivamente decretou que aquele mal venha sobre nós para alcançar um outro objetivo. Assim, vivemos uma esquizofrenia espiritual tremenda, cremos em verdades dogmáticas e agimos contrariamente a elas. A Teologia Relacional traz consistência à nossa espiritualidade, pois reforça nossa compreensão paternal de Deus, lança luz sobre nossa imensa responsabilidade e nosso infinito privilégio de co-operarmos com o Criador. Somos artesãos do futuro. Numa Teologia Relacional o futuro inexiste e Deus nos chama para sermos parceiros da sua construção.
___________________________________________________________________________
Bem, se puder mande algum comentário, pois esse texto já está criando muitos problemas.
Em Cristo,
Cristiano
____________________________________________________________________________
Meu amado irmão:
Dei uma olhada rápida. Parece-me mais uma tentativa de fazer uma “mudança no cardápio”. O pessoal anda seco, sem ter o que dizer pra competir com tanta novidade, e, então, tem que arranjar algo novo para distrair. Ou, então, a crise pessoal é tão grande e a perplexidade é ainda maior, que, como sempre, tenta-se “solucionar” problemas, aparentemente de Deus, por Deus; e sem que se tenha a coragem de chamar isto de “meu problema”.
Toda “teologia” é uma tentativa humana de tornar Deus mais palatável para o tempo em que o proponente da teologia vive. Assim, diga-me qual é a teologia de um homem, que lhe direi quais são os seus conflitos, não as suas soluções.
A questão toda me parece muito cartesiana e infantil. Parece coisa de quem tenta conhecer a Deus com a cabeça, e não com o coração. No coração está tudo bem explicado.
Ou seja: isso tudo me parece coisa de quem está de fato preso ao tempo, e, por mais que tente, fala de Deus ainda condicionado a cronos.
Tanto a Teologia Clássica quanto a Relacional padecem do mesmo mal: o fato de serem “teologias”. Teologia é o nome cristão da filosofia!
Amigo: Deus é!
E para Ele o Futuro e o Passado são a mesma coisa! E Ele não tem nenhum problema com isto; nem tampouco Jesus achou que tal explicação existisse para as nossas mentes ainda. Aqui “vemos todos obscuramente”.
Você pergunta: como compreender isso?
Ora, não é para compreender!
Esse é um fato da fé!
Todos esse “textos bíblicos” que supostamente “explicam” essa “meia-limitação” divina são antropomorfismos de natureza psicológica.
A grande limitação de Deus não é o tempo, é a mente do homem!
A prova disso é a própria teologia!
Nossa “lógica” e nossa “razão” é que estão sempre em luta contra a revelação!
O Deus que encontro na Bíblia não está preocupado com o que é; pois, o que é, já é Nele!
Seu “esforço” é se comunicar com os homens, condicionado pelo limite da linguagem.
Acho incrível que numa época em que a Física Quântica já nos libertou até desse conflito entre o passado e o futuro, ainda se perca tempo discutindo com categorias filosóficas e gregas, ainda que neguem tal fato, aquilo que para um profissional da Física já é “tranqüilo”.
Todavia, minha tranqüilidade não vem da física quântica. Ela vem da Palavra.
Não posso crer num Deus que não seja também o Deus do que ainda não é para mim, mas que já é Nele.
Os profetas não tiveram visões do futuro. Eles entraram no futuro no mundo do espírito, onde o que é, é!
Desculpe a minha falta de paciência, mas para mim isso tudo é “sexo dos anjos”.
Como é bom viver confiando num Deus que me dá toda a liberdade nos limites de minhas relativas escolhas, e que faz isto sendo Ele mesmo soberano!
Como é bom experimentar até mesmo a contradição como desígnio de Deus que se deixa perceber a posteriori!
Como é bom saber que o Cordeiro foi imolado antes que houvesse mundo!
E aqui é que está o nó a ser desatado!
O Cordeiro que foi imolado Antes é a certeza de todos os Depois.
A dificuldade é outra: os cristãos, por mais que se esforcem, sempre têm uma visão maniqueísta das coisas.
Toda essa discussão tem outro transfundo. Sabe qual é?
É a questão do “mal”.
Enquanto o mal for algo que acontece “contra Deus”, teremos que deixar Deus quase-na-luz e meio-no-escuro.
Afinal, teríamos condições de viver crendo no que Ele mesmo diz de Si: Eu sou o Senhor; eu crio o mal e as trevas? (sem falar na Luz, que é obvio?)
Deus não é para ser estudado, é para ser conhecido.
Só quem já mergulhou no conhecimento de Deus deixa de ter tais conflitos. Portanto, a pessoa que vive a experiência Devocional não tem esse conflito. Quem adora, diz: …ainda a palavra me não chegou à língua, e tu, Senhor, já a conheces toda…
Tal pessoa sabe que sem fé é impossível agradar a Deus. Sabe que deve pedir em nada duvidando. Sabe que mesmo que não receba o que está pedindo, receberá, todavia, mais do que tudo quanto está pedindo ou pensando.
O interessante é que para Paulo o Futuro já existia como algo sem nenhuma previsibilidade destrutiva: …nem morte, nem vida, nem coisas do presente e nem do porvir…
Nada pode nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus!
Precisa mais do que isto?
Como me disse meu velho pai—após ter sido levado ao Paraíso—, não é que tais coisas “não sejam lícitas aos homens referir”.
Disse-me ele: “Meu filho, elas são irreferíveis”.
Sinto muito pelo meu excesso de simplicidade. Mas é que de fato já tenho isso tão sintetizado dentro de mim, que me parece uma discussão de palavras, nem tanto de filosofia; afinal, qualquer boa filosofia hoje em dia sabe que não é possível filosofar sem um mínimo de auxilio da Física, especialmente da Física Quântica.
E mais: sabe-se que a principal lei da Física Quântica é das probabilidades totais. Ou seja: o Universo está todo aberto porque o tempo está invadido pelo Desígnio Soberano.
Deus conhece toda a dança das partículas subatômicas no tempo e no espaço!
O que é, é; isto é tudo, e tudo é! — diria o velho Enoque, no meu livro Nephilim.
Mas ninguém esqueça: o mundo não conheceu a Deus pela sua própria sabedoria. E teologia é também sabedoria do mundo!
É tão mais simples crer e confessar: Nele tudo subsiste!
No fim, meu amado, volta-se sempre ao mesmo ponto de partida e de chegada: “O meu justo viverá pela fé”.
Mas Ele manda lembrar: Eu sou o Princípio e o Fim. Aquele que era, que é e que há de vir.
Há de vir para mim. Mas eu já sou Nele!
Um beijão,
Caio
________________________________________________
Continuando:
O que os teólogos precisam saber, mas não querem, pois isto acabaria a teologia, é que a existência é Contradição mesmo, mas apenas para nós, pobres e verme-nosos humanos, pseudo-senhores de arrogantes pretensões.
Quem está em processo não é Deus, mas apenas nós. Assim, não se trata de teologia do processo, mas sim de filosofia antropológica e psicológica do processo humano em relação ao Mistério de Deus.
Deus é; eu, porém, sou em parte!
Se devesse haver uma “teologia”, seu nome deveria ser Psico-Antropologia Referente a Deus. Tal exercício antropológico-filosófico-psicológico me agrada muito mais, pois põe a questão apenas onde ela está: na mente de quem faz a pergunta acerca de Deus. Portanto, a questão é que é a revelação do homem; e a resposta dada por ele, serve apenas a ele mesmo; pois revela em que lugar existencial se encontra a sua própria mente.
Porém, “Aquietai-vos, e sabei que eu sou Deus” ainda é a Palavra de Deus para todos os que em sua agitação querem emular em Deus os seus próprios e conflituados processos.
Meu amigo John Stott escreveu acerca de que “crer é também pensar”. Sim, é verdade; porém, o pensar, no processo humano do conhecimento de Deus, é uma adição bem posterior ao encontro com Ele.
E mais: tal pensar deve ser apenas um exercício de compreensão do que está dito e revelado, sem esforços organizacionais no sentido de ajudar Deus a Si explicar ou a ser explicado aos homens.
O Verbo Encarnado é a Inaceitável Explicação de Deus aos homens!
De fato, se crer implica em algum pensar — pessoalmente acho difícil que assim seja; afinal, como “pensarei” que uma virgem ficou grávida de Deus?; ou que processo racional me leva a crer na ressurreição dos mortos? —; todavia, muito antes disso, crer é amar.
Na realidade a fé que se entrega e discerne o irreferível e o impensável, não o faz pela lógica, mas por um ‘entendimento’ que só pode ser chamado de revelação, posto que nada neste mundo carrega seu amparo e sua demonstração constatável.
Pela minha melhor “logia” sou levado a não crer em nada e a crer em qualquer coisa que seja demonstrável com critérios científicos apenas.
O que não se entendeu é que a simples idéia de que haja Deus, já implica em Mistério e Soberania. Portanto, coloca o Logos para além da Lógica. O Logos é a razão não lógica. Não há nada lógico em Deus. Nele só existe Absurdo e Perplexidade. Loucura, no dizer de Paulo.
Assim, se houvesse uma verdadeira teologia ela existiria apenas para proclamar-se como Loucura!
O que passar disso é loucura de teólogos que temem entregar-se à Loucura não estudável de Deus!
Receba meu carinho, e me perdoe pela falta de ânimo na resposta. Para mim isso é como brincar de bolinha de goody enquanto as crianças morrem num incêndio dentro de casa!
Nele, que nos botou a todos em permanente processo e nos chama a relacionalidade em amor, com Ele e com todos os homens; e isto sem nada além da “teologia do samaritano”,
Caio