Hoje eu iria falar  sobre o Corpo de Cristo conforme Paulo. 
Mas decidi mudar o tema. 
Coisas  de coração que divaga cheio…
Então vou falar sobre o equilíbrio do  apocalipticismo existencial de Paulo. 
A percepção vem da síntese que ele faz  entre a intensidade apocalíptica e a serenidade da paz de que em Cristo tudo  agora é espera, pois, tudo já está feito.
Paulo era um ente  apocalíptico.
Ninguém vive a experiência que ele viveu na estrada de Damasco  e continua pensando em criar galinha.
Nem tampouco se dedica a plantar  carvalhos.
Nada contra as duas honrosas atividades mencionadas.
A única  coisa que estou dizendo é que Paulo cria que Jesus estava tão vivo e falara e  falava com ele tão profundamente na consciência, que já não lhe era possível  viver de nada que não fosse fazer tendas. 
Ou seja: daquilo que é fixamente  nômade. 
Fixara-se em fazer tendas, pois se pode fazer tendas enquanto se  viaja. 
Quem faz tendas não habita castelos.
É hebreu–aquele que cruza,  que está à caminho de …
Ele vivia de uma profissão que caracterizava de  modo pratico o nível de desinstalação existencial ao qual o apóstolo se  submetera. 
E, fazendo tendas, ninguém foi mais pescador de homens do que  ele.
Paulo cria que Jesus voltaria logo. 
Ele e todos os apóstolos  acreditavem que experimentariam a Parousia. 
Talvez mais para o final de suas  vidas é que tenham se dado conta de que ouviriam o “Vem, servo bom e fiel” não  na Terra, mas nas muitas moradas.
O existir de Paulo foi, portanto, movido  por uma pulsão apocalíptica.
Os tempos eram difíceis…os dias eram maus…a  presente e angustiosa situação…precede a aparição do homem da  iniqüidade…portanto, os que compravam não deveriam se sentir donos, os casados  não deveriam se sentir casados, os envolvidos com muitos negócios como se não  estivessem realizando nada.
Quem não sentisse desejo ou ardência de casar,  deveria ficar como ele mesmo estava. Ou seja: livre de mulher.
Os dias se  abreviam…vem chegando a hora…o evangelho foi pregado a toda criatura debaixo  do sol…agora é aguardar o Senhor Jesus com os anjos do seu poder, tomando  vingança contra todos os que não conhecem a Deus e nem obedecem ao evangelho da  salvação.
Paulo gostaria de estar vivo para o soar da última trombeta e para  o encontro com o Senhor nos ares. 
Ele anelava por seu corpo  glorificado…quando o mortal seria absorvido pela vida.
O mistério da  iniqüidade iria se manifestar…
Jesus destruiria o homem da iniqüidade com o  sopro de sua boca e Paulo garantia que em breve Satanás estaria sob nossos  pés.
Ora, o homem que tem essa expectativa de realização  místico-histórico-sobrenatural é o mesmo que diz que o escrito de dividas que  foi pregado na Cruz é o que foi rasgado por Jesus, humilhando e despojando os  principados e potestades…e nos livrando de toda culpa. 
Ele aguardava  vitórias que ele já possuia.
Quer a materialização do já é dele.
Tudo é  vosso…e vós de Cristo e Cristo de Deus!
Ele havia morrido crucificado na  Cruz com Jesus, havia ressuscitado com Jesus dentre os mortos, havia ascendido  aos céus e estava assentado nos lugares celestiais, acima de todo principado e  poder—sim, tudo isso em Cristo Jesus.
Já é…e ainda não.
Então, vivamos  como se já fosse—pois, já é—e esperemos o que sendo, ainda não se manifestou.  
A existência humana do homem Paulo é a síntese cristã mais bela e intensas  que eu conheço.
14/06/03-madrugada, cinco da matina.  
 
								 
								