O TEÓLOGO CATÓLICO E MELQUIZEDEQUE

 

 

 

 

—– Original Message —–
From: O TEÓLOGO CATÓLICO E MELQUIZEDEQUE
To: [email protected]
Sent: Friday, August 25, 2006 1:29 PM
Subject: Pastor, me ajude em algumas coisinhas!


Querido Pastor Caio,


Paz!


Escrevi ao senhor um tempo atrás, e fiquei aguardando sua resposta,
mas só agora me dei conta que coloquei o e-mail errado. Portanto, o
senhor nem recebeu minha carta. Que na verdade era apenas um pedido de esclarecimento sobre seu entendimento da Ordem de Melquisedeque. O que logo depois o senhor mesmo colou no site algo que dizia respeito a minha questão. E também, teve um dia desses que alguém na videoconferencia levantou algo semelhante, que foi esclarecida pelo senhor. Obrigado!

No entanto, minha questão ainda continua em torno da Ordem de Melquisedeque. Sou fascinado pela temática. E por isso, procuro ler tudo que é assunto relacionado a isso. Acho que já li todos os textos
nos quais o senhor trata do tema, e que estão no site.

Uma coisa me intriga. Há um autor chamado Andres Torres Queiruga –
teólogo católico, não sei se o senhor o conhece – Ele trata um pouco do assunto, porém seu enfoque é bem diferente. Na verdade, e ele chega a fazer menção da não necessidade do Cristo para a revelação de Deus ao homem. Para ele, Cristo é uma pessoa histórica, e que Deus não precisaria que sua revelação fosse exclusivamente por meio Dele.

Pode até ser que eu tenha interpretado de forma errada o que o autor realmente queria dizer. Mas, diante da colocação nestes termos, fico sempre me questionando se de fato Deus necessitaria de que sua revelação viesse na forma como nós – cristãos – a concebemos.

Será que não há atos revelatórios da parte de Deus entre outras concepções religiosas, sendo que o cristianismo, é mais uma entre as muitas que por aí existem?

Pensando na Ordem de Melquisedeque e no fato decorrente de que o sacerdócio de Cristo é superior, eterno… enfim, É! – como ficam aquelas pessoinhas que nada sabem sobre o Verbo Encarnado? Não entendem de um Deus que se revelou na pessoa de Cristo? Será que elas seriam “perdidas” para todo o sempre?

Longe de mim afirmar um universalismo. Ou qualquer “ismo” que seja. Mas confesso que fico com medo de certas coisas que penso. Ainda mais quando algumas pessoas me chamam (ou me olham) de herege. Creio em Jesus! Ele tudo pra mim! Não sou um herege doido. Apenas quero entender algumas coisas.


Me ajude.

Tenho grande admiração pelo senhor.

Um grande abraço.

 

 

Nica.

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Resposta:


Querido amigo ou amiga: Graça e Paz!

 


Não deu pra saber se você é homem ou mulher, pois, o apelido ao final era feminino, embora o texto me parecesse masculino na forma.

Portanto, como introdução, fica um pedido de perdão pela minha ignorância quanto à sua identidade sexual.

Ignorância é coisa séria quando se faz passar por sabedoria.

Veja: pelo seu texto, eu nem mesmo fiquei sabendo seu gênero sexual. O que fazer? Arriscar? Escrever irmão ou irmã? Amigo ou amiga? Mas como? Eu não sei!

Portanto, quando não se sabe, o melhor a fazer é dizer “não sei”.

Ora, digo isto apenas para ilustrar o fato de que se cometem muitos erros quando se trata de Deus sem humildade.

Se eu recebo uma carta sua para mim, e não sei se você é homem ou mulher — como posso saber os mistérios de Deus?

Isto posto, digo a você o seguinte:

1. Já falei muitas vezes aqui no site sobre a relação entre o Cristo Histórico e o Cristo Eterno, da Ordem de Melquizedeque. Sim, está aqui no site, em muitos lugares, muitas vezes no corpo de resposta minha a várias cartas.
 
2. Sobre as “pessoinhas”, saiba: aqui no site também há vários textos meus sobre o assunto. Mas leia apenas Romanos 2: 12-16, e você entenderá muita coisa.

Sim, ambas as coisas estão presentes aqui no site; pois, saiba: não é possível falar na Ordem de Melquizedeque sem falar nas implicações de tal revelação.

O que está dito aqui no site sobre esses temas?

1. Que “Melquizedeque” aparece como manifestação do Cristo Eterno, do Cordeiro Imolado Antes da Fundação do Mundo. Assim, Melquizedeque, por ser supra-histórico, é o Cristo Histórico também. Portanto, no Cristo Histórico tem-se a informação histórica da Graça explicita em favor de todos os homens. Mas a informação não é a salvação. A salvação não depende de uma informação chegar a alguém para se tornar salvação. A salvação, de fato, não precisa da informação, pois, Deus, em Cristo, se reconciliou unilateralmente com o mundo — com ou sem informação. A informação conta o que está feito, mas não conta para ser feito. A informação, portanto, nos é dada para que saibamos e creiamos; e para que crendo tenhamos vida, e vida em abundancia, em Seu nome. Por esta razão, digo: o teólogo católico ouviu o galo cantar mas ainda não sabe onde. E mais: ele, sem saber, ainda anda tão impressionado com a religião e com a teologia, que escreve a partir de tais pressupostos (da religião e da teologia), gerando isto: cobre o pé e descobre a cabeça. Sim, porque como tem que ser lógico, tem que ser organizado e sistematizado como afirmação e como informação, gerando, assim, uma doutrina melquizedequiana, mas não a compreensão na Graça acerca do amor de Deus.

2. Universalismo é patetismo teológico. Quem tem tal arrogância? Ora, tudo e todos são de Deus, e a nenhum de nós foi dado dizer o que acontecerá aos homens. Basta-me saber que Deus é INFINITAMENTE melhor do que o melhor de nós. E como eu mesmo não jogaria ninguém num inferno sem fim — o inferno eterno tem fim; pois o eterno não é temporal; e, portanto, não é tempo sem fim —, fico tranqüilo em relação ao Pai que está nos céus. O que mais? Ora, o “mais”, nesse caso, é tolice!

 
3. Por que pregamos? Mas como não? Se sabemos, se recebemos a informação histórica, e acerca dela tivemos revelação de significado? Prego a todos os homens porque gostaria de receber a mesma informação caso não a tivesse. Ou fazer aos homens aquilo que eu gostaria que eles fizessem a mim não serve para o anuncio do Evangelho? Além disso, Jesus me perguntou: “Tu me amas?” E, diante de minha resposta positiva, Ele mesmo disse: “Pastoreia os meus cordeirinhos!” Por isto prego e ensino o Evangelho a todo homem, em todo o mundo. Mas não creio em “universalismo”; pois creio que o inferno é um fato-existencial-real, começando hoje, e abismando a pessoa na experiência eterna do inferno, ainda que isso não seja um “sem fim”. Há o inferno do qual se sai; e há o inferno do qual não se sai. O inferno do qual se não sai é aquele que é provado, mas que, mesmo assim, é objeto de uma escolha. Quem escolhe o inferno depois de saber que aquilo é o inferno, tem todo o direito de ficar nele. O inferno também é fruto da liberdade de escolha ante a revelação da verdade. E, isto, todos, de um modo ou outro, com seus códigos de linguagem e informação, acabam sabendo e acerca dele têm informação latente; embora, muitas vezes, só venham a saber disso como compreensão espiritual depois que não podem mais “retornar” à vida física. Porém, ainda em tempo de dizer: “Eu não quero isto! Eu quero vida!” Aquele, porém, que vendo a verdade, em qualquer fase da vida, e chamando a verdade de verdade, ainda assim se põe em antagonismo contra ela — esse será lançado no inferno; e, se depois de o haver conhecido ainda afirma que é seu filho, esse será lançado no lago de fogo, que é a segunda e última morte: a extinção do ser.

4. O testemunho de Deus de acordo com Romanos 10 — citando o salmo 19 — é constante; e não depende da informação histórica. Por isto Paulo diz que a Sua voz tem sido ouvida por todos, até os confins da Terra.


Quanto ao mais, leia aqui no site, pois está tudo aí; pelo menos como pista.


Um beijão pra você!

 


Nele, que é sumo-sacerdote segundo a Ordem de Melquizedeque,

 


Caio