O TEMPLO SÓ CONSTRUÍVEL NO CORAÇÃO
Ler Ezequiel do capitulo 40 ao 43; João 7:
A imagem que nos é oferecida pelo profeta Ezequiel acerca de um templo que cresce para dentro de si mesmo me toca o coração de modo profundo e quase inigualável (
A descrição é como segue:
Entra-se em algo semelhante a uma caixa pequena, e, dentro dela, tudo começa a crescer; ganhando medidas cada vez maiores internamente (uma construção só passível de ser construída teoricamente pelo homem se pudéssemos construir para dentro; e isto com instrumentos de natureza quântica) — e em cujo templo existe um Altar do qual procedem as Águas Vivas, as quais são vertidas do interior do Templo que cresce para dentro, e que saindo do Altar escorrem pelas portas do Templo (o qual é situado em sua impossibilidade humana de construção em Jerusalém); e em seguida descem entre a cidade e o Monte das Oliveiras; sempre descaindo conforme o declive; indo assim pelo Vale do Cedrom, pela ladeira longa que corta o deserto da Judéia; continuamente serpenteando entre abismos, até chegar em Jericó e por fim ao Mar Morto; sendo que por onde quer que passe tal derrame de águas vivas, tudo reverdece, cresce, torna-se frutífero, gerando oásis e lugares regados e viçosos; e por último convertendo o Mar Morto num lugar cheio de peixes e de vida.
Muitas coisas me comovem nas imagens dadas por Deus ao profeta Ezequiel acerca do verdadeiro Templo de Deus e do poder de vida que dele emana.
Alguém pergunta: Com o quê você se comove?
Ora, minha resposta é simples:
Comovo-me ante a impossibilidade humana de realizar tal construção. Isto porque para mim seria medíocre e estranhamente inamável se tal Templo fosse um prédio. Entretanto, ao vermos que as medidas dadas na Bíblia em côvados começam erguendo algo pequeno e que vai crescendo de modo impossível para dentro de si mesmo, acabam com todos os messianismos exteriores (como o fanatismo de se construir um templo em Jerusalém a fim de “cumprir a profecia” pela força da iniciativa humana).
Do mesmo modo essa revelação de como tal Templo é em sua natureza divina destrói toda presunção humana de dar qualquer que seja “a mãozinha a Deus”; ou ainda de ensoberbecer-se com exterioridades; pois, sendo a construção como é (impossível ao homem), o que sobra para nós é apenas o privilégio de entrar
Além disso, emociono-me com aquilo que acima acabei de afirmar de passagem; ou seja: que a dimensão Essencial de tal profecia tem apenas a ver com Jesus; ficando – entretanto – o privilegio para homem de tornar-se semelhante ao Templo que em Jesus ganhou sua concreção histórico-existencial. Assim, antes de ser um templo gerado pelo Templo, eu era apenas parte do cenário de fissuras, falhas, abismos, desertos e morte. Sim, eu era a coisa morta e parte de tudo o que estava morrendo. No entanto, quando as águas vivas me tocaram e depois me cobriram como águas de um afogamento na salvação plena, então, entrei no Templo Impossível aos homens, para então eu mesmo penetrá-lo até ao fundo, vendo que minhas experiências do lado de dentro vão dando vida aos meus cenários do lado de fora, posto que o ideal divino é que minha história humana em Deus e com os demais homens, seja equivalente em qualidade ao aprofundamento de minhas percepções na viagem para o interior de Deus (em Jesus) pelo Espírito.
Jesus era tão “impressionado” com as imagens de Ezequiel que as usou de modo chocante e teatral. De fato Jesus usou tais figuras com a intenção de afirmar a entrada de Deus no homem a fim de gerar a entrada do homem em Deus, produzindo o resultado da cura crescente do homem ao mesmo tempo em que faz do curado um ente curador. Na realidade Jesus usou um momento de rito simbólico dos sacerdotes do templo de Jerusalém (nos dias de Jesus era o Templo de Herodes, o Grande) com o propósito de ensinar vividamente o significado de crer Nele. O sacerdote apanhava um cântaro de ouro e descia em procissão até ao poço de Siloé, tomava água, e subia ao templo, onde derramava as águas na esquina do altar e citava a profecia de Ezequiel.
Foi neste ponto do teatro que Jesus interferiu e disse:
“Ora, no último dia, o grande dia da festa, Jesus pôs-se em pé e clamou, dizendo: Se alguém tem sede, venha a mim e beba. Quem crê em mim, como diz a Escritura, do seu interior correrão rios de água viva.”
Ora, foi por esta razão que Jesus ilustrou a fé Nele mesmo como algo que tinha nas imagens profético-simbólicos do profeta Ezequiel seu cumprimento.
Assim fazendo Ele nos deixou “ver” a forma de uma construção não desta possibilidade dimensional a fim de facilitar nosso entendimento do que seja a vontade de Deus quanto ao Bem que o Evangelho e o Espírito do Deus vivente podem operar em nós.
Também é interessante que dentro do templo haja anjos e palmeiras; e que dele procedam as águas que geram cura. Anjos e palmeiras significam o equilíbrio da verdadeira espiritualidade, que combina natureza (palmeiras) com celestialidade (anjos).
Desse modo à medida que alguém entra no Templo Impossível (Jesus) pela fé (crer), mais verá do lado de fora o surgimento concreto daquilo que internamente já faz parte de seu próprio cenário espiritual.
Ora, Jesus é este Templo para que nós possamos ser segundo o seu modelo.
Assim, quando ouço a Palavra e nela creio, bebo das águas vivas que procedem do Altar do Espírito, e vou sendo invadido e afogado pela Graça em todas as áreas de meu ser, atingindo até a minha dimensão mais intima e inatingível (Mar Morto). Entretanto, isto mesmo é equivalente a entrar no Templo – Jesus e conhecer o Seu Interior a fim de que nosso próprio interior se torne semelhante Àquele no qual adentramos pela fé.
Desse modo, quando entro no Templo não feito por mãos humanas, vou me tornando semelhante a Ele mesmo; sendo que o final do processo é que a partir de mim as mesmas águas de derramam pelo mundo, até ao “Mar Morto”.
O Quadro de Ezequiel (o Templo, o Altar, as águas, as curas e milagres que vão correspondendo ao meu mergulho e entrada no Templo e nas águas) é feito das imagens mais lindas, e por meio delas eu entendo a beleza do que me está sendo oferecido gratuitamente em Jesus.
Nele,
Caio
14/01/08
Lago Norte
Brasília
DF