PAULO E A PSICOLOGIA DA BONDADE



II Coríntios 8 e 9—por favor leia os dois capítulos.

Em 1986 escrevi um livro chamado Uma Graça Que Poucos Desejam e que se baseia nos dois capítulos de II Coríntios acima mencionados.

A razão de eu ter escolhido aquele título foi em razão de que a mensagem daqueles dois capítulos não é apenas sobre dinheiro e nem tão somente acerca de como se proceder condignamente com os recursos do povo de Deus.

A mensagem que Paulo faz viajar pela circunstancialidade do levantamento de ofertas para que se ajudasse aos irmãos mais necessitados…carrega um cântico de amor e provocação ao ser.

O dinheiro era o tema, o procedimento em relação ao dinheiro era o elemento ético. A psicologia comunitária era explicita: gente que se ajuda, se irmana. A graça de Deus concedida gratuitamente a todos era o vínculo que os irmanava…

Mas a mais sutil de todas as mensagens, era outra…

Deus disse a Abraão: Sê tu uma benção!

Trata-se de uma ordem para ser alguém por meio de quem muitos—todas as famílias da terra—dão graças a Deus.

Graças a Deus por Abraão!—digo eu sem pudor tantas vezes quantas sejam necessárias. Ele foi benção e é benção para todos os povos da terra.

Como seria o mundo sem Abraão?

Tenham certeza…seria outro mundo!

Do hebreu vieram as coisas excelentes…

Ele creu em Deus e sua fé lhe foi atribuída como sua maior e única justiça aos olhos de Deus.

Nele eu sou abençoado…sou sua descendência na fé…sei que pertenço às muitas famílias que se beneficiaram da fé e da existência em fé daquele caminhante…

Bem, você pergunta:

Mas e II Coríntios 8 e 9?

Onde foram parar…nessa conversa?

O desafio de Paulo aos irmãos de Corinto era para que eles se tornassem seres cujas existências fizessem muitas pessoas poderem dizer “Graça a Deus por essa pessoas existir!”

Há um ciclo sendo apresentado por Paulo no espírito dos dois capítulos.

Ele via naquela circunstancia prática uma chance de falar do dom inefável em Cristo, da superabundante graça de Deus, da provisão gratuita de Deus, para que os que de graça receberam de graça possam de graça também dar. E anuncia que agir assim é a essência da fé…Portanto, aquele gesto de ofertar em dinheiro para o sustento de irmãos necessitados, geraria alegria em quem dava—pois em tendo para dar, agradecia a Deus por ter de graça recebido—,e, além disso, aquele gesto suscitava gratidão nos que recebiam, pois, levantavam as mãos aos céus e davam graças a Deus por Suas mãos agora carregarem as impressões digitais de Seus filhos e filhas.

Assim, o convite de Paulo é para o exercício da bondade.

Bondade é a qualidade do bem que se manifesta como gratidão por se poder ser e ter, pois, sabe que é por ter sido feito assim; e tem…, por lhe ter sido dado antes por Deus.

Desse modo, a bondade é…é…é…é…é…é!

A bondade não se enxerga.

Ela enxerga.

Por isto ela é para tudo aquilo que seus olhos vêem, aquilo que ela mesma é: bondade!

Paulo almejava que a consciência cristã crescesse para esse nível de compreensão.

A “oferta” era o pretexto objetivo que ilustrava a revelação da mecânica psicológica da bondade em fé. E de como gestos de graça operam sempre para elevar o nível da consciência humana, e remetem o indivíduo para aquele patamar de fé em Cristo, onde o que importa não é nada além de poder ainda aqui na terra se tornar um Ser Graças a Deus!

Ao invés das pessoas dizerem “graças a Deus” quando você vai…elas dizerem “graça a Deus” sempre que você aparece.

Nesse caso, você passa a ser a resposta à oração, a mão da misericórdia, o ouvido que ouve os silenciosamente envergonhados de dizerem quem são…e sua vida suscita gratidão a Deus em toda parte.

Seja você e seja eu—sejamos todos nós!

Seja um Ser Graças a Deus!

Graças a Deus, ele chegou…

Chegou o que é bom…

Graças a Deus por Jesus…o dom Inefável!

Caio


Escrito em 2003

Copacabana

RJ