PAULO E UM DESPACHO NA ESQUINA

No que diz respeito às coisas sacrificadas aos ídolos, já sabemos todos o seu significado.
Saber…apenas saber…incha o ser e nada mais.
Somente o amor edifica.
Desse modo, se alguém tem a pretensão de achar que sabe alguma coisa, de fato ainda não aprendeu como convém saber.
O verdadeiro conhecimento vem do amor, pois, se alguém ama a Deus, esse é conhecido por Deus.
Digo isto tudo porque eu sei que todos vocês sabem que comer coisas sacrificadas aos ídolos nada significa. Afinal, sabemos que o ídolo nada é no mundo, e que não há outro Deus, senão um só.
Ainda que haja muitos que se chamem de deuses e senhores ou que assim sejam chamados—seja no céu seja na terra—, todavia, para nós, há um só Deus, o Pai, de quem são todas as coisas e para quem nós vivemos; e um só Senhor, Jesus Cristo, pelo qual existem todas as coisas, e por ele nós também.
Mas isto é o que nós sabemos. Entretanto, nem todos têm esse conhecimento.
Isto digo porque há alguns que, acostumados até agora com a devoção ou temor do ídolo—como se o ídolo de fato tivesse poder—, comem coisas sacrificadas aos ídolos como se o ato de comer significasse algo espiritualmente significativo.
Desse modo, quando comem, sua consciência, sendo ainda fraca e ignorante, contaminam-se em razão do próprio significado que atribuem àquilo que, em si mesmo, não é nada.
As coisas ganham o significado que nossa consciência atribui a elas!
Todavia, não é a comida que nos há de recomendar a Deus; pois não ficamos piores se não comermos, nem ficamos melhores se comermos.
Portanto, não estamos falando do que é em si, mas daquilo que as coisas se tornam, em razão da projeção de valor à elas atribuído.
Desse modo, vejam atentamente que a liberdade de vocês—fruto do saber verdadeiro—, não venha a ser motivo de tropeço para os fracos.
Ou seja: para aqueles que ainda olham para a comida sacrificada ao ídolo ou para o próprio ídolo, como se a “coisa” tivesse em si algum valor ou poder.
Assim, se um desses supersticiosos vir você, que tem “ciência”, reclinado tranqüilamente comendo à volta de uma mesa num templo de um ídolo, poderá pensar que você está ali atribuindo culto e valor àquilo que para você não tem nenhum valor—e, assim, poderá ser induzido pela sua liberdade, a comer com a consciência fraca e supersticiosa as coisas sacrificadas aos ídolos…como se a sua presença ali avalizasse também o ato dele.

Não é, porventura, assim que “eles” interpretariam sua presença no lugar?

Desse modo, ironicamente, pelo saber e pela liberdade que você já adquiriu, alguém que ainda está na ignorância pode vir a sucumbir à superstição.

Assim, por causa da “ciência” que você possui alguém poderá perecer…aquele que é fraco, o teu irmão por quem Cristo morreu!

Ora, pecando assim contra os irmãos, e ferindo-lhes a consciência ainda débil e fraca, vocês estão pecando contra Cristo.

Dessa forma, o que se deve saber é o seguinte:

O ídolo não é nada para você em razão de você já saber que ele não é nada mesmo.
Sozinho você comer onde e o quê bem desejar—ou em companhia de pessoas maduras!

No entanto, se a comida fizer tropeçar a meu irmão, nunca mais comerei em sua presença nada que o faça tropeçar, isto porque não quero servir de tropeço à consciência fraca de meus irmãos…que ainda não discerniram a grandeza da liberdade que em Cristo eu tenho.

De minha parte não quero jamais induzir meu irmão ao engano simplesmente por não carregar em mim uma consciência que antes de tudo saiba saber no amor.