OS DOIDOS
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Sent: Monday, March 20, 2006 12:50 PM
Subject: Os doidos
Amado Pastor Caio,
Agradeço a Deus pela sua vida, pela sua existência, pela existência nessa geração que é a minha, pelo privilégio de ser seu contemporâneo e de poder ser abençoado pela mensagem que Ele transmite através do senhor.
Embora acredite que muitos possam achar sua pregação bastante contundente quando se refere a “igreja” institucionalizada, para mim, ainda acho é pouco. Desculpe, mas às vezes fico torcendo para que senhor escancare o verbo (mais do que já tem feito? Tenho que refletir nessa responsabilidade!); talvez pela minha incalculável alegria de ter achado outros doidos como eu.
Sabe Pastor, cheguei a pensar que eu estava sozinho no mundo, porque já fui tudo nessa vida de “igreja”, no começo estava sendo chamado de “desviado”, depois passei a ser “desviado e louco”, e por fim já era “desviado, louco e endemoninhado”; então era melhor parar para avaliar; ou era louco, ou era impossível que todos os “evangélicos” do mundo estivessem errados e só eu certo; ou então eu estava certo e sozinho; era um rebelde sem causa, sem parceiros e lutando uma luta que não levaria a lugar nenhum.
Rompi com a “igreja” há mais de 12 anos, acho que isso foi um processo. Estava entrando em parafuso, esses caras não podem ser e nem ter “a Palavra de Deus”, eu os conhecia bem.
Então, quando fui levado (a conhecer) os do Caminho (em Brasília), algo me dizia: “Existem outros doidos como você e um especialmente mais doido ainda, é aquele barbudo ali, aquele sem telhado!”.
Logo eu estaria dizendo “obrigado Senhor, por esse mais doido ainda, existir”; porque vi o quanto me pareço com o senhor, claro em um contexto infinitamente menor e inferior.
Como isso é incrível, depois de anos e anos de conhecimento do autor, do pregador, e da obra do Reverendo, de repente eu o encontre e me apaixone pela sua mensagem, e por ele mesmo, porque também percebo que a mensagem é a mesma, o Deus é o mesmo, apenas os contextos não permitiam que se escancarasse como eu sempre desejei e que agora está escancarada para todos os ouvidos, até aqueles mais surdos possíveis.
Não posso deixar de pensar como eu me encontrava, então, quantas pessoas existem, com fardos pesados, sendo loucos, sob disciplina, incompreendidos e incompreendendo tudo a sua volta e o seu Deus, sem respostas, só silêncio e muitas vozes daqueles que sempre falam com o dedo em riste… Por isso torço pra que fale, sempre e mais, para que mais pessoas possam ser alcançadas, fazer, talvez, como disse Judas “…salvai alguns com temor, arrebatando-os do fogo…”; porém só o senhor pode avaliar quais conseqüências poderão advir com essa pregação, por isso só torço, não peço irresponsavelmente, conte comigo.
Obrigado por tudo.
Euclides Britto
Caminho Brasília
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Resposta:
Meu amigo Euclides: Graça e Paz!
De fato não há como ser mais explicito. Fui claro sobre este e outros temas a vida toda; sempre conforme a intensidade do desvio da fé que eu via acontecer; e foi assim por décadas; pena que você, então, ou não ouvia, ou não conhecia, ou, quem sabe, à época, se ouvia e entendia, pela juventude, julgava que a coisa era branda; embora nunca tenha sido.
Meus livros anteriores são basicamente carregados das mesmas denuncias de hoje; só que com uma diferença: antes eu era um evangélico “totemizado” por todos, e, portanto, era uma espécie de “mahatma evangélico”. Entretanto, quando deixei de ser “evangélico” para poder um dia voltar a ser evangélico — ou seja: aquele que tem sua vida derivada do evangelho — é que tudo o que eu antes dizia, passou a ser objeto de total desconforto para “muitos”; pois, uma coisa é ouvir uma denuncia de alguém “de dentro”, e que embora fale mal para dentro, tenta defender e explicar a “igreja” para fora, conforme eu sempre fiz.
Entretanto, desde 1996, quando lancei o “Confissões de um Pastor”, que vejo a mudança acontecer; e antes mesmo de meu divórcio há oito anos.
Depois de 98 eu já era alguém que não admitia nem o mesmo o tema “A Volta de Caio Fábio”, conforme proposto pela “mídia evangélica”; e por uma única razão, dita e afirmada, porém não crida por quase ninguém: Eu não estava de volta; e menos ainda para aquele circo no qual tentei ser, entre os palhaços, um dos que riam chorando; e implorando para que nossa graça fosse verdadeira…
Além disso, quero dizer que não sou louco, pois louco é quem ouve o Evangelho, diz crer nele, e vive para realizar seu anti-projeto: a “igreja” conforme a conhecemos desde Constantino.
Sou louco para eles; porém, saiba, minha loucura é a insensatez deles; e um dia, caso a História não mostre, a eternidade revelará!
De fato, não foi em relação à “igreja” que meus comentários se tornaram mais graves e mais novos, porém em relação à teologia; e, sobretudo, no que concerne a assumir puplicamente a fé de toda a minha vida; a qual, apresentada em forma de “tese” quando de minha ordenação ao ministério, ainda menino, causou grande escândalo; e por cuja razão, a fim de não perder de cara quem se poderia ganhar, ouvi o conselho de meu pai quanto a esperar o tempo próprio para falar claramente do assunto. O tempo chegou; ou melhor: já demorou!
Assim, tudo o que você lê ou ouve sobre a Ordem de Melquizedeque, ou acerca do Cordeiro imolado antes da fundação do mundo, ou de Jesus como Chave Hermenêutica para abrir a Escritura, faz parte intima e essencial de minha convicção mais primeva, e que apenas cresce; e hoje, para mim, é o grande divisor de águas entre a espiritualidade de Jesus e o ensino do Evangelho, de um lado; e o “cristianismo” e a “igreja”, de outro; posto que o que digo, se crido e praticado, acaba com quase tudo o que chamamos “igreja e teologia”. Ora, é nesse nível que o bicho vai pegar cada vez mais; e eu sei disso!
No mais, é continuar firme na Graça de nosso Deus; e jamais se assustar com as pedradas dos “severos”, pois eles só jogam pedras de longe, e elas nem tocam em nós, mas dá a eles a alegria orgásmica do apedrejamento. Ou seja: é tudo coisa de tarado!
Um beijo grande; e seja propositivo; não há mais nada a ser dito à “igreja” que ela não saiba; ela está assim, cada vez mais, porque ela É assim!
Fazer o quê? De minha, parte passei trinta anos a chamá-la para ser outra coisa, conforme o Evangelho, mas “Igrejina não viu…”
Agora, amigo, o Caminho segue… E Ele vai adiante de nós!
Nele, que não está preso a “casamentos” que o negam na prática, como o que a “igreja” diz ter com Ele,
Caio