O SUMITÉRIO VIROU SÊMEN -TÁRIO
Desde há três ou quatro dias, que vinha especialmente saudoso do Lukas. Sonhei com ele há uns dias. Ele estava cheio de alegria no sonho, como alegre ele havia sido durante anos de sua vidinha. Mas era uma alegria deste mundo a que eu via nele. Eram apenas as minhas memórias.
Mas ontem à noite eu já estava mais pra dentro. Hoje acordei cheio dele. Sonhos. Milhares de recordações.
Escrevi no site que hoje não trabalharia, mas buscaria quietude.
Adriana chegou. Começamos a conversar. Enquanto falávamos molhei a grama e me refresquei do calor. Depois de um bom tempo descalço pisando no chão e me molhando enquanto molhava as plantas — tudo isto em conversa com a Adriana — decidimos subir pra parte de cima da casa.
Os assuntos mudaram. Até que chegamos ao ponto no qual disse que papai e mamãe se revezavam em oração por mim a noite toda, quando eu era adolescente e jovem.
“Oram eram as dele, ora eram as dela. Mas pra mim era como se ela sempre soubesse que aquilo era uma ‘volta no erro’, mas que meu único caminho era pregar o Evangelho”, eu disse.
Estava fazendo alusão ao fato de que quando chegava em casa de madrugadas, nas quais muitas vezes andara perto da morte, via ora as pontas da perna dele, ora das pernas dela…
Eu via pela fresta da porta. Eles se revezavam em intercessão espiritual por mim.
E essa lembrança hoje teve uma força consoladora especial para mim. Alegrou-me o coração. Foi como tirar do baú da alma coisa velha para o bem de hoje. Afinal, Jesus disse que assim é no reino, pois este está dentro de nós. É do tesouro do coração que todo escriba versado no reino de Deus retira coisas novas e velhas.
Convidei a Adriana para descer comigo para plantar a videira. A planta linda já estava aqui em casa há alguns dias, mas eu não a havia plantado. Ela estava apenas posicionada onde julguei que ela teria conforto temporário. Descemos. Adriana me disse que plantar uma videira num dia como o de hoje seria uma coisa muito boa.
“Jovem” é o nome do rapaz que vem para nos ajudar nas coisas do quintal e das plantas.
Vi o Jovem pegar a enxada e começar a cavar. Antes eu molhara a grama para que a terra estivesse bem fofa…
A cada enxadada eu ouvia os sons de três anos atrás, quando Lukas ia sendo coberto dentro do caixão.
De súbito, olhei a videira, ali ao lado, e me enchi de alegria no espírito.
E vi a maravilha que é andar com Deus e ter Seu Reino em nosso coração, pois, quando se está cheio do Espírito do Reino, todas as coisas carregam a semente da ressurreição, que é o poder que faz as enxadadas das lembranças da morte, sem fuga ou evasão, tornem-se um plantio de graça na simbolização daquela linda videirinha.
Estou profundamente em paz!
Nele, que é a fonte da vida em nós,
Caio
27/03/07
Lago Norte
Brasília
No terceiro ano da partida de Lukas para a casa do Pai.