—– Original Message —–
From: OU ELA OU O ASILO PARA IDOSOS!
To: [email protected]
Sent: Thursday, February 26, 2009 7:09 PM
Subject: DESESPERADA
Querido Pr Caio.
Preciso de seu conselho. URGENTE !!
Tenho 60 anos e tive, quando era mocinha, grave problema de saúde e que me deixou paraplégica. Uso cadeira de rodas pra me locomover.
Na verdade, meu problema físico nunca me impediu de nada…sempre vivi muito bem, pois tive uma boa família.
Me separei há 10 anos e tenho três filhos adultos. Pertenci a uma Igreja das históricas, mas não freqüento mais nada depois da minha separação. Fui excluída por ausência. Mas eles nem me procuraram pra saber de mim.
O problema é que, passei por uma ENORME SOLIDÃO. Meus filhos nem aí pra mim. Fiquei até doente e NINGUÉM ao meu lado.
Por essas e outras, resolvi tomar uma decisão. Decisão essa que não me deixa em paz. Não quero ir pro inferno, mas sinto que apenas me justifico diante de Deus.
Resolvi ter um relacionamento com uma mulher.
Eu precisava de uma saída. E uma mulher poderia vir de encontro com minhas necessidades.
Faz quase 1 ano que estamos juntas. Assim decidi, fiz.
Ela me trata bem… Me ajuda. Tenho recebido dela carinho e cuidados que não recebo de ninguém, e manos ainda de meus filhos.
Eu dependo financeiramente dos filhos.
Meus filhos agora me tratam pior…
Tive vontade de morrer…
Jamais faria isso com a minha mãe, mesmo que ela decidisse fazer como eu fiz. E fiz porque eles não me ajudam e não me dão carinho.
Pastor, minha vida com ela é boa… Ela cuida de mim. Mas minha consciência pesa.
Será que Deus me entende?
Antes de tomar essa decisão, orei. Orei e cheguei a conclusão que era providência DELE. Pensei isso porque me apareceu a pessoa certa.
Ela é por mim; eu a ajudo também. E vejo que a faço feliz.
Penso que homossexuais também são salvos, mas não dessa maneira como eu.
Nunca me relacionei com mulheres e agora mudei de lado?
Deus salva quem nasce assim, não é?
Eu não nasci, optei por força maior…
Já li tudo pra ver se algo me ajuda e nada.
Ela faz coisas pra mim que nenhuma pessoa fez. A não ser minha mãe quando era viva.
Ela diz que me ama.
Já pensei em mudar minha vida, mas como?
Iria pra um asilo?…
Me ajude, por favor!
Tenho falado de Jesus pra ela, mas me sinto envergonhada perante Deus. Hipócrita mesmo; entende ?
Será que me fiz entender ?
Deus o abençoe e obrigada de coração!!!
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Resposta:
Querida amiga: Graça e Paz!
Senti todo carinho do mundo por você e orei com muito amor por você, pedindo ao Senhor que dê a você a confiança que você precisa, a fim de poder dizer com toda fé e descanso: “O Senhor é o meu Pastor, e nada me faltará”.
A questão nada tem a ver com céu ou inferno, mas sim com paz ou culpa e medo.
Aliás, digo a você com toda alegria que o Inferno não é o meu departamento em qualquer que seja o chamado de Deus para a minha vida.
Se a pessoa não for Deus, qualquer outro que não seja o diabo, deveria dizer com certeza que nada sabe sobre os assuntos do inferno, visto que fora Deus, quem entende de inferno é o seu residente honorário e seus comparsas, o diabo e seus anjos.
Creio que a separação do marido, adicionada ao descaso de seus filhos para com você, mais a exclusão da “igreja”, deram a vocês as desculpas que você precisava para decidir o que decidiu.
No entanto, as coisas mencionadas acima são apenas as desculpas de você para com você mesma, mas lhe servem na direção dos céus.
Digo isto não em razão do inferno, mas sim em razão de sua consciência.
Sua situação não convence a sua consciência. Sim! É isto que está acontecendo com você.
E por quê?
Primeiro porque você não ama esta pessoa como ela ama você; e você sabe e confessa isso. Exemplo: “Ela é por mim; e eu a ajudo também”. Ou seja: você sabe que ela não é para você o que você é para ela. Ora, isto é um engano, a menos que ela saiba e consinta.
Entretanto, em segundo lugar, vem o fato de que você não a tem como ela tem você. Ela pensa que encontrou o amor. Você, no entanto, agradece por ter encontrado uma ajudadora boa e feliz, que trata você com amor e carinho, a quem você serve também de modo sexualmente tranquilo, enquanto recebe companhia e amizade.
Além disso, existe também o fato que a sua escolha põe você entre o asilo e vida gay como aposentadoria. Ora, tal fato mostra o tamanho de sua insegurança ou mostraria sua frieza na capacidade de contratar uma dama de companhia sem ter que dizer que a pessoa é uma “personal” de convívio e de amizade, ambas as coisas pagas pelo serviço que ela faz com amor, e que você recebe com gratidão pelo conforto que lhe trás, embora, ao mesmo tempo, não isente a sua consciência do fato que a sua amiga, na realidade é apenas a melhor opção que você tem em relação ao asilo.
E mais: sua consciência não a deixará em paz pelo simples fato que o amor de sua amiga é para você um INSS de muito luxo, de um lado, e, de outro lado, é uma escolha radical para qual a sua alma jamais esteve preparada e muito menos ainda, necessitada de verdade.
Ora, nada podemos contra a verdade, senão em favor da verdade!
Lutar contra a verdade no íntimo, é como lutar contra uma espada viva e imparcial a golpear a nossa mentira ou engano.
E saiba: ninguém vence a verdade ainda que morra a fim de não desistir de brigar contra a verdade de modo suicida.
Sinto que sua angustia decorre de seu sentimento utilitário em relação à sua amiga. E quanto mais o tempo passar, mais você assim se sentirá, pois, como você sabe, sua alma não nasceu com tal necessidade psicológica e, muito menos, física e orgânica. Portanto, o que você dará a ela o quanto dure esta relação, você sabe, será sempre amor pagão; ou seja: aquele amor que gosta de quem gosta da gente; e mais ainda: que gosta de quem se entrega de modo útil a todas as nossas necessidades.
Ela deve ser igualmente carente de amor e atenção, e, sobretudo, de uma parceira amiga e singela; embora, para ela, o sexo tenha um papel muito diferente do que significa para você em relação a ela.
E mais: digo a você que, não fora a sua deficiência física, sua busca seria por um homem.
É a sua idéia de que você não encontraria um homem, nem que fosse um homem asilo, a motivação que levou você a à alternativa de ter uma mulher como enfermeira plena.
No entanto, caso amanhã aparecesse um homem com as mesmas caracteristicas de sua atual companhia, por certo você sentir-se-ía extremamente tentada a mudar de lado outra vez.
Portanto, não falo de inferno, mas de verdade; ainda que, de fato, o inferno seja a eterna luta contra a verdade quem no íntimo se conhece.
O inferno perdura até que a pessoa se renda à verdade.
Entendo sua insegurança. No entanto, pergunto: você crê que seus filhos sejam inafetivos mesmo, ou, quem sabe, que eles possam ter alguma reserva a seus modos e atitudes?
Você foi muito sucinta em tudo. Tipo: “Me separei… Decidi… e fiz. Meus filhos não me dão a mínima… Que alternativas tenho: isto ou o asilo.” Mas você não esclarece os processos com informações mínimas que sejam.
Não estou julgando você. Entretanto, meu sentimento é que você, pela extrema insegurança da qual sofre, põe a você mesma acima de tudo de modo muito simples, sempre achando que todo mundo tem que entender; afinal, você tem uma grave deficiência física.
Uma pessoa com tal atitude se torna muito difícil para o convívio; posto que tal pessoa faça as suas próprias leias, e, os outros, que se adaptem.
Prova do que lhe digo é que você decidiu ficar com ela por conveniência, sem consultar a ela acerca de sua reais motivações e necessidades; e, menos ainda, aos próprios filhos; embora, depois, você se queixe.
Sou filho de um homem que sofreu de deficiência física até morrer. Várias delas. No entanto, ele nunca, por ser deficiente [paralisia infantil e depois cegueira quase total], usou da deficiência para conseguir qualquer coisa, e, menos ainda, deixou que a deficiência determinasse o que seria o caminho de sua consciência.
E mais: ele nunca foi auto-indulgente. Para ele a deficiência era uma benção; e ele nunca fez dela nada além de uma benção.
Amiga, se você tem dinheiro para sustentar a si mesma com ou sem a anuência dos filhos adultos, e, mais ainda, para sustentar a você e a ela, então pergunto: por que não fazer como milhares de senhoras com graves deficiências físicas, e que apenas contratam uma pessoa para fazer companhia e ajudar?
Em geral, quando se encontra a pessoa certa, tais duas pessoas se tornam genuinamente amigas, mas sem conjugalidade e sem violência para a consciência – sem falar que também sem engano na relação e nas suas motivações.
É claro que a deficiência física exacerba os seus temores e inseguranças. Porém, esta é a hora de aprender a confiar no Senhor.
Ou você deseja andar de cadeiras de rodas até mesmo nas estradas de sua alma?
Minha amiga querida, sugiro que você busque crescer na Confiança em Deus o quanto antes; fazendo isto mediante a sua exposição à palavra da fé que pregamos em nome de Jesus.
Enquanto você não aprender a confiar, saiba: até mesmo os seus filhos não terão interesse em você.
Recebe meu carinho e meu amor sincero e sem fingimento em tudo quanto lhe disse.
Nele, que nos chama a servir, e não a buscarmos ser servidos,
Caio
26 de fevereiro de 2009
Lago Norte
Brasília
DF