PERDER A HORA
27/12/03
Perdi a hora…
Fato assustador.
Acordar em dívida.
Abrir os olhos para o que já não é.
Saltar para chegar onde não se pode ir.
Despertar para a impossibilidade total.
Correr, correr, correr…
Apenas porque o coração é fiel ao compromisso, embora a mente queira se esmurrar.
Assim é quando você perde a hora…
Perdi a hora.
Este mês já é a terceira vez.
Na primeira um amigo me esperou às 8 para um café da manhã para o qual eu só despertei às 9. Meu celular—que também uso como despertador—tocou, e muito, eu só havia esquecido de mudá-lo para outro mode, do silencioso para o estridente “volume 5”, muito alto, como diz o próprio computador do celular.
Da outra vez foi um atendimento a uma pessoa. Ela só poderia às 8 da manhã, agora, nas festas natalinas. Dormi às 5 da manhã. Chequei o despertador. Estava tudo certo, inclusive o mode, no volume máximo. Mas esqueci de desligá-lo, para economizar a fraca bateria, e ela de fraca que estava, e esgotou-se; não havendo despertar.
Graças a Deus o compromisso era na esquina de casa. A pessoa chegou, esperou, e ligou pra minha casa. Um susto!
Hoje eu estava de mala e cuia prontos.
Dormi tarde.
De fato estava sem sono…
Pensei muito…
Dormi quase como aquele que diz: “Vai ser apenas um cochilo”. Às 7 eu tinha que sair para o aeroporto—que fica longe de casa—pois às 10 horas meu vôo saía…
Um salto!
Um sufoco!
Perdi a hora.
Fato aflitivo.
Acordei devendo.
Abri os olhos para o que já não era.
Saltei para chegar onde não já não poderia.
Despertei para a impossibilidade.
Corri, corri, corri.
Cheguei a me arrumar.
Apenas porque o coração é fiel ao compromisso, embora a mente queira se esmurrar.
Assim é quando você perde a hora…
É horrível perder a hora quando alguém chegou na hora.
É horrível perder a hora quando a hora deixa você pra trás.
Aviões não esperam…
Nessas horas perdidas eu nunca tento espiritaulizar nada, como alguns fazem.
Se eu estava sendo salvo do que não sabia, não sei. Só sei que enquanto não souber, o que aconteceu é que eu perdi a hora.
Não dá nem pra colocar a culpa no pobre do despertador.
A responsabilidade é de quem tem que despertar!
A responsabilidade é minha, não do despertador!
Já avisei meus amigos do Recife.
Eles já me acalmaram dizendo que sairei logo mais, e que chagarei lá à noite.
Ufá! Ainda bem!
Não prejudicarei ninguém, se Deus permitir, e estarei lá conforme o planejado, e poderei pregar nos três cultos do domingo.
Que ruim ter perdido a hora.
Que bom que há uma outra hora.
Que bom que nem todas as horas perdidas significam compromissos perdidos também.
De fato, chegarei atrasado na cidade, mas muito antes dos compromissos marcados para domingo, o dia todo.
Meu Senhor nunca perdeu hora nenhuma.
“É chegada a hora”—disse Ele depois de muito ter dito: “Não é chegada a hora”.
O mais fascinante é quando Ele diz: “A hora vem, e já chegou…”
Isso acontece quando Ele ensina que a hora já é para alguns, embora ainda não seja para todos.
Em Cristo é assim. Para quem está Nele a hora já chegou pela revelação do Espírito. Para quem não está Nele, a hora que já chegou só se fará reconhecer quando se tornar um fato inescusável aos sentidos.
Acho que vou providenciar um despertador parrudo, e que grite quando tocar: “Desperta, ó tu que dormes!”
Como dizia alguém quando indagado acerca das histórias que contava, “eu não sei como é que foi; só sei que foi assim”.
Mas que eu perdi a hora!? Ah, sim! eu perdi…
E não é boa a sensação.
Mas tem gente que se acostuma com isso.
Faz disso um rito.
Que bom! Enquanto estava escrevendo as linhas anteriores fui interrompido. Saio daqui às 19:25 e chego ainda hoje, sábado, ao Recife.
Se o avião não cair, irmãos, eu chego aí!
É uma versão atualizada do “se a canoa não virar, olê, olê, olá, eu chego lá”.
Com Cristo barco ou no avião tudo vai muito bem, e passa…
Caio