PASTOR, EU TAMBÉM POSSUÍ A MINHA SOGRA
——— Mensagem Original ——–
De: PASTOR, EU TAMBÉM POSSUÍ A MINHA SOGRA
Para: “[email protected]
Assunto: como tudo aconteceu…
Data: 05/12/03 00:29
Pastor, eu li no site de alguém que se relacionou sexualmente com a própria sogra.
Aconteceu comigo também.
Desde garoto eu gostava de conviver somente com as garotas mais velhas.
Não sei o que acontecia comigo, eu achava as mais novas sem graças umas bobas. Gostava da presença das mais velhas. A conversa era bem mais interessante com uma mulher mais experiente, com a cabeça bem mais organizada; uma pessoa mais segura, que já sabe o que quer; enfim, tudo isso fazia com que me aproximasse das garotas com mais idade do que eu, e ao mesmo tempo afastava-me das mais novas.
A maioria das mulheres que eu namorei e fiquei, eram mais velha do que eu.
Esse “gosto” é tão presente em min que a mulher com quem casei é mais velha do que eu.
Ela é maravilhosa, super organizada, humana, inteligente, linda…a mulher que eu sempre pedi a Deus.
A coisa com minha sogra, que Paulo chama de “imoralidade”no texto que o senhor recomendou a outra pessoa para ler ( I Co 5 e II Co 2 e 3), começou comigo assim.
Nós morávamos na casa da minha sogra. Ela é uma pessoa educada, inteligente, amigavel, meiga, uma mulher de uma ótima aparencia; e é claro mais velha do que eu.
Eu ficava com pena dela quando ela começava a contar sobre o motivo que fez ela separar do marido—ele a havia traido durante 20 anos. Ela contava que só havia tido ele como homem, que ela se sentia só, e carente como mulher.
Nessa época eu estava distante de Deus, ia para igreja só por ir, não orava e nem lia a Biblia. Minha vida na igreja era de aparência, estava fraco, só alimentava a carne e não o espiríto.
Foi nesse istante que o inimigo se aproveitou… começei a olhar a minha sogra de uma maneira diferente…não como irmã na fé, não como minha sogra, não como a mãe da minha esposa, mais sim como uma mulher…
Comecei a investir nela…
Andava sem camisa pela casa, saía do banheiro só de toalha, comecei a me arrumar melhor, e comecei a conversar mais com ela.
Só que não tinha coragem de falar nada.
Tentei várias vezes me reconciliar com Deus pedindo perdão, pedindo para que Ele tirasse isso da minha cabeça. Mas quanto mais eu tentava, mais eu estava ligado nela, eu estava apaixonado por ela, só pensava nela, sonhava com ela, queria mais e mais estar ao lado dela…
Então decidi vou jogar pesado.
Disse: “Vou conquistar a minha sogra”.
No começo ela não queria, mas eu inssitia, até que ela não suportou mais, e aceitou o meu convite.
Fomos dormir na casa dela. Esperei a minha esposa dormir e fui ao quarto de minha sogra. Ela estava me esperando…
Foi quando aconteceu essa tragédia. Aconteceu umas cinco vezes.
Hoje me arrependo e choro.
Se eu pudesse voltar ao passado não teria feito o que eu fiz.
Me arrependo no mais profundo de minha alma por ter feito essa barbaridade de trair minha esposa e possuir a minha sogra, que deveria ser como uma mãe para mim, e eu como um filho para ela.
As vezes eu acho que devo contar tudo para a minha mulher. Sei que ela iria entender, mas tambem sei que não iria me perdoar.
Vivo nesse impasse.
Espero que um dia eu possa tirar isso da minha cabeça, porque só quando isso acontecer eu irei dizer que eu vivo “feliz”…
Um abraço
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Resposta:
Meu amigo: Paz e Misericórdia!
Descobrir a nudez de alguém como o pai, a mãe, o sogro, a sogra, o tio e a tia, no livro de Levítico, constava entre aquilo que Deus aborrece.
É pecado contra a possibilidade de que haja uma família naquilo que a gente chama de família.
No entanto, antes de qualquer coisa eu quero falar a você da Graça e do Perdão de Deus.
Paulo disse no texto de I Coríntios 5 que aquela pessoa—o homem que possuíra a mulher do pai—deveria ser entregue ao diabo para que sofresse na carne até que se arrependesse.
Dura é essa palavra!
Você já está arrependido de “toda a sua alma”, conforme sua confissão feita a mim.
Foi por verificar que o “tal” já havia se arrependido que Paulo escreveu em II Coríntios 2 e 3 que o mesmo, agora, fosse perdoado pelos irmãos—que vieram a saber do caso, pois, foi algo que se tornou público; daí ter sido uma “imoralidade”, visto que nenhuma “maioria” jamais julgou que isto fosse aceitável—, para que Satanás não “alcançasse vantagem” sobre a situação.
Que vantagem seria essa que o diabo alcançaria?
1. Manter aquele irmão esmagado “por excessiva tristeza”; tristeza de morte, e que não conduz ao arrependimento para a vida. Esse é um dos desígnios de Satanás.
2. Manter os irmãos—a igreja, que ficou sabendo, e que julgue e disciplinou o irmão—com ódio, raiva, desprezo e hostís com o “irmão faltoso”. Esse é outro desígnio de Satanás.
Para Paulo eram esses sentimentos os caminhos pelos quais os desígnios de Satanás se tornariam realizados nas vidas de todos eles. Assim, Paulo pede que eles o perdoem, a fim de que aquele irmão não definhasse em sua alma para sempre.
Assim é a Graça! É séria. Leva a situação aonde ela tem que ser levada. Mostra que certas aberturas precisam ser fechadas, e que certos comportamentos apenas expressam uma necessidade de disciplina interior, muito mais profunda ainda.
Ser entregue a Satanás para a destruição da carne era uma terapia. Provavelmente o “irmão” não tivesse ainda caído em si; daí haver necessidade de que ele fosse atingido naquela área, a fim de tomar consciência do mal exatamente na dimensão na qual ele o havia praticado.
Tudo isto, no entanto, visava a restauração da alma daquele irmão. Era para que o “espírito fosse salvo no dia do Senhor”. Portanto, tratava-se de uma disciplina para a vida, e não para a morte, e muito menos para que se criasse um zumbi—um ser que está quase vivo e quase morto, e que transita como um fantasma no meio dos homens.
Houve lugar para aquele “irmão” no corpo de Cristo em razão dele ter se arrependido do mal que praticara!
Olhando para o seu caso, digo a você o seguinte:
1. Aparentemente você já encontrou um lugar de arrependimento—o buscou com lágrimas, e, pela misericórdia de Deus, o encontrou.
2. A situação não se tornou pública, exceto por essa sua confissão, feita a mim, em total anonimato para quem quer que seja. Portanto, o que não foi trazido à luz pela via do flagrante, da confissão, ou da des-coberta, deve ficar como está. E a razão é simples: expressar tudo isto para sua esposa e família, pode parecer um gesto nobre de um ser arrependido. Todavia, três coisas acontecerão—pelo menos estatísticamente têm toda a chance de acontecer: a) sua esposa perderá a mãe, e a perderá de um modo pior do que se um câncer a devorasse por completo. Você já imaginou se fosse o contrário? Se seu pai tivesse transado cinco vezes com sua esposa, dentro de sua casa, sempre depois que você fosse dormir? Como você acha que ficaria sua relação com seu pai? Você acha que teria estrutura humana para lidar com tal agravo? b) Sua sogra será exposta por você. E não creio que você tenha tal direito. A única pessoa com direito a abrir esse caldeirão é sua sogra, se ela quiser, pois somente ele pode avaliar as implicações disso na continuidade da vida em família. E se ela não o fêz, por favor, não o faça. c) Você, em abrindo tudo, não só acabaria com seu casamento, mas faria com que seu “sincerismo” destruísse a vida das duas para sempre. Há uns poucos casos em que esse tipo de coisa é aberta e todos conseguem se perdoar. Mas na maioria esmagadora das vezes nunca mais há cura uma vez que o bicho é mostrado. A alma humana não está preparada para lidar com um choque desses. E se não “apareceu”, não faça aparecer. Trate disso com Deus. E nunca mais chegue perto de tal possibilidade.
3. Se você voltar a sentir esses desejos pela sua sogra, sinto informar, mas há mais três coisas que precisam ser ditas:
3.1. Você de fato não ama a sua mulher. Ser tentado pela sogra já é uma evidência de que algo não é muito profundo em sua consciência em relação ao significado de vínculos familiares. Aliás, você descreveu sua mulher como “tudo”, menos como a pessoa que você ama. Você apresentou apenas os predicados dela, mas não falou de seu amor por ela. Se essa “coisa” voltar, fique sabendo: é melhor você ter a coragem de encarar o fato de que você não ama a sua mulher, e, portanto, melhor será se você não ficar aí, pois as conseqüências podem ser devastadoras para a alma de ambas. Lembre-se de que antes disso elas eram apenas o que queriam ser e são: mãe e filha.
3.2. O modo como você falou de sua mulher foi muito parecido com o jeito como você falou de sua sogra. Ou seja: aos meus ouvidos vocês estava casado com duas mulheres maravilhosas, ambas eram suas, e você não entendia, inconscientemente, porque não assumia logo o papel de “provedor” afetivo e sexual de ambas. Portanto, me parece que há um mecanismo sedutor instalado em você, e que dá a você essa pulsão de “filho provedor” das carências dessas mulheres mais velhas que você. Ora, isto remete você direto para a necessidade de uma profunda terapia e analise. Sua alma precisa discernir de onde vem esse desejo pelas mulheres mais velhas que vocês. Ora, não haveria nada de mais, se não tivesse haviado algo “de-muito-mais”. De qualquer modo, mesmo sem esse “incidente”, já revelaria um padrão psicológico a ser discernido. É importante que você entenda isso.
3.3. A persistir essa “vontade possuidora” sugiro a você que me escreva imadiatamente. No entanto, agora mesmo, procure uma terapeuta sério na sua cidade—de preferência um que nada tenha a ver com a sua igreja—, e conte tudo.
Minha suspeita é que você tem algo sério a tratar acerca de duas coisas: o papel de sua mãe em sua vida; e seu desejo filial de ser o provedor das mulheres mais velhas.
Édipo está muito vivo em você—diria Freud!
Agora, meu amigo, o que eu escrevi ao “outro rapaz”—aquele que inspirou a sua carta—, digo também a você:
Sua relação com sua sogra, daqui para frente, está limitada ao respeito e à educação.
Durante muito tempo você não será filho e nem ela sua “mãe”.
Trate-a com o respeito com o qual você tem que tratar não apenas a mãe de sua esposa, mas a sua própria mãe.
Pense nessa situação como se fosse algo que aconteceu “antes” de você conhcer a sua mulher. Portanto, trate isso em silêncio, com total discrição, e com muita reverência diante de Deus. Mas não brinque mais com isto. Nunca mais.
Além disso, não mergulhe na “culpa perene”. Se você o fizer, uma das coisas que acontecerão é que você não vai mais ter coragem de “possuir” a sua mulher. Começará a evitá-la, e, assim, apenas aprofundará a crise conjugal de vocês, e poderá agravar o estado de desejo latente pela sua sogra.
A culpa realiza tudo aquilo que o diabo gosta!
Hoje sua esposa pode não saber e nem notar nada. Mas se pela culpa você abandonar a sua esposa se sentindo indigno dela, então, meu amigo, em pouco tempo, ela desejará saber o que está acontecendo. E se juntamente com isto ela ainda vir que você e a mãe dela se olham culpados e com o rabinho entre as pernas, o próximo passo será começar a desconfiar de que há algo no ar…
Minha preocupação é tríplice:
1. Ajudar você em relação a você mesmo e a Deus.
2. Ajudar você a tentar salvar seu casamento; isso se você de fato ama a sua esposa.
3. Ajudar sua esposa e a mãe dela a não se tornarem inimigas para sempre; ou vítimas de um momento, mas que tem o poder de destruir toda a existência delas.
Eu já disse a você como proceder em relação às duas últimas preocupações minhas. Portanto, falta lhe dizer o que penso de sua relação com Deus.
Você falou muito que isto aconteceu porque você não estava indo a igreja—ou indo por ir—e não estava lendo a Bíblia. E disse que o diabo se aproveitou.
Ora, é claro que estar numa igreja boa, onde você ouça a Palavra da Vida faz toda a diferença. E também é óbvio que uma relação diária com a Palavra cria outro ambiente interior para que a vida se manifeste de modo mais sadio. Todavia, isto não é tudo. O que você precisa mesmo é de uma relação pessoal com Jesus, e não apenas com a igreja. Quem depende de igreja para ter rédeas na boca ainda vive como um ser “amestrado”. O que você precisa mesmo é da “consciência de Deus” em você.
Sobre o diabo ter se aproveitado, é claro que ele se aproveita mesmo. Mas olhe: ele apenas se aproveita daquilo que a gente fornece como material. Portanto, o papel do diabo é bem posterior nessa história. Afinal, o bicho habita a carne…e o bicho é você mesmo. Daí eu ter dito que você precisa entender de onde procendem tais pulsões e quais são os mecanismos psicológicos que abriram essa brecha em sua alma.
O diabo é apenas um oportunista covarde!
Por isso, não transfira a culpa para ele. Mesmo sem o diabo você tem o potencial para fazer tudo o que fez.
O primeiro passo para qualquer cura é saber que a doença habita em mim!
Espero que você tenha me entendido, e que a Graça de Deus se derrame sobre sua consciência, trazendo-lhe paz e conversão de alma e de sentimentos, para sempre.
Mas procure a ajuda que lhe sugeri.
Nele, que já levou todas as nossas iniqüidades,
Caio