PERDÃO PELOS JULGAMENTOS
—–Original Message—–
From: PERDÃO PELOS JULGAMENTOS
Sent: quarta-feira, 3 de setembro de 2003
To: [email protected]
Subject: JULGUEI MUITO
Mensagem:
Prezado Pastor Caio:
Pensei um pouco antes de lhe escrever.
Confesso que fiquei confusa.
Sei que és um homem letrado, inteligente e vivido.
Por outro lado, tenho em mim ainda um sentimento dúbio em relação a você, em função do que aconteceu com você e sua família.
Fui bombardeada com informações e fofocas a seu respeito, de irmãos e pastores, que se indignaram com sua atitude de se separar, depois de tantos anos, e de tanto pregar sobre família, fidelidade e coisas mais.
Confesso que fiquei chocada, não conseguia mais ler seus livros, e tudo relacionado a você era para mim motivo de desconfiança, e até gracejo.
Venho agora pedir que me perdoe, pois é muito fácil julgar quando estamos de fora, vivendo no nosso mundinho “perfeito”.
Sou casada, cristã, e confesso já tive vontade de me separar várias vezes, por achar que vivia uma vida falsa, que não era minha.
Mas ainda existe amor em mim, amo meu marido.
Posso não amar de todo a vida que levo, mas o amo.
Se um dia isso acabar, vou preferir deixá-lo viver sua vida em paz, para não sofrer.
Quero ser cristã, mas também quero ser normal.
Quero viver para Deus, mas quero ser eu mesma, sem pré julgamentos, preconceitos ou excesso de santidade.
Viver a vida em novidade, sem deixar de buscar a Deus, com maturidade, que ainda não posso dizer que alcancei (nem de longe, por sinal).
Termino, aqui, pedindo perdão pelos pensamentos ruins, pelas palavras lançadas ao vento, sem conhecimento de causa, pela desconfiança, exatamente por desconhecer, pelo pré-julgamento pré-conceituoso e maldoso.
Não se pode falar do que não se sabe.
Ninguém conhece ninguém, só Deus sabe de nós.
Perdão.
Obrigada.
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Resposta:
Querida irmã no Graça de Deus: Peço perdão pela demora na resposta!
Ando correndo muito, e aqui no site há ainda mais uns dois e quinhentos e-mails para responder.
E todo dia chegam mais, e mais…
Com relação à sua Carta, digo-lhe: Fique na Paz!
Essas coisas são boas, pois ajudam a gente a se enxergar—mesmo que seja vendo o outro como uma caricatura!
Uma “Figura Pública” não existe. Ela é apenas projeção. Funciona como um espelho que reflete a quem vê; ou seja: revela mais o “contemplador” que o “contemplado”.
Não é pessoa que se vê, é tão somente a persona!
Por isto, nunca me entristeci com o que os que estavam distantes pensaram, falaram ou julgaram.
Minha dor veio dos que estavam “perto”, que haviam andado comigo anos, que comiam à minha mesa, que viajam nas minhas viagens, que morcegavam nas minhas costas, que se alimentavam do que me solicitavam, que me beijavam o rosto com intimidade, que sabiam quem eu era, que tinham o meu telefone, que foram objeto de “informações” dadas por mim, mas preferiram “criar” as suas próprias…
Isso para não falar que eles e milhares sabem o quanto, em circunstâncias idênticas ou mais complicadas, eu lhes fora amigo, abrigo e de total discrição e confiança. Ora, não estava esperando nada disso. Só não esperava era eles se alegrassem com meu mal; e que, saiba, não doeu em NINGUÉM—digo: ninguém—tanto quanto doeu em mim.
Esses me magoaram!
Mas já não magoam mais!
Tive que admitir que estava magoado e tive que chamar alguns no “cara-a-cara” a fim de desopilar a minha própria alma.
É verdade que nem todos foram “chamados” para esse “papo-frontal”, mas aqueles que “chamei” e os que “sacudi”, cumpriram um papel desopilante para a minha alma; assim como espero que meus “solavancos” tenham sido “terapêuticos” para eles também.
No mais, todo mundo cresceu.
Eu, os envolvidos diretamente nas tristezas, os “amigos”, os “inimigos”, o povo cristão, a “igreja”, a Igreja, e até os principados e potestades, como diz Paulo, tiveram que aprender a “sabedoria da Graça” com tudo o que aconteceu.
Uns aprenderam para o mal.
Outros para o bem.
Mas Deus cumpriu e está cumprindo os Seus propósitos maiores.
Nada há melhor do que saber que se é Dele; e que tudo, ao final, contribui para o bem dos que O amam.
Sobre meus livros acerca do tema “família”, sinceramente, não me arrependo de nenhum deles. Recomendo-os todos!
Neles duas coisas estão presentes: a) as coisas que a Palavra ensina; b) as coisas que cri e pratiquei, e que são as que ensino até hoje—só que com muito mais conhecimento de causa.
Daí você nunca ter lido um livro meu acerca de “Como Conseguir Relacionamento Extra-conjugal Sadio”. Nem de “Como Sofrer em Silêncio na Vida Conjugal”.
E o único livro que escrevi sobre “homem-mulher” foi um comentário de Cantares—portanto, da Palavra.
E mais: escrevi aquele livro em 1985 numa vazão de minhas frustrações e idealizações—todas fundadas na Palavra, embora revelassem minha frustração e meu desejo de que o que eu via como “proposta” não fossem o que eu, como homem adulto e consciente, vivesse como “resposta” na vida conjugal; especialmente porque eu sabia o que uma “vida conjugal” poderia ser. E mais ainda: é um livro muito bom, ao qual tenho apenas mais coisas a acrescentar.
Aliás, meus livros sobre “família”—conquanto nenhum deles tenha sido “escrito”, foram apenas falados e transcritos—, são bons e práticos, fundados na realidade da Palavra e da vida; e seus princípios me ajudaram muitos anos a não cair em laços; e, posteriormente, foram os princípios que ali estão que me ajudaram a crer que tragédias familiares não significam nada além de tragédias familiares, conforme a Bíblia toda ensina; e ainda de acordo, por exemplo, com meu livro “Sombras e Luzes”.
Parece que falo seu “modéstia”. Mas é que não me sinto mais na obrigação de dizer que não acho bom o que é bom, mesmo que tenha sido produzido pela Graça de Deus em mim.
No fim, tudo é Graça, e ninguém tem nada que não tenha recebido!
Espero um dia receber sua visita. Sua e de sua família.
O endereço do Café está no site.
Recebe meu carinho.
Nele,
Caio