PENTECOSTE, FOGO, LÍNGUAS E PODER!

Jesus disse aos Seus discípulos que permanecessem na cidade até que do alto fossem revestidos de poder.

A cidade era Jerusalém. O poder viria no “centro do poder”, e mudaria o significado de poder para sempre, tirando-o das potestades da religião, e derramando-o como chama divina que, simbolicamente, pousou sobre suas cabeças, mas que, existencialmente, ‘de-fato’, lhes incendiou para sempre a mente e o coração.

Galileus falaram em outras línguas e a Babel dos Homens foi confundida pela capacidade do espírito de ser comunicar em qualquer língua.

Em Babel, as almas se separaram pela arrogância do intelecto. No Pentecoste mostrou-se o caminho da re-comunicação entre os homens: as línguas do espírito.

Os homens pensam, então, se separam. Não pensam—posto que orar no espírito não é pensar, mas o fluir do não pensar, que é o que é—, então, se entendem.

O que estou eu advogando? O não pensar? Ora, é claro que não. Estou falando é que o verdadeiro poder que se derramou no Pentecoste não é Pentecostal e nem Carismático, no sentido atual das palavras.

Ora, entre nós, quanto mais carismático, mas cismático será.

Lá era diferente. Era um carisma que se fazia entender. Esse era o poder.

As pessoas pensam que “Poder do Alto” é a capacidade de exercer poderes psíquicos. Ora, há milhões que têm poderes psíquicos, e até sabem como provocá-los em parte.

Jejuam mortificando as forças animais da carne, buscando poder espiritual, que, em geral, não tem nada de espiritual, posto que não vem da fonte do espírito, mas sim dos recursos da alma, e que são muitos.

Por isto é possível ver pessoas fazendo certas proezas psíquicas, e, certamente ficam mais aptas a o fazerem quando mortificam alguns desejos do corpo por um tempo, pois, por tais exercícios, a alma concentra sua energia, e quando a deflagra, ela se apresenta como “feito psíquico”, que com muita facilidade é confundido com um ato do espírito.

É verdade que quando se jejua em espírito, focando a mente no espírito como mente livre de qualquer coisa, mas apenas imersa em Deus, na maioria das vezes, além de se sentir um significativo aumento nas percepções, também se verifica que com muita freqüência muitos sinais e prodígios se realizam. Os fatos demonstram o que digo.

No entanto, o verdadeiro poder espiritual não é curar, nem operar milagres, mas sim se fazer entender num ato do espírito ungido pelo Espírito.

“Elas falavam em outras línguas… e todos os ouviam falar em suas próprias línguas maternas”.

E que ironia: os que não sabiam como se comunicar, num ato de imersão profunda em Deus, são acendidos em seus corações pela Chama Eterna; e, então, sem pensar, se fazem entender; e assim, sem esforço, chocam o mundo com o fato de que sua “embriagues”—santa perda de domínio da tirania absoluta do intelecto—, sua perda de “razão”, se torna em puro fenômeno de comunicação espiritual.

O Pentecoste ensina que os homens só se entenderão quando falarem a língua do espírito no Espírito. Antes disso, nada teremos.

Além disso, o Pentecoste nos ensina que a natureza essencial desse poder para testemunhar é ser capaz de se fazer entender, e de levar e ser levado pelo vento-fogo do Espírito até os berços de cada outro ser, posto que eles os ouviam falando em “suas línguas maternas”.

Só é possível se entender com o coração: com as línguas maternas.

No Pentecoste se descobre que a vocação de todo homem—o Espírito quer se derramar e se derrama sobre toda carne, sem discriminação—é se entender com os outros homens, e poder testemunhar no espírito a verdade que não se faz entender com o intelecto, mas sim com os discernimentos do coração.

É por isto que é blasfêmia se ficar falando do Espírito Santo enquanto tudo o de que tal falador se ocupa é de dividir os homens, mesmo que seja “em nome” de Jesus e do Espírito.

A presença do Espírito faz os homens se entenderem. Onde há entendimento espiritual, aí está o Espírito. Onde não há entendimento espiritual, aí há toda sorte de confusão e discórdia, ainda que os diabos falem todos em “línguas”.

Essas línguas do Espírito não são para se falar para fora, mas em-si e para-si mesmo. E é nesse falar que não raciocina, mas que se esvazia de todo raciocínio, e se entrega ao vento, que nasce esse poder que se faz entender. Entender-se a si mesmo, e entender os outros, ainda que não os compreendamos.

Ora, o que tal entendimento comunica não é algo condicional, mas sim o amor incondicional de Deus. Essa é a Boa Nova. Esse é o Poder. Esse é o Testemunho. Esse é o resultado: entendimento pelo espírito daquilo que nossos pensamentos apenas conseguem separar.

E a acerca disso não se precisa falar muito, nem dizer que “isto” existe como “poder”, basta apenas que se experimente isto, e, nem com tantas falas, todos perceberão não o que se quer dizer, mas sim o que é.

Só Espírito Santo pode fazer isto!

E Ele quer fazer isto sobre toda carne!


Caio