PAIXÃO E SEXO COMO NEUROSE!

 

 

  

—– Original Message —–

From: PAIXÃO E SEXO COMO NEUROSE!

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Sent: Friday, January 23, 2009 9:59 AM

Subject: como voltar a sorrir?

 

A Paz do Senhor!


Cresci numa Igreja Presbiteriana e seus estudos sempre foram de muita valia para mim. 

 
Deixe-me apresentar: sou casada, tenho 34 anos, dois filhos e hoje sou membro de uma Igreja Avivada.  Já ocupei cargos de liderança nesta Igreja; já trabalhei na parte administrativa da mesma.  .

 

Aí começaram os problemas.

Sou uma pessoa de temperamento muito difícil; sou amiga, justa e ansiosa; impaciente; nunca demonstrei fraqueza; não gosto de chorar na frente das pessoas e não gosto que me vejam fragilizada; sou a Sra. ICEWOMAN (A MULHER DE GELO). Mas principalmente sou muito responsável em relação aos meus filhos, meu marido e ao meu trabalho.

 

Toda a minha vida estava milimetricamente planejada, arquitetada, até ser surpreendida.

 

A verdade é que por ser tão responsável, acabei acumulando várias funções na casa de Deus e acabei virando uma ativista; estava lá em todos os cultos, mas não estava lá para cultuar.  Entende? 

 

Participava de todos os eventos; às vezes porque devia; ora por que outros pediam. Sem tempo para afazeres com minha família, sempre havia um compromisso a cumprir, um telefonema a fazer ou mesmo a atender.

 

Abriu-se uma brecha enorme entre eu e o meu esposo, entre mim e meus filhos. E eu achava que eles deviam compreender, porque ao contrário de outras mulheres, eu estava fazendo a obra de Deus; assim eu pensava.

 

Como foi ruim ver que a realidade era totalmente diferente.  Após dois anos nesta rotina diária, caí em pecado: traí meu marido…

 

E gostei. E pensei que por estar lá na Igreja  todos os dias…, estaria blindada, numa fortaleza onde o pecado não me alcançaria… 

 

Mas me alcançou e destruiu tudo ao meu redor; larguei tudo: liderança, cargos, responsabilidades.

 

A desculpa oficial quando me perguntam é que preciso dar atenção à minha família (o que é uma parte verdade).


Mas não consigo mais sorrir. As pessoas chegam perto de mim e cobram uma outra postura; pedem ajuda àquela mulher “forte” que não existe mais; querem algo da líder que se foi.  .

 

Algumas pessoas não entendem e falam que estou sendo covarde, ou fugindo ao invés de lutar.

 

Só que eu cansei de viver o “tudo bem”; não quero mais usar máscaras.


Eu sei que Deus me perdoou, mas eu ainda desejo…, ainda quero…, ainda penso…; e isso me faz muito mal.  Porque depois eu me martirizo por agir assim.  .

 

Amo meu esposo; ele não merece que eu tenha este tipo de sentimento por outra pessoa.  Mas eu tenho. 

 

Já se passou um ano e eu não consigo esquecer… 

 

A outra pessoa vive a vida como se nada tivesse acontecido.  Eu tento fazer o mesmo, e não consigo. Falo que não vou ligar, mas ligo só para ouvir a voz; mando e-mail para provocar, para que ele lembre o que houve entre nós.  E ao mesmo tempo me cobro porque não posso agir assim, devo respeitá-lo pela pessoa que é:  casado, pai, e que tem um compromisso muito sério com a obra de Deus.  .

 

Tento me esquivar destes pensamentos, mas quando estou diante dele, tudo não importa mais; e o que eu mais quero é que me tome em seus braços outra vez, mesmo sabendo que é errado.

Não agüento mais chorar, pedindo a Deus que me liberte deste sentimento.  Não posso desabafar com ninguém, desculpe-me pastor, mas os dias estão passando e eu não vejo nenhuma mudança.  .

 

Estou como Paulo: “O bem que quero fazer não faço, mas o mal que está sempre diante de mim, esse faço.”.


Sabe o que me deixa mais angustiada é que se a outra pessoa quisesse viver a duplicidade, eu não teria forças para negar.  E essa sensação de fracasso diante do pecado me consome.

Espero que possa me ajudar, sinceramente.

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Resposta:

 

 

Minha querida filha: Graça e Paz!

 

 

Tenho filhos de sua idade. Por isto, perdoe-me o tom paterno.

 

Pelo que percebi você se apaixonou pelo pastor ou alguém da “liderança” da “igreja”, e, agora, não consegue mais se envolver com nada, posto que seu coração a acuse de dia e de noite acerca do sentimento cheio de desejo que consome você.

 

E mais: sua fixação no desejo é tão intensa que, caso o “homem de Deus” topasse, você tornar-se-ia amante dele para sempre; calada na igreja, mas gemendo amores com ele na sombra para o resto da vida.

 

Ora, tal paixão desejosa pode acontecer a qualquer pessoa que esteja aberta e sem lotação de amor real por outra pessoa na relação conjugal.

 

No entanto, pode acontecer também como vício neurótico.

 

Toda “Icewoman” tem o poder de frizar tudo, inclusive o desejo como fixação, como obsessão!

 

Pela leitura de sua carta, com tanta ênfase em sua responsabilidade e dedicação, notei fortemente os traços de uma pessoa neurótica. Então, ao ir lendo, fiquei aguardando qual seria a expressão neurótica a manifestar-se como dor e pecado em você. Até que chegou a hora da confissão da traição sem desejo de parar; e mais: com desejo de fazer valer a qualquer preço, mesmo que fosse algo para ser vivido na sombra.

 

A arapuca psicológica que se cria para uma mulher crente como você, é simples:

 

A pessoa é “responsável em tudo”; orgulha-se disso; vive para isso; faz disso a sua marca na vida; cria uma imagem de Deus associada à neurose do fazer e do ativismo “na casa de Deus”; e, assim, passa a admirar os que do mesmo modo se dediquem à “causa” — para, então, depois de um tempo, amando tanto a “casa de Deus” e seus “sacerdotes”, vir a apaixonar-se por um de seus ícones; o que, não somente criará as condições psicológicas neuróticas para o sexo mais explosivo…, mas, também, ao mesmo tempo, criará a disposição de não parar de modo algum; posto que a pessoa que é como você, para fazer o que fez, tem que se violentar muito em razão de suas noções de responsabilidade; e, por tal razão, haverá de insistir na “relação” até quando não mais consiga; e isto apenas para fazer valer a transgressão… E, desse modo, tendo que transformar a transgressão em uma questão de amor impossível ou de sentimento proibido; o que aumenta ainda muito mais a necessidade de manutenção dessa coisa que mudou toda a vida da pessoa, e que, por isto, não pode ser descartada.

 

Assim, você diz que ama o seu marido, mas que ama o seu amante acima de tudo!

 

Ora, de duas, uma:

 

Ou você ama seu marido apenas como pai de seus filhos e irmão, mas não como homem;

 

ou, então…:

 

Você, pela culpa, fixou-se em outro homem, não por causa dele, mas por causa da transgressão e do sentimento de pecado, que, por já ter acontecido como algo definitivo e que faz você parar de sorrir…, precisa, por esta razão, continuar…; posto que a marca já esteja posta: a mulher sem culpa já não existe; a “inocência” foi roubada — e, por isto, então, o que houve precisa ter tido todo significado; pois, se for diferente, maior é ainda a culpa que você sentiria, visto que teria que admitir que gostou foi do sexo mesmo; e não necessariamente da pessoa.

 

Quando uma mulher neurótica como você vive uma crise de desejo sexual fora do casamento, em geral o resultado é esse, amando ou não a pessoa que se tornou o objeto do desejo:

 

A pessoa fica tão desgastada com o que fez como violação de suas responsabilidades e fidelidades, que, em razão disso, entrega-se ao que fez a fim de se justificar.

 

Sim! É a justificativa daquele que diz: “Não! Não foi apenas pelo sexo. Foi também por amor!”.

 

O problema é que buscando se auto-justificar no amor, a pessoa se entrega à justiça-própria como sedução sexual permanente; visto que terá que continuar… para não ser leviana para si mesma, mesmo que em assim fazendo destrua tudo o mais.

 

A outra possibilidade é que você tenha se apaixonado mesmo.

 

No entanto, pergunto:

 

Você não se sente totalmente só nessa paixão, uma vez que o outro pegou, gostou, provou, largou quando quis, e, aos seus olhos, apenas porque ele não quer mais, tornou-se um “homem de Deus” impedido de “pegar” você apenas em razão de amor ao “ministério”?

 

Filha! Acorde!

 

Creio que você não consegue parar interiormente o processo porque vê o homem sempre; possivelmente assentada enquanto ele fala; e, por tal razão, fica cheia de desejos renovados até quando vai ao “culto”…

 

Ora, se este é o caso, mude de lugar de culto. Sim! Procure outro lugar. Afinal, como você esperará ficar curada se até ouvindo a pregação ou indo ao lugar de culto você se sente excitada?

 

No entanto, caia na real: ele não ama você!

 

O mais…, creia: é fantasia; muita fantasia; muita culpa; muita neurose; muita necessidade de se auto-justificar dizendo que ama; muita determinação de, neuroticamente, provar para você mesma que não foi leviandade sua…

 

E, assim, você vai cavando mais um buraco a fim de supostamente tapar um outro em você!

 

Espero que você me tenha entendido!

 

Sugiro-lhe a leitura de meu livro “Sem Barganhas com Deus”, no qual você entenderá bem melhor o que lhe disse. Mas leia com perseverança, indo e vindo, checando os textos bíblicos, e, ao final, discernindo o significado de poder ficar livre do pecado que tão tenazmente nos assedia.

 

Veja o link:

 

SEM BARGANHAS – O LIVRO

 

 

Receba meu carinho e minha palavra como se eu fosse seu pai, com todo amor.

 

 

Nele, que nos chama à realidade que a gente somente começa a enxergar quando livres da culpa,

 

 

 

Caio

23 de janeiro de 2009

Lago Norte

Brasília

DF